quinta-feira, 29 de março de 2018

A Vida é um acontecimento sem alguém

Você não pode fazer destas falas uma coleção de palestras, uma coleção de conversações, acreditando que, através do estudo dessa coleção, você possa vir a realizar a Verdade.
A primeira coisa, aqui, é abandonar todo tipo de fantasia, toda ilusão, inclusive a ilusão de se obter esse Estado (que não é bem um estado). Esse Estado, que em nossos tempos modernos é conhecido por Iluminação, não é algo a ser alcançado. Isso não ocorrerá em 3 meses, em 24 meses ou em 40 anos. Essa Realidade de Ser, que chamamos de Estado Natural, não é algo no tempo. Contudo, como você está “vivendo” dentro desse sonho de tempo e espaço, é preciso encarar isso, sim, como um trabalho, o qual lida com o tempo e com o espaço. Sem dúvida, o assentar nesse Estado Natural é o resultado de um trabalho.
Para alguns leva mais ou menos tempo que para outros, mas não existe nenhum método rápido. Não existe nenhum sistema ou prática que possa conduzir você até este momento, até este instante. Quando falo de Autorrealização ou deste Estado Natural, estou falando da rendição desse falso “eu”, do fim da ilusão desse falso “eu”. Assim, o único propósito – se é que podemos usar esta palavra – deste encontro é investigar a natureza ilusória do falso “eu”. Não vamos construir a Verdade através de um método ou sistema ultrarrápido. Aqui, nós estamos investigando a ilusão desse sentido de alguém presente se separando do mundo, da vida, da experiência.
Quando você era criança, ainda numa idade precoce, você era encorajado a se identificar com o personagem associado ao nome que deram a esse corpo. Começaram a chamar esse corpo por um nome e, a partir daquele momento, o cérebro associou o nome ao corpo, o que lhe deu a crença da existência de uma identidade dentro dele. Veja como é simples isso! Quando olharam para esse corpo e o chamaram de Maria, o cérebro aí associou a palavra Maria a esse corpo, e o pensamento imaginou uma entidade presente. Assim surgiu essa ilusão; a ilusão da pessoa que tem um nome. Então, tudo que começou a acontecer em volta desse mecanismo biológico parecia confirmar que aquilo estava acontecendo a Maria. Então, “Maria” estava nessa experimentação, o que é pura imaginação, uma grande mágica nesse teatro divino; e o mágico está oculto.
Há supostas entidades presentes na experiência que denominamos vida. Os personagens parecem crescer, mas não há nenhum personagem ali; há só mecanismos biológicos crescendo, apresentando certas características, habilidades e funções – algumas puramente biológicas e outras mecânicas. Tratam-se apenas de máquinas vivas, máquinas biológicas.
Você, agora mesmo, não está aqui ouvindo. Isso é só um processo, uma função, uma característica, uma habilidade mecânica e biológica dessa estrutura, para a qual inventaram um nome. Aquilo que você chama de “eu” é uma ficção. Não tem ninguém aí! Só há um mecanismo respondendo de forma fisiológica, sensorial e mecânica aos estímulos “internos” e “externos”.
Então, quando você vem parar nesse espaço chamado Satsang, é hora de acordar. Agora você compreende qual o significado da palavra “acordar”. Acordar, aqui, significa ver este jogo — não intelectualmente, mas diretamente; ver que não tem alguém presente aqui e agora. A Vida é um acontecimento sem alguém. Chega um momento em que tudo está acontecendo, mas sem a ilusão de um experimentador; isso é Iluminação! Tudo fica definitivamente assentado como Realidade, como Verdade, e você é Paz, Amor, Liberdade e Felicidade. Não há mais sofrimento, porque não há mais ilusão, não há mais sono.
Assim, se não há mais separação entre “eu e a vida”, “eu e o mundo”, “eu e Deus”, não há mais medo, não há mais passado nem futuro. Isso é o desmantelamento total de todas as falsas certezas e seguranças, de todas as crenças e condicionamentos; é o Despertar da Sabedoria, a Realização de Deus! Então, a Verdade que está presente aflora! É estranhamente familiar a clareza, a sensação, a percepção de que sempre fomos Isso!
Portanto, isso não é uma ação no tempo; é o fim do tempo! Não se preocupe com o tempo; ele é só uma preocupação do pensamento. Não há tempo para isso que Você É; não há tempo para esse desmantelamento de suas crenças, o que eu chamo de colapso da ilusão. Essa Consciência, essa Presença, esse Ser, que não é esse mecanismo com um nome, com uma história, com seu antigo modelo programado, agora está presente como Pura Inteligência, Pura Liberdade, Pura Realidade.
As características, tipo e jeito de ser de cada um não estão ligados ao Ser, à Essência. Esse Ser, que é Consciência, que é Presença, é “algo” completamente “sem jeito”. A Realidade desse Ser é indefinível, inefável, inominável, indescritível, literalmente “sem jeito”.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 22 de Janeiro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

