segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Pare de confiar em pensamentos

Ramana dizia que é tão difícil para um ajnani [não-iluminado] se livrar dos pensamentos, como é difícil para o Jnani [Iluminado] se agarrar a algum pensamento. A dificuldade que aquele que não realizou o Ser tem para se livrar dos pensamentos é a mesma dificuldade que aquele que realizou o Ser tem para se prender a algum pensamento. A verdade é que você já está realizado. Então, o seu trabalho é esse de não se ligar a pensamentos. Existem algumas coisas que vocês podem fazer, ou que precisam fazer, para não se prenderem a pensamentos.
Os pensamentos são sempre ligados a pessoas, coisas, objetos, situações e lugares. O segredo é você observar qual o modelo que funciona aí, que tipo de pensamentos são repetitivos e de qual tipo eles são. É só observar. Não é fazer alguma coisa contra eles, mas somente observar. O ego aí tem um modelo de pensamentos, que são aqueles pensamentos recorrentes; então, esse é o modelo do ego aí. Você não faz nada com relação ao ego, nem com relação aos pensamentos; você observa cuidadosamente, pacientemente. É a mesma experiência de assistir a um filme, quando você vê o filme e fica só observando o que vai acontecer; não faz nada, só observa qual a próxima cena e o que vai acontecer no momento seguinte.
Você não faz nada. Apenas observa cuidadosamente, pacientemente, com bastante atenção, o que o pensamento está mostrando, pois ele tem uma energia e ela tem que se esgotar. Você vê essa energia se esgotar pela observação. Você observa, e aí o pensamento vem e some. Aquele pensamento volta, e você observa novamente que ele vem e some… Você faz isso até aquela energia se esgotar, até aquele pensamento ser vencido pela observação.
Isso é um trabalho paciente, sem pressa. Às vezes você vai ser capturado, e quando isto acontece, você não sabe que está capturado e se embola. Mas daqui a pouco algo acontece e você se destaca novamente daquilo. Esse algo é a presença da Consciência. O processo começa de novo: aquilo aparece, você o observa, e aquilo some... Aparece, você observa, e some. Nesse exato momento da observação, não tem "alguém", somente a observação. O momento que tem "alguém" é quando você está embolado. Esse é um belo exercício de “olhar” para todo o barulho da mente... É um belo exercício.
O sentimento é somente uma energia sem forma. A forma que ele assume é a aquela que o pensamento dá para ele. Mas essa energia do sentimento é uma energia que aparece atrelada a uma ou outra forma de pensamento. Seu Ser está além de sentimento e pensamento. O sentimento, somente como uma energia, não consegue permanecer vivo sem o pensamento. Repito: seu Ser está além de pensamento e sentimento. O pensamento precisa do sentimento, precisa buscar essa energia do sentimento para dar uma forma. Quando o pensamento consegue fazer isso, aparece o sentimento na forma de: “estou triste”, “estou alegre”, “estou com raiva”, “estou aborrecido”, “estou entediado”…
Estes sentimentos precisam do pensamento, de uma história, e você tem que parar de alimentar a história. Quando você para de alimentar a história, essa energia do sentimento se dissipa rapidamente, porque ela não tem um corpo, pois o corpo do sentimento é o pensamento. O ego vive muito viciado em dar forma, em encontrar forma via pensamento e se expressar; essa é a vida do ego. Parem de valorizar a história e, assim, o sentimento perde o poder de se firmar aí, como uma entidade se expressando por meio da raiva, do mau humor, do medo, do desejo, da tristeza, da melancolia, etc. Esses sentimentos bons e ruins são todos sentimentos aos quais o pensamento está dando forma para uma suposta entidade aí, que é esse "você".
Pare de confiar em pensamentos. Se parar de confiar em pensamentos, você vai parar de sentir-se vítima, de achar que precisa fazer alguma coisa, que tem alguma responsabilidade – que deixou para trás alguma coisa ou que foi responsável por algo. Tudo isso são histórias que o pensamento conta, que vão procurar dar forma a essa entidade através do sentimento. Isso é puramente egoico. Não tem ninguém aí! É somente um vício, uma mania, um hábito do ego se manter. Você está além do sentimento, além do pensamento. Você está além dessa reação, dessa sensação interna com uma história mental. Você está além disso.
*Transcrito de uma fala ocorrida em novembro de 2016, num encontro presencial, na cidade de Fortaleza/CE.
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Isso é uma dança divina

Quando nos encontramos, eu nunca tenho nada para dizer a você. Eu também fico surpreso junto com você. Na verdade, eu nunca estou dizendo nada. Eu não tenho nada para dizer mesmo, nada que você já não saiba, que você já não tenha aí dentro de você. Isso não é como ir a um professor e aprender alguma coisa. Satsang, para mim, não é um trabalho; isso é uma dança divina! Estar com você, para mim, não é um trabalho; é estar numa parceira, numa dança.
Eu nunca tenho nada para dizer a você, mas eu amo essa dança. E dança só é bom acompanhado, sabe? Dançar é muito bom, mas acompanhado. Estar com você é como estar numa dança. Isso é a minha "praia". Eu não sou um professor falando de um assunto que estudei, aprendi. Aqui, eu estou compartilhando o que Eu Sou, mais uma vez me reconhecendo naquilo que Você É. Então, isso fica muito simples para mim. É muito natural estar com você, querer você por perto, porque, no fundo, eu sei que você não tem outro lugar para estar; não há nenhum lugar fora de você mesmo para você estar.
Para onde você vai? Para onde você pode ir? Repare que todas as vezes em que você foi para um outro lugar, você sempre se deu mal. Sim ou não? Não é isso? O meu enfoque, a minha abordagem é essa: volte para si mesmo, volte para casa. Às vezes, você fica meio encantado com alguma coisa do lado de fora, como um garoto, uma garota, uma carreira profissional... É mais uma vez a questão do trabalho ou do relacionamento. Sempre as velhas e antigas questões que a gente bate, martela o tempo todo, mas a mente só conhece isso: coisa velha, velharia. É a mesma repetição, como foi com os seus pais. Você acha que eles não ficaram também encantados com o mundo do lado de fora? Olhe para a história do seu pai, da sua mãe. Eles também ficaram encantados com o mundo do lado de fora, o mundo dos relacionamentos, dos objetivos, das conquistas e realizações do lado de fora. Isso é quando você sai de si mesmo... Sai de "casa", vai para fora e se encanta com alguma coisa. Depois a mente diz: “Não é isso, é outra coisa. Também não é aquilo, é uma outra coisa”. Fica assim: de objeto a objeto, a objeto, a objeto...
