terça-feira, 28 de novembro de 2017

A imersão da mente no coração

Bem-vindos ao Satsang! Estamos mais uma vez juntos neste maravilhoso propósito, que é a aproximação do reconhecimento desse momento. Nosso Natural Estado de Ser é agora mesmo, nesse momento, de absoluta Felicidade e é isso que nos tem escapado. Aquilo que obscurece o fluir ou a expressão dessa Felicidade são esses constantes pensamentos ocorrendo dentro da cabeça, numa rápida sucessão.
Pensamentos são como nuvens que obscurecem nosso Natural Estado de Felicidade. O hábito forte é o dessa inquietude da mente... A “mente egoica” é extremamente agitada e quando ela está assim nos tornamos incapazes de vivenciar essa inerente Felicidade. A infelicidade é essa agitação da mente – muita ocupação, preocupação, antecipação – e daí nasce toda confusão. A verdade é que a mente está sendo constantemente impelida pelos seus antigos hábitos e condicionamentos. Então, esse movimento de identificação com pensamentos, que produzem desejos e medos, é algo muito constante.
Assim, a mente é constantemente impulsionada a se mover para fora, sempre se movendo para as suas exterioridades, sempre em direção a coisas que ela imagina serem importantes para ela. Se você observar, a mente está sempre ocupada com assuntos particulares, sempre envolvida com histórias ligadas ao sentido de personalidade, pessoal. O objetivo da mente é realizar alguma coisa para ela própria, pois o sentido de “pessoa” é muito importante para ela. A mente, basicamente, é esse sentido de “pessoa”. Assim, esse nosso Natural Estado de absoluta Felicidade, presente nesse instante, está sendo obscurecido pelo movimento constante da mente e seus pensamentos. Quanto maior é essa atividade da mente, mais obscurecido se torna esse Estado; quanto mais veloz esse movimento inquieto da mente, há mais ansiedade, estresse, nervosismo, preocupação, sofrimento.
Agora mesmo, nessa sala, você tem um encontro com uma fala nascida desse Estado Natural de Felicidade. Então, o Mestre é aquele que nos mostra que não é possível realizar ou alcançar a Felicidade, porque ela é algo já presente aqui e agora, nesse instante. Tudo o que temos a fazer é nos voltarmos para a direção correta, que não é o exterior; a direção correta é a imersão da mente no “Coração” e esse é o espaço ou lugar da Felicidade.
Talvez a sua pergunta seja: “Como diminuir essa agitação? A mente e sua agitação, a mente e seus pensamentos, a mente e seus planos, projetos, preocupações, antecipações”? Talvez seja essa a sua pergunta, e por isso a nossa ênfase está na Meditação. A arte da Felicidade é a arte da Meditação, mas não é o que você entende por meditação, pois aquietar a mente temporariamente, para depois ela voltar a se agitar novamente, não é Meditação. Esse tipo de meditação tem sido ensinado ao redor do Planeta.
O que eu entendo por Meditação é ficar quieto, não é ficar quieto fisicamente, nem forçar, também, a mente à quietude. Isso, de certa forma, com algum exercício, alguma prática e certo tempo, você consegue fazer, aprendendo a focar a mente num só ponto, respirar de uma determinada forma; existem diversas técnicas capazes de lhe dar isso, nesse formato. Nossa ênfase, aqui, é completamente outra. Basicamente, Meditação é o florescer de seu Estado Natural e o “terreno” para o florescimento Disso, dessa Meditação, seu Estado Natural, é a observação cuidadosa, paciente, aplicada desse movimento da mente, momento a momento. Então, essa auto-observação é a Real forma da investigação da ilusão desse falso “eu”. Portanto, a autoinvestigação é auto-observação.
Se você está dirigindo seu carro ou caminhando para algum lugar ou assentado assistindo TV, esse é o momento de observar esse falso “eu”. Apenas observar! Observar os pensamentos que surgem, quais são as preocupações, as motivações, quais são as lembranças de duas horas atrás, de um dia atrás, anterior. Então, diante da TV, dirigindo o carro ou caminhando, você está observando a história de um falso “eu” se revelando. Quando isso chega, tenta capturar você no tempo, que é criado pelo pensamento, por essa imaginação, que é memória. Pensamento é sempre imaginação, que é conhecimento.
Esse conhecimento, que é pensamento, imagina o passado e o futuro. Quando você se perde nesse tempo criado pelo pensamento, está identificado com um personagem, com a história desse falso “eu”. Enquanto você dirige o carro, caminha ou assiste televisão, não é esse instante que importa para a “ego-identidade”, mas a história que surge nesse instante. Quando você é capturado pela história, você está na ilusão do falso “eu”, agitado por essa “ego-identidade”, e não há Liberdade, Paz, Amor, Felicidade.
Então, a Felicidade não está presente em dirigir o carro, em caminhar ou assistir televisão. Você está identificado com um personagem, preso a história do “eu”, dessa falsa identidade. Essa é a ilusão desse personagem, seu estado ilusório de ser; é a ausência de seu Estado Natural de Meditação. Portanto, a Meditação começa quando esse espaço fica completamente limpo dessa agitação mental, memória, imaginação, desses pensamentos.
É necessário descobrir a Felicidade de seu Estado Natural, que é Meditação nesse instante, nesse momento presente. Isso é Real Meditação: desidentificar-se completamente desse “eu” ilusório, desse personagem. Essa Presença fundamental do nosso Ser é pura Consciência, é pura Liberdade, Verdade, Felicidade.
Reparem que, em nossas falas, nunca separamos “Ser” de “Felicidade”, porque Ser é Felicidade e Felicidade nunca está separada de Meditação! Essa é a verdade detrás de tudo. Quando, por uma ação da Graça, você é atraído a Satsang, quando você chega a Satsang, o único propósito desse encontro é o encontro com Deus, que é Ser, Consciência, Felicidade. Então, o Guru, ou Mestre, é aquele que nos atrai exatamente para nos mostrar a irrelevância da mente, a ilusão desse personagem que você acredita ser.
É bem interessante... Todos estão atraindo sua atenção para a exterioridade. Quando o Mestre chega, ele captura sua atenção para que você se volte para dentro – daí a importância do Guru. Ele é aquele que lhe diz: “Você não é a mente, não é o corpo”; “você não é esses sentimentos, nem esses pensamentos”. A minha compreensão disso é que você não tem a mínima condição de descobrir isso sozinho, ou já teria descoberto. O Mestre é aquele que lhe aponta, que sinaliza, que lhe mostra isso, porque em um verdadeiro Mestre esse trabalho já está finalizado. O que estou falando é que um verdadeiro Mestre é Aquele que já realizou Isso; não estou falando de um professor, de um orientador, de alguém que ainda se sente uma “pessoa”, mas fala teoricamente dessa “não pessoa”. Portanto, compartilhar a Verdade é compartilhar o Ser, a Felicidade, e Isso é Meditação!
Ok? Vamos ficar por aqui. Valeu pelo encontro! Namastê!
Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 20 de Setembro de 2017 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

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