segunda-feira, 26 de março de 2018

Existe apenas uma Natureza presente

Você, em sua Natureza Real, não é uma entidade separada, não é uma pessoa. Você é essa Onisciência, essa Onipotência, essa Onipresença. Eu falo de sua Natureza Real! A mente, o corpo e suas experiências… nada disso é você! As experiências da mente e do corpo são experiências da Natureza. Mesmo a ideia da presença de um mundo também é só uma crença. Você descobrirá que não existe nenhum mundo, nenhum universo; existe apenas uma Natureza presente, que é só uma expressão dessa Onipresença, dessa Onipotência, dessa Onisciência. Isso não é pessoal!
Essa é uma visão clara dessa Realidade, que está além do nome, da forma, do corpo, da mente e do mundo. A experiência “mundo” é uma experiência “corpo-mente”, que é natural, existencial, mas não é pessoal. Eu sei que isso o destrona como uma entidade presente, tira esse “você” do seu reinado. A princípio, isso é muito desesperador, porque todos os seus desejos e sonhos, todos os seus projetos, não têm qualquer importância real, porque são só imaginações, e nada disso está acontecendo para “alguém”. Tudo aquilo que você vive, quando se refere a si mesmo como o corpo e a mente, é algo que acontece de uma forma natural, mas não está acontecendo para você em sua Verdadeira Natureza, para esse Você Real.
Nesse momento, por exemplo, existe a experiência “corpo” neste ouvir e neste falar, mas não há “alguém” ouvindo ou falando. Isso é bastante engraçado… Se você se reconhece nesse Você Real, em sua Verdadeira Natureza, você descobre que é esse Imperecível Ser, essa Imutável Presença, essa Indescritível Consciência. Portanto, você nunca nasceu nem nunca morrerá. Tudo é essa Consciência, tudo é esse Ser!
Quando esse sentido do “eu” – preso a experiências, sentimentos, emoções e sensações – desaparece, o sentido ilusório de “pessoa” desaparece. Quando eu falo isso, as pessoas acreditam que serão completamente aniquiladas. De certa forma, elas estão certas! Mas, na verdade, elas não serão aniquiladas… Elas nem existem! Haverá apenas a constatação de que nunca houve pessoas presentes; de que não há pessoas!
Nessa Realização, você descobre que nunca esteve aí como uma entidade separada. Assim, você não é aniquilado; você, simplesmente, não é real! No entanto, há Algo presente quando esse “você”, que você acredita ser, não está; e esse “Algo” é indescritível! Você é sempre Isso (a palavra “sempre” também não é adequada). Você é Isso que é anterior ao tempo, Pura Inteligência, Pura Graça, Pura Beleza, Pura Verdade, Pura Felicidade (não teoricamente, não conceitualmente, não verbalmente). Apreender o significado Disso é Iluminação, é Liberação.
Aquilo que o traz a esse espaço é esse anelo pela Verdade, que é essa própria Presença, que é Onisciência, que é Onipotência. É um chamado da Graça para a Graça. Aqui, essa noção tão comum a todos, de verdade e ilusão, bem e mal, divino e profano, certo e errado, do que é e o que não é, todo esse fenômeno de contraste, vai perdendo completamente a importância, porque isso está ligado à mente, àquilo que a mente conhece. Essa dualidade é muito importante para o sonho, no qual você é muito importante!
Quando você acorda pela manhã, você não dá mais importância nenhuma ao sonho que teve à noite, certo? Era só um sonho, e tudo aquilo desapareceu! Bastou você acordar para perceber que aquilo só estava em sua cabeça. Da mesma forma, você realiza essa constatação da ilusão “ego-eu-mim-pessoa”. Quando esse sonho termina, tudo isso termina.
Essa ilusão é só o modo como o pensamento representa aquilo que acontece. A questão é que você passou muito tempo – e ainda está – preso a esse modelo. Você se confunde com esses pensamentos, com a ideia desse experimentador na experiência “corpo-mente-mundo”. Então, o mundo passa a ser real para esse “alguém” dentro do corpo. Isso está dentro desse sonho “eu-ego”.
Esse espaço chamado Satsang é um convite para a Liberação. A Liberação é o fim dessa ilusão! Isso significa esse Silêncio não dual, o fim do sentido de um “eu” presente, o fim desse “seu mundo”. A vida continua seguindo, tudo continua acontecendo como tem acontecido desde sempre — já está acontecendo sem você, mas você acredita que está nisso. Quando não há mais essa ilusão de você presente nisso, o sofrimento termina. Todos os seus problemas estão nessa base chamada “você”, que é essa ilusão de ser alguém. Então, o seu problema é uma ilusão. Quando você vai além desse “você”, fica somente esse Você Real, que não é um “você” pessoal, particular.
Portanto, fica aqui esse convite para trabalharmos isso. A única coisa que você está aqui para fazer é isso. Você não tem mais nada a fazer nesse mundo!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 26 de Agosto de 2016 (2ª parte) – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

sexta-feira, 23 de março de 2018

O que é a Realização?

Em Satsang, nós estamos investigando a natureza ilusória do “eu”. Você nunca duvida da verdade dessa pessoa que você acredita ser, desse “eu”. A sua crença é a de que ele tem um nome e uma forma. Mas o que é, basicamente, esse “eu”? Quando os pensamentos aparecem, você nunca questiona a verdade deles, ou para quem esses pensamentos estão acontecendo. Você nunca se importa em buscar a fonte desses pensamentos, em encontrar a origem deles. Você nunca, ou quase nunca, se pergunta: “O que é esse movimento interno de pensamentos acontecendo? Afinal, o que isso significa? Para quem isso ocorre?” A ideia é que esse “eu” é aquele para quem isso ocorre, então, você se refere a si mesmo como esse “eu” - esse é o primeiro pronome que se aprende.
Repare que a criança muito pequena não começa tratando dela mesma como um “eu”; ela chama o corpo pelo próprio nome. Ela diz, por exemplo: “Manuela gosta disso”, “Manuela não quer isso”… É como se ela tivesse uma clara percepção de que está tratando com uma terceira pessoa, quando se refere a si mesma. Todas as crianças são assim! Aí, elas vão crescendo e descobrem – ou melhor, passam a acreditar – que são um “eu”, uma entidade presente, uma entidade separada, com um corpo e um nome. Aí, começam a referir-se a si mesmas como “eu”, e não falam mais de si mesmas na terceira pessoa. Vocês todos podem observar isso em qualquer criança; você também era assim.
Assim, na verdade, ver-se como uma entidade separada, como uma pessoa, como um “eu”, é um condicionamento. Depois que você se vê como esse “eu”, você aprende tudo aquilo que acontece a ele: cada sentimento, emoção, tristeza, doença, o “estar bem”, o “estar mal”… Então, você sempre diz: “Sinto-me triste”, “Sinto-me alegre”, “Sinto-me mal”, “Sinto-me bem”, “Eu estou com dor”, “A minha cabeça dói”, “A minha perna dói”, “O meu coração dói”, “eu estou deprimido”, “Eu estou feliz”… Reparem que é sempre esse “eu” presente.
Se você descobrir para quem isso acontece, você descobrirá a natureza ilusória desse sentido de alguém na experiência. Então, você realizará a constatação dessa Liberdade, que é a sua Natureza Divina, que é a sua Natureza Real. Você jamais dirá novamente: “Estou triste”, “Estou alegre”, “Estou doente”, “Estou pobre”, “Estou rico”, “Estou morrendo”. Portanto, se a ilusão desse “eu” na experiência some, fica só a experiência, que acontece em absoluta Liberdade. Não há conflito na experiência! O conflito está na dualidade existente entre esse sentido de um “eu” presente e a própria experiência, o próprio acontecimento, o próprio evento, incidente, acidente, a própria emoção, o próprio sentimento, o próprio pensamento.
A dualidade é a base do conflito, que é a base do sofrimento, que é a base do medo. A Realização é a constatação da natureza ilusória da existência de alguém nessa experiência do viver. A Vida é aquilo que acontece, e Ela não está acontecendo para alguém. Isso é Liberação! Quando essa Liberação está, então Deus, a Verdade, a Felicidade, o Amor, a Liberdade e a Sabedoria estão, porque não há mais ilusão. Assim, encontre para quem isso acontece; descubra se realmente existe esse “eu”. Você fará uma grande descoberta! Você descobrirá que esse “eu” nunca existiu; que você, de fato, nunca existiu; que não existe tal coisa como “você”, “ele” ou “ela”. “Ele”, “ela” e “você” nunca nasceram! Por nunca terem nascido, não podem morrer!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 26 de Agosto de 2016 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 20 de março de 2018