Eu sei que você, a princípio, quando vem me ouvir, vem trabalhar isso comigo, fica um pouco revoltado, porque, no fundo, você queria que eu alimentasse a sua esperança. No fundo, você gostaria que eu alimentasse essa sua esperança, de que, apesar de não ter dado certo com aquele objeto, dará certo com outro; de que, apesar daquele não lhe ter dado felicidade, o outro lhe dará. Não é assim? Mas, um dia, se permanecer no trabalho, você ficará grato a mim por ter caído fora dessa coisa, ter visto a fraude disso.
A princípio, a mente está muito encantada com isso, porque é uma questão de programação. Você está condicionado a acreditar que alguém, ou alguma coisa, vai lhe dar felicidade; que alguma realização vai lhe dar isso. Então, a minha abordagem é sempre essa: volte para casa. Pare de flutuar na mente, nas imaginações, nos desejos, nos motivos, nas intenções e nos projetos dela. Compreende o que eu quero dizer? Está dentro de você. Do que é que você precisa? De nada, de ninguém, de coisa nenhuma. A Felicidade está dentro de você. O “objeto do prazer” não é o objeto do prazer. O prazer é uma pequena lembrança da Felicidade, que está dentro, e você está preso a objetos. Não é o "objeto do prazer", pois o objeto é só um objeto, e o prazer é uma lembrança, bem longe, de uma Felicidade que já está aí dentro.
Você pode me dar qualquer exemplo. O que é que lhe dá prazer? Tomar um milkshake? Cheirar cocaína, por dar esse efeito químico na máquina [corpo], tocando em alguma região de prazer no cérebro? Isso é com o milkshake, com a cocaína, ou com uma picada de heroína. Essa lembrança, esse prazer, é uma lembrança muito longe da Felicidade de sua Natureza Real. Sua Natureza Real é pura Felicidade. Não é o objeto que lhe dá prazer. O prazer é uma lembrança de sua Natureza Real, mas a mente, que é só esse movimento de memória, presa na ideia de uma identidade presente na experiência, diz que é o objeto. Resultado: essa ilusão, a ilusão de uma identidade presente na experiência, fica presa ao objeto. Aí, quando aquele objeto já não dá mais, ela passa para outro objeto, depois para outro objeto, outro objeto... E você está perdido, distante de "casa", de sua Natureza Verdadeira, que é a Felicidade Real.
Alguns objetos podem parecer dar mais prazer do que outros, mas isso é de acordo com o que o cérebro calcula. Ele fica a serviço do ego, dessa suposta entidade presente nessa experiência, e calcula o que lhe dá mais prazer e menos prazer. Porém, você está dentro de uma armadilha egoica, porque Felicidade não é prazer e não está ligada a objetos, nem a experiências. Estar ao lado de quem você gosta, por exemplo, lhe dá muito prazer, mas repare o que o ego fez e faz deste prazer: uma dependência, o que, na verdade, é sofrimento, é medo.
Você não precisa estar ao lado de quem você gosta, você só precisa descobrir o Amor de sua Real Natureza, e, assim, estará ao lado de todos aqueles de quem você gosta. Se você descobrir o Amor de sua Real Natureza, já estará ao lado de todos de quem você gosta e ninguém será especial. Quando alguém é especial para você, você é muito especial – esse é o sofrimento. Mas, quando o Amor está presente, tudo é Amor, mas nada é especial.
Você descobre o lugar que tem o prazer quando já não precisa dele, não é mais dependente dele, e quando não há mais o sentido de "alguém" na carência desse ou daquele prazer. O prazer é neurofisiológico, a Felicidade não. Por ele ser neurofisiológico, antes da realização Daquilo que você é, o sentido de um "eu" presente, de um ego, de uma ilusória identidade aí, valoriza esse prazer e se agarra a ele, produzindo sofrimento. Você não separa, nunca, prazer do sofrimento, nem o prazer neurofisiológico de sofrimento psicológico. Não tem como separar isso, a não ser no caso do Jnani.
No caso do Jnani, como não tem mais essa ilusão do sentido de separação, do sentido de "alguém", do sentido do ego, o prazer é somente prazer fisiológico. Ele está presente? Sim. Não se trata de conciliar nada. Prazer e dor é algo neurofisiológico. A Felicidade está fora da fisiologia do corpo. O Amor está fora da fisiologia do corpo. Por exemplo, na expressão "tem uma química", que vocês repetem como papagaios, essa “química” é ego, é uma coisa neurofisiológica, biológica, bastante animal ainda, e com uma boa pitada de sentido egoico, coisa que, no animal, é bem mais suave. Nos, assim chamados, seres humanos, isso é bem mais protuberante, violento e miserável.
Portanto, quando estiverem numa relação de prazer, com algo ou alguém, alguma coisa ou alguém, não confundam isso com Amor. É muito fácil verificar isso. O que acontece se o outro trair você, for embora, não quiser mais vê-lo? Se o outro não quiser mais vê-lo, vai ter sofrimento? Se sim, então não é Amor. No Amor não há carência, não há dependência, não há imagens... No amor não há prazer. É preciso a investigação, cuidadosa, paciente e pelo tempo que se fizer necessário, de como se processa aí dentro de vocês.
Onde é que está esse "eu"? É por isso que se requer tempo para o Despertar – uma “Coisa” que não requer tempo nenhum, porque é a sua Natureza Verdadeira agora, aqui. Mas todo esse modelo de repetição, de programação, de condicionamento, de hábitos, durante muitos anos, precisa desaparecer, e isso leva algum tempo.
