terça-feira, 19 de setembro de 2017

Quando busca do lado de fora, você esquece quem Você é

Nestes encontros, estou apontando para Aquilo que considero principal, e que não é a fala em si. A sua experiência com o mundo dos sentidos, com o mundo sensorial, é a experiência que a mente conhece e valoriza. Você tem uma educação, um condicionamento tal, que o faz estar sempre voltado para o mundo externo, para o mundo dos sentidos.
Minha ênfase, nesses encontros, é sempre sinalizar para você o que considero a coisa principal: o seu próprio reconhecimento, Aquilo que você é aí dentro e não a experiência que você conhece, mas a Natureza onde essas experiências estão surgindo, onde estão aparecendo... A Natureza da experiência em si, que é essa Consciência que Você é.
Toda sua frustração existencial está baseada nessa orientação que você vem tendo a partir dos sentidos. Dizendo de outra forma: você está esquecendo de quem você é e está se confundindo com as experiências dos sentidos. Para a mente egoica, tudo o que interessa é a experiência dos sentidos. Então, se você observar bem, você está muito impressionado com o que vê, com o que escuta, com o que toca, com o que percebe. A percepção sensorial, para você, é algo muito importante e sempre fica a serviço dessa egoidentidade, que é essa pessoa que você acredita ser. Então, você não olha a partir Daquilo que você é; você olha a partir da mente, você escuta a partir da mente, você fala, toca, sente a partir da mente... Aqui, eu me refiro a essa mente separatista, a essa mente egoica.
É por isso que não há beleza em sua vida, porque não há profundidade. A natureza da pessoa é ser superficial, é a natureza do ego. Por mais que você tenha coisas muito bonitas à sua volta, você continua superficial, olhando para as pessoas como uma pessoa. Você fala com as pessoas como se fosse uma pessoa; você escuta alguém como se você também fosse alguém. Então, todo o seu contato com o mundo externo é só um reflexo dessa superficialidade interna da mente egoica, porque não há profundidade e, quando não há profundidade, não há Riqueza, não há Graça, não há Beleza, não há Verdade.
Funciona mais ou menos assim: você se vê como alguém e quer se preencher no outro; você quer se tornar rico no outro, profundo no outro, pleno, feliz... Você quer viver o amor, quer viver a liberdade, mas sempre no outro. O que nós fazemos nesses encontros chamados Satsang? Nós investigamos a natureza ilusória desse “eu” que você acredita ser, o que é fundamental, pois isso, de imediato, liberta você de esperar alguma forma de preenchimento no “mundo" do lado de fora.
O ego vive de uma forma muito carente, muito amedrontada, dependente... bastante infeliz. Ele precisa de apreciação, de reconhecimento, do amor vindo do outro – sempre de lá para cá, de fora para dentro. É uma busca constante de ser alguém para o outro. Essa é a natureza do ego e você precisa ir além disso, além dessa ilusão de ser alguém, desse que tem feito sua vida ser tão superficial. O tédio nasce disso, a solidão, a depressão, a ansiedade, a timidez e todas as formas de medo nascem disso, porque não há profundidade.
Uma coisa básica que você precisa compreender para ir além da mente egoica é que você precisa descobrir o Amor que não depende do outro, a Paz que não depende do outro, a Liberdade que não depende do outro. Para isso, você precisa sair da mente, deixar essas imagens que a mente produz o tempo todo na sua cabeça sobre quem é ele ou quem é ela para você. Você não pode depender disso! Somente assim você estará começando a ser sério consigo mesmo, a apreciar a Vida como Ela é.
Você precisa olhar para aquilo que se apresenta, nesse momento, e não se confundir, não se deixar impressionar, não olhar a vida de uma forma romântica, acreditando que algo do lado de fora, ou alguém do lado de fora, vai lhe dar aquilo que você já tem aí dentro. Quando você busca do lado de fora, você esquece quem Você é.
Quando você começa me ouvir, eu destruo os seus relacionamentos, porque eu quero que você encontre o Amor em si mesma, em si mesmo. Só então você pode ir para fora, namorar, casar, ter filhos, amigos, porque nada mais poderá fazer você sofrer, inclusive - e principalmente - os namorados, amigos, maridos, filhos... Isso que você chama de “meu mundo” e que é só a historinha de um personagem que você acredita ser.
Está difícil acompanhar isso?
Essa historinha é a sua miséria, não é a sua felicidade. Primeiro, você encontra a si mesmo e realiza a Felicidade; depois vai para fora. Isso é completamente diferente do que vocês têm aprendido. Vocês já ouviram frases como: “você jamais será feliz se não fizer o outro feliz!”. Isso é uma mentira! Você não está aqui para fazer o mundo feliz; você está aqui para reconhecer que não existe nenhum mundo e que, portanto, não existe nenhum outro além de Você.
A sua libertação e felicidade são a libertação e felicidade do mundo. Mas o mundo e o outro não estão separados de Você. Então, você realiza quem Você é, e não o que o outro é, quando realiza a Felicidade. Esse modo de pensar “eu e o outro” é totalmente equivocado, pura dualidade.
A mente vive o tempo inteiro ligada a essa imaginação. É isso que produz o seu sonho, o sonho de sua vida, essa história da egoidentidade, da pessoa que tem um nome, que tem um pai, que tem uma mãe (ou já teve), que tem irmãos, tem amigos... Tem tanta coisa e vive profundamente embolado em meio a tudo o que tem. Vive preocupado, assustado, enciumado, tentando controlar, tentando manter, proteger, só para não ser infeliz quando isso tudo for embora.
Ser alguém, se ver como alguém, é muito miserável. Quando você se vê como alguém tem sempre alguma coisa nova chegando à sua vida e essa “coisa nova” fica velha e você quer substituir por outra coisa nova, que depois quer substituir por outra, porque aquela já ficou velha também... Então, não há Liberdade.
Em Satsang, eu o convido a desaparecer, a ser somente Aquilo que você nasceu para ser. Então, tudo já foi embora e, curiosamente, tudo já está presente!
Aqui, funciona com uma “matemática” diferente: quando você não tem nada, você tem tudo. No ego, na mente, é outra “matemática”: você tem tudo, mas não tem nada, porque não tem a si mesmo. É muito miserável ser alguém...
Ok? Vamos ficar por aqui! Namastê!
Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 11 de Agosto de 2017 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

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