A Verdadeira Felicidade é Ser

O fato é que eu não comunico outra coisa a não ser Aquilo que Você É. Então, isso está impregnado de um poder muito real. Eu trago você para você; eu lhe dou de presente a si mesmo; eu lhe trago o perfume de sua Real Identidade, que é Felicidade, que é Amor, que é Paz, que é Completude, onde não falta nada.
Você pergunta: “Onde tem alguém vivendo Isso?” Não pode ter “alguém” vivendo Isso! Isso só pode estar presente quando não há “alguém”, que é quando não há mais busca. Por isso que você não encontra Isso na filosofia, na religião, nas práticas espirituais… Isso não está em nenhuma prática; Isso está quando “você” não está. Isso é o final das práticas, o final da busca de virtudes, de melhoramento pessoal, de evolução… Isso é a ausência do ego, a ausência do “mim”, do “eu”.
Assim, é claro que isso — como a única “Coisa” Real — não pode ser comparado a nada, porque nada se compara a Isso! Você não pode substituir Isso por nada, porque nada pode substituir Isso! Portanto, você não pode pensar, criar ideias, sobre Isso, ou tentar comparar Isso a relacionamentos humanos, a realizações do lado de fora. Você não pode colocar Isso paralelamente a essas outras coisas. Tudo isso tem que desaparecer! Você tem que sacrificar tudo por Isso, por essa Realização, por essa Presença presente, que é Consciência, que é Realidade, que é Verdade.
A verdadeira Felicidade é Ser Isso! Não se trata de buscar soluções, porque não há problemas a serem resolvidos. Quando você para de ir para fora, quando você para de buscar algo lá, os problemas desaparecem, porque não tem mais “você”. Então, a Felicidade, que estava envergonhada por ter sido substituída por desejos e conquistas, volta, aparece de novo; aí o Amor, que você tinha tentado substituir por ligações prazerosas com o sexo oposto ou com o sexo em comum, volta; deixa o esconderijo e volta para você. Com a Paz é a mesma coisa: Ela, que tinha ficado envergonhada e se escondido, porque você estava amando o conflito, amando brigar, incompreender, opinar, criar discussões, volta e toma o lugar Dela; o Amor toma o lugar que foi sempre Dele; a Felicidade volta para casa… Isso é Iluminação! A Sabedoria, que também tinha se escondido por causa de suas ações baseadas no pensamento, e, portanto, estúpidas, volta; e volta trazendo Compaixão, Beleza, Verdade, Clareza, Sinceridade, Honestidade.
A Verdade não é um dogma, não é um credo. A Verdade é uma Realização, é o Florescer de Cristo, é o Florescer de Deus — você florescendo como Deus, como Cristo. Então, a sua fala é a sua própria mensagem, e não uma mensagem emprestada da teologia, dos livros sagrados, dos Sutras, dos Upanishads, dos Vedas, do Alcorão, da Bíblia… É a sua mensagem, porque é a sua Realização. Por isso Jesus disse: “Brilhe a vossa luz!”. É a sua luz que tem que brilhar, não é a minha. Não fique falando da minha luz; faça a sua brilhar!
Quando você realiza o Cristo, você é o Cristo! Não falo do carpinteiro de Nazaré. Ninguém pode ser o carpinteiro de Nazaré, o personagem histórico que andou pelas praias da Galileia. Krishna e Buda foram únicos também. Esse não é o tempo deles, é o seu tempo. Pare de falar deles e fale de Você, de sua Compaixão, de seu Amor, de sua Verdade, de sua Sabedoria, de sua Autenticidade. Fale de Si; desse “Si” que é esse “Eu Sou”.
Você não precisa citar ninguém para dar autenticidade à sua voz, para dar verdade à sua fala. Seu Ser é a autenticidade da sua voz e também do seu silêncio. Quando você é real, tudo fica real: a sua fala, o seu silêncio, seus movimentos, seus gestos, seu fazer, seu não fazer… Tudo que vem de você, em seu Ser, é real.
Quando você reivindica para si a autoridade de dizer a partir do seu Ser, ou você é um louco, ou você é um Sábio. Sem nenhuma colaboração, sem nenhuma ajuda, sem nenhum apoio acadêmico, filosófico, espiritualista, ou você fala como um louco, ou como um Sábio.
Então, eu não sei em qual categoria eu me enquadro, mas que é divertido, é.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro presencial na cidade de Campos do Jordão, no Ramanashram Gualberto, em Julho de 2017. Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

sábado, 17 de março de 2018

A Verdade não é fruto do conhecimento, é fruto do Amor!

A Verdade É! Nada pode ser dito sobre a Verdade, e o que for dito não será a Verdade, irá falsificá-la. A Verdade é algo que não necessita de nenhuma explicação ou explanação, e você não está aqui para ouvir sobre Ela. A Verdade é “algo” que é você. Não se trata do que você alcança entendendo isso, intelectualmente, e, portanto, não precisa ouvir bastante sobre isso e depois tirar alguma conclusão. Isso não é como uma matéria escolar, que você estuda por algum tempo, aprende e depois fica sabendo, nem é algo para você ficar sabendo. Quem estuda muito isso, torna-se um “professor advaita”, mas a Verdade não é advaita (não-dual) nem dvaita (dual); Ela está além de ambas.
Hoje em dia, nós temos muita gente ensinando advaita ‒ são os professores da não-dualidade. Nós não tratamos disso aqui; não estamos dando explicações, nem fazemos explanações sobre a Verdade, porque isso já não seria a Verdade. A Verdade é incomunicável! Satsang não é um espaço de ensino. Se você está em algum espaço chamado “Satsang” e o que é ensinado é advaita, você não está em Satsang, mas sim numa sala de aula. Repare no que nós estamos colocando para você: a Verdade não é comunicável; você está Nela. Você não pode Ser sem Ela.
Então, a gente não aprende a Verdade. Essa é a beleza de estar em Satsang. Diante de um Satsang real, você é despertado para a Verdade, não é ensinado sobre Isso. Não existe nenhum caminho para a Verdade. Existe, sim, a possibilidade de se reconhecer como a Verdade, mas não há nenhum caminho para Ela; isso não é uma realização externa. Posso dizer que Ela pode ser sentida, mas não explicada. Você pode estar presente Nela, mas Ela não pode vir de fora para você, como um conhecimento externo, um aprendizado; é, antes, uma constatação direta, interna e não um aprendizado externo.
Todos acompanham isso?
A Verdade não é algo que você pode segurar em sua mão, mostrar para alguém e dizer: “Olhe, está aqui”. Não é assim. Você pode sentir e viver Isso, mergulhar Nisso, porque Isso está aí como sua Natureza Verdadeira, mas não há nenhum caminho externo para Isso. Talvez haja um único caminho, que é o Amor. O Amor é o caminho direto para a Verdade, e a devoção à Verdade é o caminho direto para essa Constatação presente, aqui e agora ‒ a Verdade do Ser, de Deus; a real Beleza, Graça e Felicidade. Você está pronto para isso ou ainda quer muita coisa lá fora? Você ainda quer ver muita coisa do lado de fora ou conhecer essa única “Coisa” do lado de dentro? Essa é uma noite de constatação Disso; um momento de encontro com o caminho do Amor, da Realidade, da Felicidade.
Não se trata de um conhecimento, pois ele é um tipo de ignorância, não é a Verdade. A palavra “ignorância” tem dois aspectos interessantes: existe uma Ignorância de grande beleza e outra de tremenda estupidez; são dois aspectos da “ignorância”, tornando essa palavra bastante interessante. Quando você vem a Satsang, eu lhe ofereço um tipo de Ignorância, que é aquela de grande beleza.
O primeiro tipo de ignorância, que é a de grande estupidez, é a ignorância do conhecimento; essa não vai lhe revelar a Verdade, jamais! Então, você vai estudar todos os livros do mundo, sobre os assuntos mais diversos, e irá se tornar uma pessoa muito culta, instruída, mas, na verdade, será uma pessoa presa à ignorância estúpida, que é a ignorância do conhecimento. Alguém assim terá que desaprender tudo isso para constatar a Verdade dentro de si mesmo. Quando você vem a Satsang, eu lhe ofereço um outro tipo de ignorância, que é a de grande beleza; essa é a Ignorância de não saber, de puramente Ser. Então, a Verdade se revela na beleza dessa Ignorância.
O Sábio é aquele que não sabe. Ele carrega essa inocente Ignorância de não saber, ficando simplesmente a Verdade presente, e não o conhecimento. Enquanto isso, o homem erudito, culto, de grande saber, carrega essa estúpida ignorância de não saber quem é ele mesmo; conhece os grandes mistérios do universo, material e espiritual, mas não sabe quem ele é. Saber quem você é não requer conhecimento, requer essa Natural Ignorância de não saber, de puramente Ser.
O que estou dizendo é que a Verdade não pode ser ignorada por Aquele que simplesmente É, que vive em seu puro Ser; não há ignorância para Ele. Então, a Verdade não pode ser ignorada. Krishnamurti era um Sábio que vivia essa Ignorância, na qual a Verdade não pode ser ignorada. Todo ser realizado é um só e o mesmo Ser; não há diferença entre Ramana Maharshi, Krishnamurti, Osho ou qualquer outro. A Verdade é algo sempre presente, e não pode ser ignorada. O homem culto está perdido em teorias, dogmas, escrituras e muitos livros. O Sábio está mergulhado em seu próprio Ser e não está perdido, porque Ele simplesmente “não está”, para poder se perder. Quando você “está”, você se perde. Alguém na floresta pode se perder, mas, se não há ninguém na floresta, não há como se perder. Está simples isso?
A Verdade não é fruto do conhecimento, é fruto do Amor. O único caminho é o caminho do Amor, e assim você se torna Um com o Amado. Então, a Verdade é sentida, não é explicável, é uma experiência de Deus. O que quer que seja dito sobre a Verdade, não é a Verdade. Você tem que sentir Isso, desaparecer Nisso, pois não existe nenhuma forma Disso ser expresso em palavras. Você não pode segurar, aprender e ensinar Isso. Você pode viver Isso somente aqui e agora.
Então, o Guru não é um professor. Ele é um transbordamento de sua própria Natureza Divina, que é a Natureza daqueles que estão à sua volta ‒ é o mesmo Ser, a mesma Verdade. É por isso que aqueles que conhecem a Verdade sabem que a Psicologia, a Filosofia, a Espiritualidade e as ciências ocultas não podem ajudar. Aqueles que, verdadeiramente, realizaram Isso, estão assentados Nisso, na sua Natureza Verdadeira, e sabem que nada disso pode ajudar.
Vou dizer só mais uma última coisa: quanto mais você tenta aprender, estudar, pesquisar, ler, ouvir sobre Isso, mais você dorme. Todo esse esforço é completamente inútil e, na realidade, é um forte aliado da “mente egoica”, para que tudo continue na mesma; é apenas mais um pouquinho de instrução e controle (o que, na verdade, o ego adora), porque você não pode realizar Isso pelo lado de fora. Você não pode realizar Isso, como se Isso viesse para você, de fora para dentro; não é uma conquista, uma realização do “eu”, que é a mais estúpida ignorância ‒ a forma comum da ignorância aprendida, da qual o ego muito se orgulha, se envaidece.
Não está havendo um Despertar da humanidade; isso é conversa de alguns. Está havendo uma proliferação do conhecimento da espiritualidade, ou seja, a proliferação dessa ignorância atrelada ao conhecimento da espiritualidade. Não está havendo o Despertar da humanidade, está havendo, sim, o Despertar de alguns, desses ou daqueles, que estão prontos para atender a esse chamado, nesse momento, para o reconhecimento de sua Verdadeira Natureza, da Verdade do puro Ser, dessa bela Ignorância do não saber, a ignorância do Sábio.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 31 de Janeiro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Seu único problema é ser "alguém"