*Transcrito de uma fala ocorrida em novembro de 2016, num encontro presencial, no Ramanashram Gualberto, na cidade de Campos do Jordão/SP.
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Como viver no mundo sem ser do mundo?

O pensamento criou a ilusão e a sustenta. É a natureza do pensamento trabalhar com formas, e elas são, por natureza, separadas. Todas as formas são únicas. Todas as formas, sem exceção, são criadas pelo pensamento. O pensamento é a base da separação porque é a base das formas. Vocês não precisam brigar com o pensamento, precisam reconhecer o que o pensamento é: o criador das formas. Tudo o que você precisa é deixar o pensamento ser o que ele é. Só assim você poderá permanecer sendo o que Você É.
Você não permanece sendo o que Você É, porque você está brigando com o pensamento, mexendo com ele, se metendo, se embolando, se confundindo com ele. Qualquer pensamento que passa aí, você o assume como sendo seu, como sendo você. Você se confunde com ele. Tudo que aparece, só o faz porque tem forma, a qual é criada pelo pensamento. O mundo é mental. Aquilo em que o mundo aparece não é pensamento, mas é a base da aparição do pensamento, que, por sua vez, é a base das formas.
A arte da Liberação é a arte da Felicidade. Essa arte é a habilidade de permanecer na Fonte, em sua Natureza Verdadeira. Isso é Meditação; isso é Felicidade; isso é Liberação; isso é a Realização de Deus! Só aí o sentido de separatividade termina. O ego é só um conceito dentro desse sentido de separatividade, assim como o sofrimento e o desejo.
“Eu sou o corpo”. Você afirma isso quando se confunde com o experimentador nesta experiência agora, aqui, falando, comendo, andando ou fazendo alguma coisa. É a ideia de ser o autor, o realizador, alguém presente nesta experiência. Quando você faz isso, o sentido do ego aparece, que é um conceito dentro desse sentido de separatividade. Quando esse conceito surge, também surge o conceito do sofrimento para esse experimentador, para esse “mim”, para esse “eu”, para esse ego.
Isso é um equívoco. É só uma confusão. Algo que está aí por falta de uma investigação profunda, honesta, dedicada, séria. Você não está disposto a fazer isso, porque isso termina com “você”, então você foge para a filosofia, para a arte, para a ciência, para a religião, para a música… Você se mantém como alguém. Você só melhora, mas não desaparece. Torna-se uma pessoa melhor e se destaca diante de outras. Torna-se mais sábia, mais espiritual, mais santa; especial. Eles são pecadores e você é um ser divino. Então você está dentro da mesma armadilha criada pelo pensamento. Você é alguém virtuoso, cheio de virtudes… Tudo no ego, é claro. Só o ego pode ser virtuoso, mas o sentido do “eu”, do “mim”, do experimentador, está lá.
As pessoas vêm a mim, vêm a Satsang, mas elas não estão dispostas a prestar atenção para onde eu estou apontando. Estou apontando para o Silêncio, e, no Silêncio, não tem alguém. Eu não quero discutir com elas, mas elas chegam e querem entender isso. Não há nada para ser entendido, Não tem alguém para entender! É só parar de pensar, de tirar conclusões, de buscar mais e mais conhecimento, mais e mais informações. Isso significa um esvaziamento completo de todo este conteúdo. Fica tudo tão simples, porque não tem informações, não tem conhecimento, não tem teorias, não tem crenças. Não existe nada disso! Não tem você! Isso é Satsang, o encontro com o que está tornando tudo possível.
Aquilo que É – onde o que está presente se apresenta para desaparecer no momento seguinte – é Meditação, Presença, Consciência, Ser, Deus. Não tem nada a ver com as formas. Não é a forma. Se a forma pudesse afirmar isso, seria uma ilusão, porque isso não é a forma, isso é onde a forma aparece. Então, quando eu chego aqui e afirmo “Eu sou Deus”, estou falando algo que é o que É. Não é a forma.
Quando Deus aparece a Moisés na sarça queimando, em Horebe, Ele diz: “Vá ao faraó e diga: ‘Eu Sou! Eu Sou me enviou a vós’”. A sarça tem a forma de fogo, mas é uma sarça pegando fogo. É curioso, porque ela pega fogo, mas não se consome. Deus diz: “Vá e diga ao faraó: ‘Eu Sou!’” Deus está dizendo para Moisés: “Eu Sou. Não tem Moisés”. Não é: “Deus me enviou para você faraó”. Deus não disse isso para ele. Disse: “Eu Sou me enviou a vós”. Deus está dizendo: “Não tem Moisés, só tem Eu”.
Não tem a forma; não tem o nome. Eu sou! Você está aqui e Eu Sou me enviou a vós para tirar você do Egito, da terra da escravidão. “Terra da escravidão” é essa ilusão, o sentido da separatividade. Esse é o seu “Egito”. O seu “Egito” é o sentido da separatividade. Eu Sou me enviou a vós para tirar você daí, com o braço estendido e mão forte. Esse é o sentido do Guru, esse é o sentido do Eu Sou. Não tem nada a ver com Marcos Gualberto, não tem nada a ver com Moisés. Não tem Moisés, não tem Marcos Gualberto.
Quando o meu Guru apareceu, ele não apareceu como um indiano, ele apareceu como Deus. Eu nunca vi Bhagavan como um indiano. Eu nunca vi meu Guru como uma pessoa. É um equívoco você chegar aqui e achar que tem um professor. Um professor é Moisés, um pastor de ovelhas, uma pessoa. O Guru não é uma pessoa. O Guru é o Eu Sou! A coisa é assim. Você não pode lidar com isso nesse formato: o professor e seus alunos. Não tem professor, não tem alunos, só tem o Eu Sou.
Então, quando você volta para a Fonte, você volta para esse Eu Sou, mas esse Eu Sou não é o “eu sou” que o pensamento imagina. É o Eu Sou que está além do pensamento. Se está além do pensamento, está além das formas, além do corpo. Aí está a Bem-Aventurança, aí está o Nirvana, o Reino dos Céus, a Liberação, o fim do “eu”, o fim do mundo.
