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segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O fim dessa imagem que você faz de si mesmo é o Despertar

Nesses encontros, você se volta para o reconhecimento acerca de quem você é, e você tem se afastado disso há muito tempo. É tudo uma questão de autoesquecimento! Você precisa voltar Àquilo que você É, o que implica em voltar para casa. Esse afastamento de si mesmo é esse autoesquecimento.
Sua Natureza Real não é alguma coisa. O pensamento em sua cabeça e o sentimento presente no seu corpo fazem com que você se sinta “alguma coisa”. Você se sente alguém, se sente algo, se sente algo dentro de muitas coisas. A sua experiência de corpo e mente é a experiência de alguém – isso é a experiência de alguma coisa. Tudo isso acontece porque você esquece quem de fato você É. Dessa forma, você se sente uma coisa entre muitas outras; se sente uma pessoa entre muitas. Você esquece esse Eu Sou, para se confundir com o corpo e a mente e, assim, você se vê como uma coisa.
É como todo esse espaço nessa sala: você é esse espaço, mas como se esquece disso, você se confunde com qualquer objeto que aparece aqui. Você se confunde nessa confiança, nessa crença de que é alguma coisa, enquanto que, na realidade, você é todo esse espaço!
Quando chega em Satsang, a princípio, você acredita que vai resolver os seus problemas, que vai terminar com os seus sofrimentos. Você acredita que o Despertar, a Iluminação, é o fim dos seus problemas, dos seus sofrimentos. Você fica muito preocupado com essa questão da Iluminação. Antes, você tinha diversos outros problemas, e agora você tem um problema maior que todos os outros. Um problema que quando é resolvido, resolve todos os outros!
As pessoas escrevem para mim, e dizem: “Eu quero a Iluminação!” E eu pergunto: “Porque você quer a Iluminação?” E elas dizem: “Meus pais agora vão me compreender!”, “A minha esposa vai me amar!”, “Eu não vou mais sofrer!”… Mas deixa eu dizer algo para você: Iluminação não é o fim dos seus problemas, não é o mundo em paz com você, não são os seus problemas todos resolvidos. Iluminação é sair dessa posição: “Eu sou alguma coisa”, “Eu sou alguém”… Você esquece a sua Natureza Real, e você se confunde com uma crença, uma ideia, uma imagem e, essa imagem tem problemas, tem inimigos, quer a salvação... Essa imagem é essa “alguma coisa”.
O Despertar, a Realização, a Iluminação, é o fim dessa imagem que você faz de si mesmo, a imagem de ser alguém, a ideia de que você é um objeto nesse espaço. Quando isso cai, o espaço fica! E é claro que o espaço não tem nenhum problema. Nesse momento, você é esse espaço e, como tal, você não está preso às experiências; elas acontecem no corpo e na mente. Da mesma forma, qualquer coisa pode acontecer a um desses objetos que aqui estão nessa sala, mas isso não atinge esse espaço, não fere, não arranha esse espaço onde os objetos aparecem.
Então, a Realização, a Iluminação, não é o fim dos seus problemas; é o fim da ilusão de que tem alguém presente para ter problemas, que tem alguém presente para sofrer, para ficar magoado, para se sentir ofendido ou rejeitado, para se deprimir ou se sentir eufórico… A Realização não tem nada a ver com aquilo que você acredita, porque tudo isso ainda faz parte da mente... É quando, então, você se move dessa posição, na qual acredita e sente que é alguma coisa, para algo inteiramente novo, inteiramente desconhecido. Você reconhece quem você é, sua Real Natureza, a Verdade sobre si mesmo, a Verdade desse espaço impessoal. Sua Verdadeira Natureza é Pura Consciência, Puro Espaço, o Nada.
Enquanto você se considerar uma pessoa, vai ver o mundo como uma pessoa o vê; vai sentir o mundo, como uma pessoa o sente. A Realização é sair desse sonho! Quando alguém que está acordado vê você se mexendo na cama, chorando, gemendo, gritando, e percebe que você está em um sonho (que é um pesadelo), ela vê o seu sofrimento, se compadece de você e o toca dizendo: “fulano, acorda!”. Quando você acorda, o sonho termina imediatamente. Repare que não leva um segundo para o sonho terminar; é de imediato. Por isso, aqueles que realizam isso dizem que não leva tempo, porque é uma mudança imediata; a mudança aqui é do sonho, da ego identidade, para o seu Ser, para a sua Real Natureza. Isso, de fato, não leva nenhum tempo, não é uma questão de tempo.
Não é possível tratarmos desse assunto aqui. Pelo menos, não agora, pois isso é algo muito paradoxal para a mente que vive no tempo, que se vê no tempo, que criou a ilusão do tempo; tudo leva muito tempo para a mente. Aconteceu no tempo, é o passado; está acontecendo agora, é o tempo presente; precisa do futuro, então tem uma outra forma de tempo. A mente está viciada nisso, e todo o nosso trabalho aqui é para que você tome ciência de quem você é, aqui e agora.