Nesses encontros, estamos trabalhando a questão do único problema. Basicamente, que problema é esse? Esse singular problema que todos enfrentam é a ideia de um mundo externo, no qual um “eu” está vivendo, o que é somente uma ideia do pensamento. Então, todos os problemas se resumem a um único problema. A mente produz esse mundo e vai em busca dele. Esse é, basicamente, o único problema do ser humano, e é imaginário — a ideia de um mundo do lado de fora para um “eu” do lado de dentro do corpo.
Tudo que você faz aumenta seus anos de prisão nessa ilusão, e tem sido assim por todo esse tempo, até que, num belo dia, você chega em Satsang. Você está em Satsang porque este é o seu tempo para compreender isso. Todo o seu sofrimento está dentro dessa ilusão. Então, todos os seus problemas são, basicamente, um único problema, que é a ilusão desse “você” que a mente diz que está aí.
Você nasceu para viver como Deus. É disso que tratamos em Satsang. Não pense sobre isso, não nos termos de uma entidade separada no tempo e no espaço; não é isso que estou dizendo. Uma entidade separada vivendo no tempo e no espaço, tendo um corpo e vivendo nele, não está vivendo como Deus, mas como a ilusão de ser alguém dentro do corpo, em uma experiência pessoal. Na Índia, chamam de Bhagavan aquele que vive como Deus, que está Desperto em vida. Para a mente egoica, Ele é aparentemente uma pessoa, alguém, um novo ser, que dorme, acorda, vai ao banheiro, é casado, ou solteiro, tem uma vida social… mas é assim somente para aquele que vê do lado de fora e isso não tem nada a ver com a sua Real Natureza.
Você é a Consciência, não está preso a essa experiência do corpo, a não ser que a mente diga que você está dentro do corpo e, assim, você se vê dessa forma, dentro dessa limitação do tempo e de espaço, num corpo. O que estou dizendo é que ninguém pode forçar você a viver essa ilusão de sofrimento. Nada na vida pode forçar você a sofrer, mas, se quiser acreditar, por exemplo, no que anda acontecendo na política brasileira, ou com os políticos brasileiros, você terá problemas. Então, nada está acontecendo, de fato, que seja mais que um sonho, porém, se você acredita no sonho, você leva tudo para o “pessoal”, que é o sentido dessa entidade ilusória vivendo no tempo e no espaço. É assim, também, com uma história de família.
Você é Deus, é Consciência, é essa Presença! Você é sua Verdadeira Natureza! Quando esse movimento da mente para, a Consciência, essa Verdade, floresce. Portanto, essa mente egoica tem que parar; essa confusão dessa identidade tem que terminar.
A mente vive criando desejos e dizendo: “Eu necessito de mais… mais isso, mais aquilo, mais aquilo outro”; “eu tenho que mudar isso, mudar aquilo e aquilo outro”; “isto está certo”; “isto está errado”. Ela começa a levar tudo para esse lado pessoal, e, então, não há somente um jogo divino acontecendo (na verdade, é só um jogo e, portanto, não tem realidade). Somente na mente egoica, nessa mente “particular”, nessa ilusão, tudo é uma “realidade”. É assim que a mente acredita e é assim que ela vive.
Felicidade é a natureza do Ser; a Alegria é essa Realização. Contudo, essa busca por realização externa, para essa mente particular e pessoal, impede a real Realização da Verdade. Portanto, a busca da felicidade é o impedimento da real Felicidade. Toda e qualquer busca pessoal é um impedimento a essa Realidade ‒ a Realidade do Ser, da Verdade sobre si mesmo.
Então, pare de ouvir o que a mente diz na sua cabeça e de acreditar na “pessoa” aí dentro. Abandone todas as crenças e vá além da mente, dessa ilusão do “eu”, dessas histórias ligadas ao “seu” mundo mental. Tudo que a mente expressa, diz respeito ao mundo dela, que é a imaginação dela, e você tem o hábito muito forte de confiar nisso. Se você se prende a “si mesmo”, à mente, está se prendendo à ilusão desse “mim”, identificando-se com esse falso “eu”, e assim você se vê como uma entidade separada ‒ essa é a inconsciência, é a falta do Estado Natural de Meditação.
Seu Estado Natural é um estado sem ego, sem o senso do “eu”. Este centro chamado “eu” é apenas uma ideia. Eu tenho dito muito isso: é necessário que esse “você” desapareça, literalmente; que esse “mim”, “eu”, morra. Contudo, isso não é a morte do corpo; não é a parada do coração nem dos impulsos elétricos do cérebro. É necessário que esse “você” desapareça. Todos os Sábios falaram dessa rendição, todos trataram dessa “morte” ‒ a rendição dessa ilusão, desse falso “eu”. Buda, Jesus, Ramana e todos os outros Sábios falaram dessa rendição de “ser alguém” e desse “poder de ser alguém”.
Satsang é esse trabalho de ir além desse modelo, dessa ilusão. Há uma grande beleza em tudo isso, em estar diante dessa fala, desse desafio, dessa implacável Verdade. Existe sempre uma grande alegria nesse momento presente, nesse Agora, dentro dessa Realização, desse Estado Real, Natural; alegria essa que não pode ser encontrada na mente. Quando falo da “mente”, não estou falando do intelecto. A mente aqui é um outro nome para este sentido de separação do Agora, deste instante. Sua mente não está aqui e agora; ela está sempre no passado ou no futuro, e aí está o falso “eu”, a ilusão de “alguém” presente dentro do corpo vivendo a experiência do mundo.
No começo da fala iniciei expondo esse falso problema, o único problema que a mente conhece, que é ela se sentir separada do mundo. Percebem a beleza disso, de estar em Satsang?
Sua mente nunca está aqui e agora. Ela vive nesse sentido de dualidade, de separação desse momento presente, sempre ocupada com os pensamentos, com a imaginação e a memória, criando um mundo, para ter problemas dentro dele. Então, a “pessoa” sempre terá problemas, porque a “pessoa” é a mente, é essa história da mente. A Felicidade, a Paz, a Liberdade, a Verdade, é uma não dual experiência, nesse presente momento. Então, não há mundo, não há “eu”.
A mente está o tempo todo procurando alguma coisa fora deste instante. Observe isso: a mente está sempre querendo alguma coisa, nunca está satisfeita ‒ isto é a natureza dela.
Relaxe em seu Ser, vá além dessa experiência do mundo, da “pessoa”, do “mim”, do “eu”. Solte tudo isso!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 24 de Janeiro de 2018 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