É tanta coisa acontecendo nessa sua história... Chegará o dia em que você não vai mais se importar. Nesse dia, será algo semelhante a um sonho que você sabe que é um sonho. Então, você não se importa. Na mente, identificado com ela, você está dando muita importância a isso.
Perguntador: Como viver no mundo sem ser do mundo?
Mestre Gualberto: Viver no mundo sem ser do mundo é assumir isso: a verdade de que não importa o que está acontecendo. Só está acontecendo porque Deus assim quer que aconteça; só está acontecendo porque o autor deste filme, o diretor, os atores, as cenas, o operador de áudio, o cinegrafista, determinam que seja assim. Viver nesse mundo só é difícil para você porque você faz questão disso.
Sua vida real não está neste mundo. Sua vida irreal é muito difícil, porque nessa sua vida irreal você faz questão de ser alguém – alguém que sabe o que anda acontecendo, que quer mudar as coisas, fazer diferente. Você só precisa de uma coisa para viver no mundo sem ser do mundo: desidentificar-se do corpo e da mente, da história de alguém. Você faz isso no momento em que, aí dentro, você aceita que tudo é a vontade de Deus. Então, o mundo passa a ser de Deus e essa sua ilusória vida desaparece. Aí, a vida real está presente.
A dificuldade de viver no mundo sem ser do mundo está nessa sua vida ilusória, que é a vida em que você está escolhendo, controlando, decidindo, resolvendo, tentando fazer, aceitando algumas coisas e rechaçando outras. Buscando o prazer e tentando se afastar da dor, ou daquilo que parece que não vai lhe dar prazer. Você faz isso para encontrar algo que lhe dê prazer.
Portanto, só há uma forma de viver no mundo sem ser do mundo: deixando o mundo em paz; não se metendo com os assuntos de Deus; deixando Ele fazer tudo o que Ele quer, sem achar que pode fazer melhor do que Ele, sem tentar fazer melhor do que Ele. Nesse momento, há um “relaxar” em Sua Vontade. Aí, o seu ego, o seu “mim”, o seu “eu”, esse sentido de alguém, deixa de ser importante. Quando você assume isso, ele desaparece. Quando ele desaparece, o mundo desaparece. Você deixou o mundo em paz. Essa é a Liberdade, é a Felicidade, é a Realização de Deus.
Assim, o problema não é viver no mundo, mas sim a ilusão de que tem “alguém” aí. O mundo não é o problema. O mundo está em paz quando está livre de você. Ele só é um problema para você quando você não o deixa em paz. E é um problema só seu! Você nasceu para realizar seu Estado Natural. Isso não faz de você um ser especial, um ser espiritual, um ser sobre-humano. Seu Estado Natural apenas revela a única “Coisa” que é real, em meio a todos estes fenômenos que vêm e vão. Seu Estado Natural revela que só há Deus. Então, o mundo é uma aparição inofensiva em Deus.
Quando vocês fazem perguntas como essa, vocês querem, na verdade, se livrar do mundo. Quando vocês perguntam coisas desse tipo, não é porque estão insatisfeitos com o mundo. Na verdade, vocês querem se livrar da dor que o seu ego experimenta no mundo. Mas o seu ego é a dor nessa experiência do mundo. Se você pudesse viver no ego sem o sofrimento do mundo... É o que você gostaria de ter.
A questão é: onde estaria o mundo se você não estivesse aí? Ele seria esse problema? Ele seria esse sofrimento? Estão dizendo aqui que não. E por que não? Tudo que Deus é, é perfeito. Em outras palavras: tudo que Ele faz é bom! Não é bom porque você acha bom. É bom porque Ele faz! Tudo que Ele faz é bom, porque Ele só faz o que decide fazer. Então, é perfeito. Portanto, o problema não é o mundo como ele é. O problema é a ilusão que a mente aí produz para esse alguém que você acredita ser, tentando uma relação impossível com o mundo, uma relação desse sentido de separação, que é conflito, sofrimento, miséria.
Não tem você aqui, só tem Ele, e, Nele, não há nenhum mundo separado sendo visto. Essa separação é a ilusão desse “você” aqui presente. Você não escolheu nascer, e agora cria a ilusão de que você pode escolher viver dessa ou daquela forma. Aqui está o conflito. Se você não escolheu nascer, você não tem escolha de como viver e se continua vivendo ou não. O conflito surge só porque a ideia de “alguém” surge aí; a ideia de uma pessoa, um indivíduo, alguém presente, essa coisa chamada vida pessoal, vida humana, vida individual.
É como a água, que uma hora é vapor, outra hora é líquida, outra hora é gelo. Como se ela tivesse escolha... Nessa escolha, ela conflita com o que é, porque se ela é vapor e escolhe ser líquida, ela está em conflito; se ela está em estado líquido e escolhe ser vapor, ela está em conflito; se ela está como gelo e escolhe ser vapor, ela está em conflito. Essa ideia de ser ou ter algo diferente é o conflito.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 14 de Outubro de 2016, num encontro aberto online.
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Um completo e total envolvimento de coração

Esse trabalho de Realização acontece quando há entrega e paciência. Isso é fundamental. Não há como realizar Deus, realizar a Verdade sobre si mesmo, sem entrega e paciência. Esse trabalho é o maior de todos os empreendimentos em sua vida, porque isso significa reconhecer a Verdade.
Se você observar de perto, você vai perceber que não há muito interesse nisso por parte daqueles que estão próximos a você, em seu círculo de amizade. Realizar a Verdade é uma coisa muito rara! É curioso dizer isso… O único propósito real da vida é realizar a Felicidade. Essa realização da Felicidade é a realização da Verdade sobre si mesmo. O curioso aqui é que esse é o propósito real da vida humana, mas muito poucos estão nesse empreendimento; muito poucos estão, de fato, envolvidos nisso.