Aqui e agora, não há tempo, mas a mente aí não vai dizer isso! Por exemplo, um trabalho aconteceu aqui, por vinte e um anos; esse foi o tempo que a mente pediu para deixar o seu desejo de continuidade. Ela brigou por continuar por mais vinte e um anos [depois que Ramana apareceu]. Isso não requer nenhum tempo – O que é agora aqui, sempre foi – mas isso só ficou claro, quando a mente se foi. Vocês não têm que se preocupar com essa questão. Isso é algo maior que vocês, maior que a mente… tudo isso é uma ação misteriosa do desconhecido, uma ação divina, uma ação da Graça. Nessa ação da Graça, esse espaço se revela como a sua Real Natureza. Então, o sentido de ser alguém, de ser alguma coisa, ser um objeto nesse espaço, desaparece instantaneamente.
É como a água para chegar no estado de vapor (na física se conhece isso): ela tem que esquentar, esquentar e esquentar... ela não evapora com noventa e oito, noventa e nove graus... ela tem que chegar precisamente a cem graus Celsius. Quando isso acontece, ela perde o seu estado de água e passa a ser vapor d’água imediatamente; mas ela levou um tempo para chegar a cem graus. O Despertar é algo assim, é um amadurecimento, é um florescimento, é uma constatação, é quando não há mais uma temperatura de noventa e sete, noventa e oito, noventa e nove graus. Por enquanto, esse mecanismo corpo-mente está nessa posição de identificação com a ilusão de uma ego-identidade, de uma pessoa na experiência, se confundindo com os seus humores; e trabalhando o reconhecimento disso, a soltura disso, nessa investigação, nessa entrega, nesse olhar para isso, de novo, de novo, de novo...
Tudo isso parece muito desesperador hoje, mas chegará o dia em que você vai rir de todos esses esforços, todas essas viagens para Satsang – calor no Nordeste e frio no Sudeste, milhares e milhares de horas de voo – e na verdade você não saiu do lugar, você nunca deixou de ser quem você é, você não conseguiu ser o que você não é. Esse é o maior de todos os mistérios: você, sendo a Realidade, está à procura Dela. Então, chegará um dia que você vai rir de tudo isso.
O problema não está no desejo pela Realidade, o problema está naquilo que a mente tem dito para você sobre a Realidade, e é nisso que você está tentando encontrá-la. O que nós estamos fazendo juntos é ver o que não é a Realidade. Você já foi enganado por si mesmo, por muito tempo, por esse próprio movimento equivocado da mente sobre a Natureza da Realidade. Então você busca a Realidade em relacionamentos amorosos, em bens materiais, em realizações profissionais, na beleza física, ou todo tipo de coisa....
Aqui, eu o encontro nesse pesadelo e o sacudo para acorda-lo desse sonho; empurro você da cama, se for necessário… se tocando em seu braço não consigo, eu o empurro da cama para você sair dessa suposta realidade, para você soltar esses desejos. Então, você já não quer casar de novo, por exemplo, porque vê que é tudo igual; você não está mais preocupado em fazer fortuna, fazer dinheiro para obter coisas, porque você vê que a Realidade não está lá... que a Felicidade, a Liberdade, o Amor, a Paz, não está lá. Então, eu te dou uma sacudidela na cama para você acordar, para você abandonar essa bobagem.
Esse foi o trabalho do meu guru comigo, e é o meu trabalho com você. Como eu faço isso? Como ele fez comigo: Ele entrou em meu quarto e me empurrou da cama. Vinte e um anos é caso de empurrão mesmo! Não basta um toque leve no braço direito para tirar o outro do seu sonho, do seu pesadelo; tem que levar um empurrão mesmo. Como Ele fez isso? Como eu faço com você! Você vê uma foto minha no Facebook e você sonha comigo... Você nunca tinha me visto no Facebook, mas depois você se depara com a minha foto, olha em meus olhos, e eu estou olhando para você e dizendo: “Cadê você, menino? Estou esperando você!”. Foi assim que Ele fez comigo! Você entra aqui no Paltalk, escuta a minha voz por três minutos, e diz: “Quem é esse cara?”. Você está navegando pelo Youtube, se depara com um vídeo meu, e diz: “Quem é esse cara?”.
Eu sou o fim dos seus pesadelos! Não estou dizendo que será fácil mostrar para você a inutilidade de continuar confiando nesse sonho como sendo algo real para si mesmo; mas estou dizendo que posso fazer o meu trabalho. Quando você deixa de acreditar em tudo, você deixa de ser alguém, você deixa de ser alguma coisa, você deixa de ser um objeto nesse espaço, para ser o próprio espaço... o sono termina, o sonho termina e o pesadelo também!
Namastê.
*Transcrito a partir de uma fala em um encontro online, na noite do dia 28 de Julho de 2017 – Para informações sobre os encontros online e instruções de como participar, clique aqui.

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