terça-feira, 13 de março de 2018

Nosso encontro é uma grande brincadeira divina

Não existe Amor do lado de fora. O Amor é o florescer da Totalidade, e nada do lado de fora pode lhe dar isso.
Não há nada novo em minhas palavras. Elas tratam Daquilo que você já traz aí dentro de si. É que você está tão viciado no mundo externo, que Deus tem que assumir uma forma externa para, então, poder se revelar dentro de você. Ele fala o tempo todo dentro, mas você não escuta! Então, Ele se exterioriza e se aproxima como um amigo, como uma amiga, como alguém. Esse é o sentido misterioso – e de difícil alcance para a mente – a respeito da figura do Guru, do Mestre. Ele não está do lado de fora, Ele é só a exteriorização da sua Interioridade. Ele só está traduzindo, numa linguagem conhecida, a sua Voz Interna. Esse é o nosso encontro em Satsang.
Isso é algo semelhante a ir em direção a um rio para beber água. Você não vai a um rio para criar uma amizade com o rio, para entrar em um relacionamento com o rio. Você vai ao rio porque está com sede, e ele está lá com toda aquela água abundante! Quando você vem, eu já estou aguardando você. Eu não quero a sua amizade; eu quero que você entenda o propósito que o trouxe até aqui. O rio não espera que você seja seu amigo; ele só está lá, aguardando que você beba dele. Não é um relacionamento; é uma intimidade, é um reconhecimento de que a água é para você, e de que o rio todo é seu. Então, esse nosso encontro é uma grande brincadeira divina.
Assim como o rio já espera pelos sedentos, "EU" espero por você. Não estou falando de uma figura humana, estou falando dessa Presença, dessa Graça Divina, que é a sua Verdade, A qual você nasceu para reconhecer, A qual sempre esteve aí. Então, quando você vem, eu já estou aguardando-o. Deus é uma Realidade sempre presente que aguarda ser ouvido, mas você tem estado surdo por muito tempo. Assim, Ele aparece no seu sonho (o seu estado de egoidentidade é só um estado de sonho, porque você está dormindo) na figura de Ramana Maharshi, Krishnamurti, Osho, Gualberto… Os nomes não importam, as formas também não. O Cerne, o Coração, a Essência, a Verdade, a Natureza Real de tudo isso, sim, importa. E isso é Deus assumindo uma forma, até você descobrir que você também não tem nenhuma forma. Enquanto você se vê na forma, Ele também se apresenta assim, até que você possa vê-Lo sem forma, que é quando você se reconhece sem forma.
Esse rio é de Bem-Aventurança, de Suprema Felicidade. Um dia, Cristo disse: “Aquele que beber de MIM jamais voltará a ter sede, porque se fará, dentro dele, uma fonte que jorra.”
A filosofia é uma coisa difícil, a psicologia e a teologia também – você tem que estudar muitos anos numa faculdade ou em seminários. Aí tem o mestrado, o doutorado, o pós-doutorado, e por aí vai… Mas a Sabedoria, não. A Sabedoria não fala de conhecimento, fala de sua Natureza Verdadeira, Daquilo que você é, Daquilo que você traz aí dentro de você. E Isso é algo natural, muito simples, porque é Você.
O meu mestre dizia isso para as pessoas: “Você não veio aprender, você veio desaprender tudo”. Então, você tem que desaprender tudo o que aprendeu, porque não se trata de construir alguma coisa. Trata-se de se reconhecer, e isso é algo muito natural, muito básico, não exige especializações nem formações. Isso é algo que desabrocha como uma dessas flores, aqui. Elas não aprenderam a fazer isso, elas, simplesmente, desabrocharam; isso é inato. A Realização é algo assim. É claro que teve sol, água, terra, sais minerais, ou seja, houve condições para que elas se tornassem um botão e depois se abrissem, mas Isso estava lá, como está aí também, porque é a Natureza de tudo, é a Verdade presente em tudo, é o que Você É.
Você é Amor, Silêncio, Liberdade, Paz, Felicidade, Sabedoria… Você é Deus, é isso que Eu Sou! Isso não é uma crença. Eu sou Isso! E Você é Isso! O propósito do nosso encontro não é uma comunhão entre pessoas, é esse reconhecimento do que Eu Sou, do que Você É. Aqui, você se reconhece em Deus, como Deus, como Consciência, além do corpo, da mente e do mundo; além do nascimento e da morte.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro presencial na cidade de Cabedelo, Paraíba, no mês de Agosto de 2017. Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