Aconteceu na sua vida um momento assim, de grande atração por isso, e isso, em si, é um grande milagre. Uma grande e inexplicável ação da Graça na sua vida. Eu vou repetir isso: observe as pessoas com quem você está em contato. Elas não estão interessadas nisso. O assunto delas é futebol, política, situações diversas acontecendo nesse país e ao redor do mundo... O assunto delas versa sobre relacionamentos, família, projetos, sonhos, profissão... enquanto que você está aqui nessa sala, nesse espaço chamado Satsang.
Satsang significa encontro com a Verdade, encontro com a Realidade, encontro com o que É. Esse é o encontro com a Felicidade, é o encontro com a sua Verdadeira Natureza, que é essa Realidade de Deus em você. E se você está aqui, é porque esse é o único momento para você. Esse momento é o momento da paciência, é o momento da entrega, é o momento de voltar o seu coração para a única coisa que importa. Perceba que você está sozinho nisso. É uma das coisas que começam a ficar muito claras quando você se depara com esse trabalho, porque aqueles que estão à sua volta não comungam disso, não têm a mínima noção, o mínimo interesse, não estão dispostos ao mínimo envolvimento com isso.
Eu quero lhe dizer neste encontro, neste momento, neste Satsang, que é necessário que você entregue o seu coração a isso totalmente, completamente. Você acaba de desconfiar que há algo fora do lugar nesse modelo comum, aquilo que é amplamente aceito e reconhecido como algo normal, como padrão humano. Existe algo além disso, além desse padrão. Nesse padrão comum não há Paz, não há Liberdade, não há Sabedoria, não há Amor, não há Felicidade. O que é desafiador em Satsang é você ouvir que a vida centrada nesse “sentido de alguém” com uma história, com diversas formas de experiências, com amplo, ou não tão amplo, círculo de relacionamentos, que realizou ou está lutando para realizar algo, é uma fraude e o que ele está vivendo é uma ilusão, sendo necessário que ele desapareça.
É isso que soa muito complicado para você a princípio, e, no entanto, aqui está você diante de um fato. Repare que tudo aquilo que você já realizou não foi suficiente, e se você olhar para outros que já realizaram o que você ainda pretende realizar, você vai perceber que eles continuam no mesmo padrão, que é o padrão comum a todos: problemas e toda forma de sofrimento.
Eu tenho algo para lhe dizer nesse encontro: nada disso é real. A vida centrada na experiência comum a todos é uma grande ilusão. Você é algo além disso, você é algo muito maior que isso! Quando eu falo “você”, quando eu uso essa expressão, eu não estou falando dessa entidade, dessa imagem que você faz de si mesmo, de si mesma. Estou falando Daquilo que está aí além do corpo, além da mente, além do mundo, além desses mesmos relacionamentos, além dessa história pessoal.
Eu falo de sua Natureza Verdadeira, dessa sua Natureza Real, a Natureza de Deus. Você é Amor, você é Felicidade, você é Liberdade, você é Paz, e a única coisa que você está aqui para realizar, conquistar é Isso: Si mesmo.
Na história, nós ouvimos falar de grandes homens e mulheres, figuras importantes, verdadeiros “sucessos” em algumas áreas, por isso o nome deles estão registrados aí na história. Mas quando você olha para a vida deles, você percebe que eles conquistaram muita coisa, realizaram muita coisa, mas eram homens e mulheres bastante problemáticos, bastante infelizes, bastante miseráveis, apesar do sucesso. A sua Natureza Verdadeira, a sua Natureza Real, Aquilo que você É em seu Ser, é a única Realidade. Isso não tem nada a ver com uma história que possa ser contada por alguém depois. Isso não é algo que fará você ser lembrado como alguém importante, que fez algo, que realizou alguma coisa.
Isso do qual estou falando tem a ver com aquilo que você É, com a Verdade sobre você, com a Liberdade que é você, com a Paz que é você, com o Amor que é você, com o Silêncio que é você. Isso é possível nesse Despertar; isso é possível nessa Realização; isso é possível no fim desse ilusório sofrimento que o pensamento tem produzido, que a mente tem produzido, dando realidade àquilo que não tem, fazendo real aquilo que não é real. Eu falo dessa entidade separada.
Definitivamente, você não é uma pessoa. Definitivamente, não há nada que você possa realizar. Definitivamente, não há nada que você precise realizar. Tudo que de fato você precisa é constatar a Verdade, a Verdade sobre si mesmo. Isso é o fim desse ilusório sofrimento. Isso é o fim do sentido de separação.
Esse tem sido, e está sendo, o recado que estamos compartilhando e que continuaremos compartilhando. E isso, com certeza, é para você. Há algo dentro de você “queimando” por isso, por isso você está aqui nesse encontro. Portanto, a coisa toda está nessa paciência e nessa entrega, nesse envolvimento total e completo, de todo o seu coração. Então, isso torna possível essa constatação.
Essa é a única Realização! Não há outra! Constatar Aquilo que você É, é a única Realização. Isso não vai colocar o seu nome na história, isso vai lhe mostrar que você está além da história; isso vai lhe mostrar que você está além do corpo, além da forma, além do nome, além do sucesso e do fracasso. É basicamente isso.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 11 de Novembro de 2016, num encontro aberto online.
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sábado, 21 de janeiro de 2017

A mente não é sua

Você acredita que é esse “alguém” fazendo algo...
Algumas vezes você já se pegou um pouco curioso quanto a esse movimento [dos pensamentos]. Você viu claramente que era como se alguns pensamentos tivessem sido colocados dentro da sua cabeça; não eram exatamente seus. Em alguns momentos, você ao menos desconfiou que eles não eram seus. Você notou: “Mas como posso estar pensando isso? Isso é completamente absurdo, é completamente louco! Mas que pensamento estúpido! Eu não sou capaz de fazer isso, de cometer tal coisa, ou de pensar dessa forma, no entanto, o pensamento está aqui e eu não consigo me livrar dele...”
Então, essa voz aí dentro, esse movimento aí dentro, com o qual você se confunde, é a causa de todo o conflito, de toda a luta, de todo esse desespero. Pensamentos que não deixam você dormir, não deixam você em paz... Você tenta expulsá-los, tenta ocupar esse espaço de pensamentos perturbadores com alguma outra coisa, com um outro modelo de pensamentos, com uma outra série de pensamentos. Então você vai ler um livro, vai ver televisão, vai ouvir música, ou vai tentar fazer coisas para que a mente não se movimente dessa forma, porque ela produz desconforto, ela produz guerra, ela está em desacordo com ela mesma, está em contradição, em conflito. Você passa a maior parte do dia ocupado com pensamentos. 1% desses pensamentos têm um lado prático nesse seu dia, mas 99% são pensamentos inúteis, pura imaginação, pura fantasia.
Uma coisa que você não percebe, e que é bastante real, é que durante o dia você sonha da mesma forma que você faz à noite. A diferença é que quando você tem um sonho à noite, ele parece desconexo, um pouco sem pé nem cabeça, sem começo, sem fim e sem continuidade. Já no estado de vigília, seu sonho parece mais conexo, com princípio, meio e fim. Então, a mente, no estado de vigília, não tem a liberdade que ela tem no estado de sonho; ela é mais lógica, mais sensata, mais educada, mais organizada, enquanto que no sonho ela é desconexa, desorganizada, e mais livre para criar o seu mundo. No entanto, ambos os mundos – o mundo do estado de vigília e o mundo do sonho – são imaginações, pensamentos produzindo imagens. Isso não é real. Durante o sonho, à noite, você sonha estar com alguém e, durante o dia, no estado de vigília, você sonha ser amado ou gostar de alguém, ou estar distante ou próximo de alguém. Mas esse “distante e próximo” é pura imaginação, porque, de fato, você não está próximo nem distante de ninguém.
Na mente egoica, nessa mente inquieta, você está em um mundo muito privado, muito particular; em um mundo ilusório de uma entidade presente, separada, ocupada somente com as próprias imaginações, crenças, conceitos, opiniões, julgamentos, avaliações do que é e do que não é, do certo e do errado, criando e produzindo constantes estados sentimentais e emocionais, que vão da alegria eufórica, em um extremo, a outro extremo de profunda depressão, tristeza, angústia e solidão. Esse é movimento do “eu”, dessa suposta pessoa que a mente aí diz que é você. E você confia nisso, você aceita isso como real, e, no entanto, tudo isso é uma forma de sonho. O seu mundo é sonho, o sonho da mente. A mente não é sua. O seu mundo é a ilusão de um mundo particular e privado, algo que nós chamamos de “pessoa”; mas não há pessoa, só há a crença, essa ideia, esse conceito, essa imaginação.
Estamos juntos?
Você nunca descansa disso, a não ser quando dorme em sono profundo. Aí, essa sua história – que é imaginação, que uma hora aparece no estado de sonho, à noite, e outra hora no estado de vigília, durante o dia – desaparece. Quando essa história desaparece, todo o sofrimento desaparece, todos os seus problemas desaparecem. Essa mágoa, esse ressentimento, esse sentido de abandono, de solidão, de falta de algo ou de alguém, o desejo, o medo, tudo isso desaparece em sono profundo, porque o sentido ilusório de alguém presente, seja no sonho que acontece à noite, seja no estado de vigília que acontece durante o dia, desaparece.
O que significa esse encontro? Um encontro de investigação dessa natureza ilusória do pensador, do fazedor, do autor dos pensamentos, do autor das ações. Eu estou dizendo que ele não é real, e você pode constatar isso, você pode e precisa constatar isso diretamente.
Você não conhece o outro. Não tem o outro para ser conhecido. Não há o outro porque não há você. O outro é só uma ideia em cima dessa ilusória pessoa que você é. O outro é uma necessidade dessa mente egoica. Repare que todos os níveis e formas de relacionamento que você conhece e aprecia estão baseados em concordância, em opiniões comuns. Uma luta constante entre opiniões e desejos comuns, afinidades, reciprocidades... Há uma luta constante porque o sentido do “eu” presente precisa de atrito, precisa conflitar, ele precisa de resistência. Então aquilo que parece ser comum, que une duas pessoas, como uma opinião, uma conclusão, uma afinidade de desejos, nada disso é real. Elas estão brigando entre elas, estão constantemente se ferindo, conflitando uma com a outra, divergindo uma da outra. Então, o relacionamento fica muito interessante. No ego, vocês amam isso: amam o conflito, a competição; amam lutar, disputar, competir...
Percebem isso?
Todos que você busca encontrar e com eles conviver, e que você diz amar, são assim. Ele ou ela estará sempre pronto para ferir você, ofender você, magoar, entristecer, chatear, aborrecer... E você ama isso. Esse sentido do “eu” presente precisa resistir a isso, precisa lutar contra isso, odiar isso, rejeitar isso, não querer ser tratado assim pelo outro. Isso é o que eu chamei de amar. Esse sentido de resistência fortalece o sentido do “eu”, alimenta o sentido do “eu”, desse “mim”. Esse “eu” ama isso. É bem paradoxal: você não quer isso para a sua vida, mas, na verdade, você quer muito isso, porque isso traz sentido para a vida do ego, para a vida da pessoa que você acredita ser.
Eu tenho observado isso muito claramente em Satsang. Quando as pessoas vêm a mim, elas não querem se livrar da pessoa que elas acreditam ser. Elas querem ter só um alívio temporário, porque elas não se suportam nesse comportamento doentio, infeliz, miserável. Então, elas querem um alívio, mas não querem a Liberdade. A Liberdade é o fim do “eu”, é o fim dessa mentira, é o fim dessa ilusão, é o fim do relacionamento, é estar só. Não é estar isolado, é estar só em relação com tudo, inclusive com pessoas; pessoas mais próximas, como namorada, mulher, filhos, marido, ou pessoas mais distantes, como o padeiro da padaria lá da esquina, a menina do caixa do mercado... Estar em relação com o mundo à sua volta, com coisas à sua volta, com pessoas à sua volta, mas sem mais essa ilusão de se sentir uma pessoa, valorizando pessoas, se confundindo com essa ilusão, buscando essa gratificação egoica nos relacionamentos.