sexta-feira, 9 de março de 2018

A Quintessência da Meditação

As pessoas querem saber como meditar. Porém, Meditação não é para “pessoas”; é quando a “pessoa” não está. Meditação é quando Deus está respirando no seu corpo; é quando Ele está falando através da sua boca, olhando através dos seus olhos, ouvindo pelos seus ouvidos, sentindo pelo seu coração... Isso é Meditação! Não tem "pessoa", só tem Deus ‒ qualquer outra coisa não é digna deste nome. Meditação é estar aqui e agora, em plena Presença, e isso significa uma intensificação total, completa e absoluta de Consciência.
É como o sol ao meio-dia, que está no ponto mais luminoso, glorioso, e nada pode cobri-lo. Você pode até ficar escondido debaixo de uma árvore, em uma sombra, mas aquela árvore não está escondida do sol; pode até olhar para o céu e não ver o sol, porque basta apenas uma nuvem para ocultá-lo de você, mas aquela nuvem está sob o sol e ele continua reinando soberano sobre tudo. Assim é a Meditação ‒ nada pode ofuscar ou fazer desaparecer a presença de seu calor, fogo e brilho; tudo fica debaixo disso, nada fica acima. Na Meditação, tudo (o corpo, a mente, o mundo) desaparece, fica debaixo dessa única Presença. Isso é tudo o que eu quero para você... Isso é a arte da Liberação, do Amor, da Paz e da Felicidade; é a arte da imortalidade, da atemporalidade.
Meditação é você em seu Estado Natural, levitando sobre tudo, sobre todas as aparições, flutuando acima e além de todas elas. É bem assim! Quando a gota cai no oceano, você não pode mais separá-la; não tem mais como encontrá-la para separá-la de novo... ela já foi! Não é assim? É assim mesmo! Enquanto a gota não cai no oceano, ela pode fazer descrições maravilhosas sobre ele, mas, ainda, sente-se separada dele. Mesmo quando fala de sua amplidão, do quanto ele é imensurável, grandioso, ela o coloca do tamanho de sua cabeça, do tamanho dela.
Eu tenho aconselhado a vocês a não ficarem falando do “Oceano”. Deixem o Oceano cuidar disso, pois, quando não tiver mais gota e o Oceano quiser falar, Ele vai saber fazer isso direitinho. Porém, enquanto não acontecer, recolham-se à insignificância de “gota”, fiquem quietos e deixem a coisa amadurecer, pois, quando a fruta amadurece, ela cai, assim como quando a gota cai no oceano, ela desaparece. Deixem isso por conta da Graça. Não tenham pressa, fiquem quietos.
Você não sabe dimensionar nada, muito menos o quanto está distante ou próximo do “Oceano”, porque é somente um pensamento, também. Dizer que está mais distante ou mais próximo do Oceano é como uma gota tentando medir, da água para a água, a sua distância (o quanto está mais longe, ou mais próxima, do oceano) e o seu tamanho (o quanto a água nela é menor, o quanto a água lá no oceano é maior). Deixe isso por conta da Graça, por conta do Guru. O que você tem que fazer é somente ficar quieto.
Não coloque nada em paralelo a Isso, senão você vai terminar sendo desviado. Por exemplo, vai aparecer uma “Eva” na sua vida, que dirá: “coma dessa maçã”. Você comerá e ela terminará desviando você. Chega uma hora em que você jura para mim que não tem mais nenhum laço, apego, que nada segura você e que é capaz de jogar tudo para o alto, porém, não é assim ‒ você não consegue isso, trava, fica longe e a mente cria espaço.
Um dia Cristo disse assim: “Se o teu olho te escandaliza, arranca-o e joga no fogo, porque é melhor entrar cego no céu, ou com um olho só, do que com os dois e ser lançado no inferno. Se a tua mão te escandaliza, arranca-a e joga fora”. Reparem como é bonito Isso, a Verdade! A Verdade diz que não tem como negociar. Então, se você quer a Felicidade, Deus, a Verdade, tem que ser honesto, real, e não pode estar linkado a situações que estejam prendendo, segurando você, afastando-o desse objetivo, desse propósito. Você não pode ficar errando o alvo, o propósito.
Eu amo o ambiente chamado Satsang, porque aqui, no mínimo, você realiza Deus. Sei que é pouca coisa para você, não é? Sei que você gostaria de algo maior do que Isso. Se o seu interesse é mesmo pela Verdade, então você tem que se submeter a essa entrega, a essa rendição. Render o ego é render a sua vontade à Vontade de Deus.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro presencial na cidade de Campos do Jordão, no Ramanashram Gualberto, em Julho de 2017. Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

quarta-feira, 7 de março de 2018

O real Conhecimento

Em Satsang, tratamos da Verdade, que é o real Conhecimento. O real Conhecimento é aquele que não é limitado, não pode ser aumentado ou diminuído. Você sabe que, pelo estudo, é possível o aumento do conhecimento; quanto mais se estuda, mais se sabe, porque se conhece mais. Assim, este conhecimento é limitado por natureza. Por exemplo, se você sofre algum acidente, bate com a cabeça, ou sofre algum prejuízo em uma parte específica do cérebro, é possível que este conhecimento desapareça. Então, esse é um conhecimento que pode ser perdido ou diminuído. Na vida, toda a nossa experiência do mundo é somente uma experiência mental. Assim, esse conhecer, ou esse conhecimento, que pode ser aumentado ou diminuído, é apenas parte do pensamento ‒ é assim, portanto, toda a “sua” experiência de mundo.
A Natureza Verdadeira do Ser é puro Conhecimento, mas não esse tipo de conhecimento. Estamos tratando nestes encontros deste ilimitado Conhecimento do Ser. Toda experiência do mundo que você tem se transforma numa espécie de conhecimento limitado, enquanto a Realização é esse ilimitado Conhecimento, que é sinônimo de Consciência. Realização é pura Consciência! Esse ilimitado Conhecimento, que é Consciência, é a Verdade do Ser. Assim, por direito de nascimento, você é essa Consciência, esse ilimitado Conhecimento, e isso é Sabedoria.
As pessoas procuram a felicidade, mas, em seu estado de pura ignorância, de total inconsciência, não podem encontrá-la. Elas procuram a felicidade no mundo de conhecimento limitado, no mundo mental. A realidade da experiência é pura Consciência, que está presente neste instante, aqui e agora, como Felicidade. Todo problema surge quando você se confunde com o pensamento, com essa consciência limitada, que é uma distorção da realidade, da experiência, e isso é infelicidade. Então, na mente, você não está vivendo a realidade da experiência, mas a ilusão do experimentador; essa é a distorção dessa consciência, a limitação do conhecimento.
Ramana Maharshi mostrava, insistentemente, para aqueles que vinham até ele, que a percepção que eles tinham do mundo era uma ilusão. A visão que você faz do mundo é a ilusão do pensamento. Então, a sua relação com o mundo é o ponto de vista da ilusão de um “experimentador”. Sua experiência do mundo é semelhante à experiência que se tem durante um sonho, em que você acredita que é um “experimentador” do mundo do lado de fora, de um mundo externo.
Você nunca duvida que aquela pessoa com quem está conversando no seu sonho é apenas uma produção da sua própria mente, nem que não existe nenhum experimentador ali. Na verdade, é só a mente no seu próprio jogo de construção. A mente, que é pensamento, está criando o seu corpo e o do outro com quem você, aparentemente, está conversando. Isso acontece tanto no mundo do sonho como neste mundo, onde, aparentemente, você está ouvindo alguém através do Paltalk [sala virtual]. No entanto, tudo isso (essa experiência de falar, ouvir, ver e sentir) são apenas pensamentos, que são desdobramentos dessa impessoal e ilimitada Consciência.
Um dia um homem foi até Ramana e disse: “Mestre, eu estou com dor de dente. Isso é apenas um pensamento?”.
Tendo Ramana respondido que sim, o homem lhe indagou: “Então, por que não consigo simplesmente pensar que meu dente está normal e, assim, me curar?".
A isso Ramana respondeu: “Quando você está inteiramente absorto, ocupado com muitos outros pensamentos, essa dor diminui muito ou, dependendo do volume de pensamentos, você nem mesmo sente essa dor. É assim, também, quando está dormindo”.
Então, o homem disse: “Mas, ainda assim, ela continua aqui”.
Ramana respondeu: “A convicção humana de que o mundo é real é tão forte, que se torna bastante difícil se libertar dela. Mas, o mundo não é mais real do que o próprio sujeito que o vê”.
Toda experiência que você, preso aos pensamentos, tem do mundo, é completamente equivocada ‒ a experiência de uma suposta “pessoa” presente na experiência; isso é uma ilusão! A Liberação, a Realização, a Verdade do Ser, é a pura experiência, mas sem “alguém” para interpretá-la. Então, se existe dor, é somente a dor; se existe prazer, é somente prazer; se existe pensamento, é somente pensamento. Como disse Ramana, a convicção da mente humana de que o mundo é real é muito forte. Eu quero dizer que, enquanto você estiver preso à ideia de “alguém” presente nessa experiência dos sentidos, do corpo e da mente, a ilusão estará presente; essa limitada consciência estará presente.
Todo o seu trabalho é se desidentificar da ideia de “alguém” presente na experiência. A real forma de se libertar de todo sofrimento é abandonando a ilusão de “alguém” presente, vivo, na experiência. Toda a dificuldade que você tem está nessa convicção de que sua história pessoal é uma realidade, o que dá autenticidade a “alguém”. Então, esse sentido do “eu” — que tem um nome, um corpo, uma história — na experiência e a valorização disso continuarão lhe dando essa crença de que você é quem acredita ser. Assim, se algum dia aqueles que fazem parte dessa história, que você acredita ser sua, forem afastados ou tirados de você, por terem morrido ou ido embora, ficará evidenciado, exemplificado, o sofrimento pessoal dessa consciência limitada, dessa distorção, desse equívoco.
No entanto, se o “sofredor” morre, quem fica para sofrer? Se o “experimentador” desaparece, quem fica para experimentar a frustração, a decepção, a dor ou a falta? Ao acolher, abraçar e ver toda essa manifestação acontecendo, sem as conclusões desse falso “eu”, nem as interpretações dessa suposta entidade na experiência, essa ilusão começa a perder o poder de encanto sobre você, e esse sentido de autoimportância e valorização pessoal começa a ser desmascarado. Essa é a nossa proposta em Satsang: desmascarar esse falso “eu”, despersonalizar a experiência e revelar sua Natureza Verdadeira.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de Dezembro de 2017 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

segunda-feira, 5 de março de 2018

A importância do encontro presencial com um Mestre vivo

A primeira e mais importante coisa a se fazer aqui, nesses encontros, é descobrir como realmente ouvir essas falas. É necessário saber como ouvir cada palavra, assim como estar diante desse Silêncio.
A Verdade não é algo que se revela ao intelecto, o que significa que não basta acompanhar isso verbalmente, intelectualmente; é necessário descobrir o que significa estar aqui nesse encontro. A Sabedoria não nasce de conclusões, não é o resultado de análise, dedução ou de alguma lógica. Por toda uma vida, você tem procurado a Sabedoria, a Verdade, na lógica, na conclusão, na análise. Mas Isso está além da lógica e, portanto, além de qualquer análise, conclusão, especulação ou dedução…
A Verdade é o despertar da Realidade de Deus. Você sempre ouviu falar que Deus está dentro de você. Se é assim, todos têm Deus dentro de si mesmos; no entanto, percebemos que isso é somente uma crença, porque mesmo em meio a essa crença todos estão com algum tipo de problema – o sofrimento, a dificuldade e a dor são coisas comuns a todos. Então, onde está a Verdade dessa Realidade de Deus presente em meio a toda a esta confusão em que nós, seres humanos, estamos vivendo? Mesmo em meio a toda essa confusão, todos estão em busca de algo fora disso tudo. Então, por que, apesar da “verdade” de que Deus é uma Realidade presente dentro de você, internamente você está em depressão, ansiedade, medo?
Realmente, você já ouviu isso que foi dito no começo da fala milhares e milhares de vezes, com palavras diferentes. Se você está aqui apenas ouvindo, vai continuar assim, ouvindo palavras pela vida toda ou olhando promessas em alguns lugares, em alguns livros. Há sempre alguns prontos a ensinar e muitos outros interessados em aprender. E, como eu acabei de colocar, isso não vai resolver nada, porque não há nenhuma verdade no conhecimento.
O que eu quero dizer é que a verdade do conhecimento é só a verdade da mente. E, para você conhecer de fato a Verdade, você tem que ir além da mente. Só então é possível a Sabedoria, que está na Realização da Verdade de Deus, e não na crença. É necessário um sentido real de procura pela Verdade, que não é a “busca pela verdade”. Podemos até usar palavras sinônimas – “procurar” e “buscar” –, mas eu vou colocar estas duas palavras aqui com um sentido inteiramente diferente. Aqueles que estão “buscando” a verdade, estão fazendo isso dentro da própria mente, através do conhecimento, da experiência, de práticas espiritualistas ou esotéricas. A busca por esse caminho é uma busca de autossatisfação e de realização pessoal. Assim, para você, a verdade vai ser encontrada nas cartas do tarô, na bola de cristal, nos búzios… Então, você vai buscar na astrologia, na quiromancia e por aí afora. Hoje em dia, isso tem sido chamado de autoconhecimento.
Aqui, nesse momento, o que eu posso lhe dizer é que, para compreender o sentido real da procura pela Verdade (e não da “busca pela verdade”), você tem que se livrar de tudo isso. Portanto, há uma diferença entre a busca pela verdade e a procura pela Verdade. A procura pela Verdade é dentro de si mesmo, através da autoinvestigação, da meditação e da entrega. Isso é algo inteiramente diferente do que a mente tem construído ao longo de todos esses milênios, que é essa fantasia, esse circo dessa assim chamada espiritualidade ou “busca da verdade”.
É necessário se livrar completamente da crença de que existe algo separado de você, como a Verdade; é necessária uma atenta e penetrante visão, uma rendição completa da ilusão do sentido de um “eu” presente buscando alguma coisa, como a chamada “Verdade”. O sentido da palavra Verdade é encontrado quando o sentido do “eu” desaparece; o significado real da Verdade é o fim da ilusão dessa egoidentidade.
Comecei falando sobre a importância de aprender a ouvir isso. Um professor não comunica a Verdade, porque um professor é alguém que conhece algo e lhe dá uma informação que você não tem. É necessário estar diante da Verdade para recebê-La, e só um Mestre vivo pode fazer isso; um professor, não. Então, você pode entrar nessa sala e ouvir essas falas, essas palavras, mas isso não vai funcionar para você. Você precisa experimentar a morte do ego, desse velho “eu” que está aí.
Então, agora eu vou “apertar um pouquinho o parafuso”, vou ser mais claro para você. Estou vendo alguns aqui na sala que nunca estiveram comigo presencialmente…. Eu quero dizer para vocês que não adianta ouvir essas falas, nem aqui, nem em vídeo do Youtube. Vocês têm que perder esse sentido do “eu” que está aí ou vão ficar só acumulando informações, e mais informações, e mais informações, o que não se constitui em um trabalho real – esse é exatamente o movimento da busca.
Então, eu quero dizer para você que está aqui apenas no Paltalk (sala virtual): sua presença aqui é algo lindo, adorável, mas não está funcionando. É muito prazeroso ouvir alguém que domina um determinado assunto; em especial, um assunto como esse, que é muito fascinante. O que eu quero dizer é que todas as vezes que estiver aqui na sala, você vai ter uma deliciosa sensação de que está aprendendo alguma coisa, mas essa é uma sensação egoica ainda, não é real. É como o prazer de ler um livro, assistir a um vídeo ou ouvir um áudio – isso ainda está nesta dimensão dessa egoidentidade.
Se você quer isso de verdade, se você quer Despertar, se quer Acordar, ir além desse falso “eu” cheio de conflitos, de problemas, que se ofende e se magoa à toa; que se chateia por qualquer coisa; que carrega esse senso de ofensa, de medo, de desejo, de ansiedade, venha a Satsang presencialmente, para você se ver nesse espelho e perceber o quanto de ego ainda existe presente aí. Se você continuar fugindo, não vai dar certo; você jamais vai se libertar desse ego assim. Está na hora de Acordar, está na hora de Despertar, e isso só é possível quando essa egoidentidade desaparece.
Então, essa é a fala desse encontro para você: corra para Satsang presencialmente! Olhe para si e perceba o que você está vendo – se você é feliz, se você sabe de fato quem é Deus, o que é a Vida, se você está completo, se você realmente não carrega mais ciúmes, inveja, medo, um sentido de preocupação com a autoimagem, um sentido de ofensa, de aborrecimento, de gostar de uns e não gostar de outros… Ok?
Então, vamos ficar por aqui, pessoal! Namastê!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online na noite de 30 de Outubro de 2017 – Encontros online todas as segundas, quartas e sextas às 22h (exceto em períodos de retiros) – Para informações sobre o app Paltalk e instruções de como participar, clique aqui.