Não há felicidade no outro, porque não há felicidade aí, em si mesmo, quando o outro é uma projeção desse desejo de ser alguém. E essa “firmeza” se estabelece nesse estado conflituoso, nesse estado de guerra, de disputa, de confusão. É necessário ir além do sentido do “eu”. É necessário descobrir o que é estar só, livre do medo, livre dessa carência, desse desejo de produzir conflito para si mesmo, de apreciar o conflito consigo mesmo, nesse, assim chamado, “outro”.
Como soa isso para você? Ficou muito confuso?
Estou tratando com você de algo que você pode observar, que você pode constatar, e, de imediato, dar um salto para fora disso, porque está sendo visto. Só quando você não vê o jogo é que ele se mantém inconsciente. Aí, você não entendeu o que é estar sozinho. Estar sozinho é estar numa relação real, numa relação real com a vida, com tudo e com todos. Uma relação real é a relação onde o pensador, o fazedor, o sentido de alguém não é importante. Isso só é possível quando, nessa plena atenção desse movimento interno do “eu”, ele é desmontado; quando o desejo de ferir e ser ferido não está presente; quando o desejo de magoar e ser magoado não está presente; quando o desejo de segurar o outro e explorar o outro em nome do gostar, do amor, e de ser explorado pelo outro, nesse antigo jogo de querer ser amado e apreciado, não está presente. Esse outro não é real. Estar sozinho é a única possibilidade real. Quando se está acompanhado, se está na ilusão de ser alguém, de ter alguém para si mesmo e ser alguém para outros. Aí está o sentido da separatividade. Aí está a ilusão dessa ego identidade. É necessário romper com isso!
Você está sozinho! Na verdade, todo o universo aparece nesse “estar só”. Só há você, e você é essa Presença, essa Consciência, você é Deus. Em Deus, todas as aparições são aparições Nele, não é algo separado Dele. Quando se está só, não há o sentido de separação, porque não há dois, não há “você e o outro”. O pensamento criou o outro, o desejo criou o outro, o medo criou o outro, o sentido do “mim” criou o outro, o sentido do “eu” criou o “tu”.
O Amor só é possível quando se está só. Só há Amor em Deus. Deus é Amor. Mas esse não é um “só isolado”, é um “só de Totalidade”, de Presença, onde todas as aparições aparecem nesse Único.
E agora você diz: “É assustador notar isso, mas é bem assim. E há um medo enorme de deixar esse modelo, pois é só o que conhecemos: procurar a felicidade sendo alguém para alguns”. É exatamente isso. Essa procura de felicidade que a mente conhece, nesse sentido de separatividade, nesse sentido de ilusão, é a procura de preenchimento no outro. Isso não é felicidade, isso é miséria, é sofrimento, dependência, carência, desejo de ser ferido, de ser magoado, de ser ofendido, de sofrer. Então, ninguém nesse mundo está na busca da Felicidade, não pode haver “alguém” na procura dessa coisa. A procura da felicidade é a própria causa, a própria razão da infelicidade. A Felicidade é sua Real Natureza, e em sua Real Natureza só há Você. Em seu Ser você é a Felicidade, e esse Ser que é Você, que é Real Felicidade, é a Felicidade de todas as aparições, e isso “inclui” o outro, o mundo, todo o universo. O Amor é assim. No Amor não há o outro, não existe o outro. O Amor ama a Si mesmo. Ele ama a Si mesmo em tudo, em todas as coisas, em todos os seres, em todas as formas.
E agora? Continua confuso?
Estamos falando a partir desse Espaço, que é Consciência, que não vê separação, que não vê o primeiro e o segundo. Esse Espaço é você em seu Ser. Viva, compartilhe, a partir desse Espaço. Esse é o único Amor possível que você pode dar ao mundo. Um Amor que só é possível quando se percebe claramente que não há você e o mundo. É o único Amor possível para se viver nos relacionamentos, nas relações, quando se descobre que não tem o outro; não é o outro ali, é você mesmo, é você mesma. Então, toda a ilusão cai, toda a mentira cai, todo o medo cai, toda a preocupação de ser enganado, traído, e o desejo de ser enganado, de ser traído, de competir, de lutar… Tudo isso termina, porque o ego termina.
Ok, pessoal? Tem algo mais? Vamos ficar por aqui, então.
Deixe isso se assentar aí em seu coração. Não reflita, não pense sobre isso! Apenas se permita isso, relaxe nisso, desperte nisso! Permaneça em seu Ser, neste Silêncio!
Ok? Namastê!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 9 de Janeiro de 2017, num encontro aberto online.
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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Quero convidá-lo a ir além do ego

Nós estamos, nesses encontros, descobrindo a Verdade sobre nós mesmos. A mente vive carregada de conceitos equivocados. Enquanto você estiver confiando na mente, você estará em apuros. Em apuros, porque você está fora, alienado da Verdade; está nesta autoconfiança, fora do seu Verdadeiro Estado, que é o seu Estado Natural. Você estará sempre dentro de limitações e é uma das coisas que, neste trabalho, precisamos também compreender, de uma forma clara. Essas limitações, que você tem em sua vida, são limitações mentais – a mente produzindo prisões, limitações.
Uma vez que esteja se vendo como uma entidade separada, sendo uma pessoa, você vai sempre ter problemas (problemas de ordem pessoal) e isso inclui todo tipo de dificuldade que você encontra. Você precisa ir além disso, além dessas crenças, limitações e dessa programação, que é a programação da vida mental, da vida egoica.
Quando você acorda pela manhã, cerca de três, quatro segundos após estar acordado, ainda deitado na cama, não há pensamentos acontecendo... Por dois ou três segundos. Mas, logo, os pensamentos começam a chegar... Antes mesmo de você abrir os olhos, eles começam a chegar. Nesses primeiros segundos – um, dois, três segundos – você está, ainda, sem nenhuma lembrança, sem pensamento... em seu Estado Natural ainda; você está saindo do sono profundo! Mas, logo, os pensamentos começam a se movimentar e a história pessoal começa a chegar e, com ela, as limitações da mente, do ego.