quinta-feira, 1 de março de 2018

A vida é atemporal

Todas as pessoas que você encontra são “fakes”, são uma cópia social. O Guru não é uma cópia social; Ele é algo novo, inédito, nunca visto, um verdadeiro Ser humano. Ele é tudo o que você precisa, pois vai quebrar o seu falso “eu”, a sua falsa humanidade – como parte dessa falsa humanidade, você tem esses condicionamentos políticos, alimentares, sociais e assim por diante...
Encontrar-se com o Guru é deparar-se com a sua humanidade, é deparar-se com Aquilo que você É. O que você É, é muito humano e, por isso, é tão Divino, tão Real! O problema não está em ser humano, mas em acreditar ser humano, dentro do conjunto, do padrão, do condicionamento, do que nós vemos à nossa volta como o modelo de ser humano.
O ser humano, no sentido Real, não tem medo, está além do nascimento e da morte, está além das crenças, além da mente. Por isso que Cristo, na Bíblia, é chamado de “O filho do Homem”. Ninguém consegue compreender isso, nem os teólogos, nem os psicólogos, nem os filósofos... Ele é tão humano! Ele come carne, vai pescar... E ele não pesca de anzol, ele pesca de rede! E você sabe, quando você joga a rede no mar, não é para trazer um peixe só, é para trazer centenas! Então, quando Jesus vai pescar, ele não mata um peixe de cada vez, preso no anzol; ele traz uma rede e mata centenas de uma vez só!
Como conciliar isso com o Amor? O seu “amor” não mata, mas no Amor de Cristo, nascer e morrer é só um fenômeno, um aparente fenômeno, sem muita importância. A Vida, em si, não é aquilo que vem e vai. A Vida, em si, é imperecível, é imortal – embora a palavra imortal não seja boa, pois lembra a morte. A Vida é atemporal, está além das aparições das formas.
Você dá muita importância às formas, está preso às formas, vê a forma como a realidade, então fica muito preocupado com essa coisa de nascimento e morte, tendo o nascer como mais importante do que o morrer. Mas quando a forma não tem tanta realidade, não faz diferença se você está vivo ou morto, porque quem, ou o que, é você?
Algumas espécies animais e vegetais, de acordo com o tempo cronológico da mente humana, vivem muito pouco. Algumas pequenas ervas do campo brotam pela manhã e, à tarde, já morreram. Alguns animais, alguns insetos especialmente, vivem apenas um dia do seu relógio. Uma vida intensa! (risos) A vida de um mosquito é de um dia! Você acha que é pouco tempo, mas é o tempo que eles precisam. Então, entre esse nascer e esse morrer, a vida do Ser, que é a vida daquele mosquito, permanece atemporal. Então, esse Ser manifesta as aparições e dá a todas as aparições um tempo para se manifestar e desaparecer. Você chama isso de vida ou de morte, mas isso são apenas convenções. Quem inventou tais palavras? Os biólogos, os antropólogos, os cientistas? Quem inventou tais palavras e que importância isso tem? Para quem isso tem importância?
Se você reconhece sua Natureza Real, você sabe que nunca nasceu e que nunca vai morrer, então, você não está mais preocupado com o destino das formas. Agora você sabe que o destino das formas é desaparecer e aparecer em outras formas! E agora você não chama isso de nascer, nem de morrer... você chama isso de Vida, de Verdade! Nascer está, agora, além dos opostos: nascer/morrer; bondade/maldade; certo/errado; deus/diabo; pecado/santidade; puro/impuro… Tudo isso é bobagem!
Se você reconhece sua Natureza Real, então não está mais interessado em filosofar, em explicar ou separar Deus do “seu” mundo, em colocá-Lo em um lugar especial, onde só pessoas especiais, como você, podem alcançá-Lo. Tudo isso é fantasia, pura imaginação! Tudo isso ainda é a mentira – que por sinal nem é sua mentira, pois você não constrói nada, você só repete.
A imaginação é só uma repetição, não é uma coisa sua. Não tem nada original no que se passa na sua cabeça. A única “Coisa” Real, a única “Coisa” original, é essa Verdade atemporal que está além da mente e suas convenções, além das palavras e nominações. Pare de dar importância a isso, pare de confiar em pensamentos; absolutamente, em todos os pensamentos! Eu já falei isso várias vezes! Nenhum, absolutamente nenhum deles, é original! Esse pensamento aí já passou na cabeça de muitos! Essas cabeças também não são deles! Não existe nada que seja original, que seja verdadeiro; ou melhor, tudo é verdadeiro, tudo é real, mas esse “real” é imaginação!
Quem é responsável por isso? Quem se importa? Deixe isso com os filósofos, não tente explicar! Olhe, veja, perceba... assuma a Verdade! Assuma O que você É! Esqueça-se da tentativa de explicar, de dar Isso para outros. Aquilo que eu acabei de chamar de aparição, que você chama de nascimento, serve apenas para uma realização, para uma constatação, que é da Verdade da ilusão disso tudo, de toda essa imaginação! Eu chamo isso de realizar a Verdade sobre Si mesmo, realizar Deus, realizar o seu Ser, a sua inata Felicidade, a sua Liberdade, a sua Sabedoria!
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro presencial. Acesse a nossa agenda e se programa para estar conosco: http://mestregualberto.com/agenda/agenda-satsang.

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