Quando você acorda pela manhã, por um, dois, três segundos, você ainda está bem, mas, depois disso, começa esse "seu" dia. Antes de você começar a pensar sobre as atividades diárias daquele dia, antes desse movimento, você é a própria Consciência, a própria Realidade. Antes dos pensamentos chegarem, aquele é o seu Estado Real, seu Estado Verdadeiro.
Eu quero falar um pouco sobre isso com você, nesse encontro. Quero convidá-lo a se esquecer dos seus problemas. Você faz isso quando abandona essa autoconfiança que o pensamento tem produzido, dentro da sua cabeça.
Eu vejo você se queixando de limitações – limitações de saúde, limitações nessa questão de vida emocional, vida afetiva, relacionamentos, limitações de dinheiro – e tudo isso implica conflito e dificuldade para a pessoa. É necessário romper com isso e ir além dessas limitações! Uma vez que comece a confiar em si mesmo, você se vê limitado na saúde, na vida emocional, nos relacionamentos, no dinheiro e assim por diante.
Eu quero convidá-lo a esquecer os seus problemas! É possível esquecer os problemas esquecendo o "eu", o "mim", o ego, voltando para o seu Estado Natural. Existe um Poder que sabe como tomar conta de tudo no seu lugar, pois você só tem atrapalhado! Mas, isso se você permitir, se parar de ser a barreira, de criar um impedimento. Você precisa se lembrar de quem Você é, esquecendo-se de quem você acredita ser, essa pessoa tão importante que controla, que acerta tudo e que dispõe de tudo do próprio jeito, da própria maneira. Quando age assim, nessa autoimportância, você está se lembrando desse "si mesmo", então, seus problemas todos aparecem. Dessa forma, você não vive sem problemas.
Eu quero convidar você a render o seu ego, seu orgulho, seus conceitos, suas opiniões, questões e objeções, suas perguntas e respostas prontas, sua lógica. Então, esse Poder trabalha! Esse Divino Poder pode operar, pode trabalhar, pode realizar algo em seu lugar, no lugar desse seu orgulho, da sua vaidade, do seu desejo, da sua limitação.
Você está ouvindo isso?
Enquanto você estiver no controle, vai lhe faltar dinheiro. Enquanto você estiver no controle, vai lhe faltar amor, paz, liberdade; vai lhe faltar aquilo que é básico, porque o seu ego está no controle. Você precisa render o ego! Eu vejo muita resistência em você, muitas questões, muitas respostas prontas, muitas opiniões, muitos conceitos, muita confiança, muita crença. Você está o tempo todo pensando, a cada momento! Está sempre pensando, se preocupando, tentando corrigir, consertar, acertar, controlar, pensando de uma forma limitada, confiando em si mesmo. Não há entrega, não há confiança no Divino, não há confiança na Verdade, não há confiança na Graça, não há confiança em Deus!
Entra mês e sai mês, entra ano e sai ano, e tudo continua da mesma forma. Você precisa entregar a Deus o que é de Deus e é de Deus esse Poder para realizar tudo. Mas, você está atrapalhado, porque você está atrapalhando; seu ego está presente e ele bloqueia tudo!
Participante: Eu tenho que trabalhar!
"Eu tenho que ganhar", "eu tenho que fazer", "eu tenho que obter isso e aquilo", "eu tenho que me livrar disso e daquilo", ou "eu tenho que consertar isso e aquilo" – nada muda!
Eu quero convidá-lo a esquecer esse "você", que você acredita ser. Assim, você se torna, ou se apresenta, simplesmente como É – puro Ser. Essa é a maneira de você realmente Ser! Você deixa o mundo sozinho, deixa as coisas e as pessoas sozinhas, para de intrometer-se nos assuntos de Deus, nos assuntos da Graça e, então, Ela começa a tomar conta de tudo para você, no seu lugar, melhor que você.
Um grande Mestre disse: "Não pensem sobre o amanhã, sobre o que comer, sobre o que vestir. Não é a vida mais do que o alimento, não é o corpo mais do que as vestes?". Esse mesmo Mestre disse: "Olhem os pássaros. Eles não ajuntam em celeiros, não semeiam, não colhem e o Pai os alimenta!". Ainda disse: "Os lírios se vestem de forma tão majestosa que nem mesmo Salomão, em toda sua glória, conseguiu se vestir como um deles!". Esse grande Mestre disse: "Coloque em primeiro lugar o Reino de Deus e tudo mais lhe será acrescentado, tudo mais se resolverá!". Mas, você não confia nisso! Você vive numa autoconfiança puramente egocêntrica. Você diz: "Eu não tenho dinheiro!", "Eu não tenho tempo!", "Eu não tenho saúde!", "Eu não tenho paz!"... É porque você está colocando isso em primeiro lugar; não está colocando Deus, a Verdade, em primeiro lugar.
Como pode realizar Deus, se Deus é a última coisa? Se, primeiro, você quer acertar, resolver, tudo antes, todos os assuntos que a própria "pessoa" criou, as limitações que a própria "pessoa" criou, como as limitações de tempo, de dinheiro, de saúde, de paz, nos relacionamentos... E assim por diante.
Não há entrega, não há rendição do ego! Seu Ser é o seu Coração, que não é o coração humano, mas é o seu Coração de Deus, onde tudo se resolve. Você como Consciência, Presença, Deus, não tem problemas, nenhum problema. Tire sua mente desse mundo, tire sua mente da "pessoa" que você acredita ser, e volte-a para Deus, mergulhe-a no Coração. Em outras palavras: não permita sua mente continuar ditando quem você é! Se ela continuar ditando quem você é, você estará sempre vivendo na limitação da "pessoa" que acredita ser. Você tem que permitir esse Poder, essa Presença, essa Graça, tomar conta de você. Esse Poder misterioso, que sabe, sabe de tudo que você precisa, necessita... Esse Poder, que é a própria Presença, a própria Graça em seu coração.
Significa rendição dos seus desejos, do seu ego, desse poder que "você tem", desse controle que "você tem". Essa entrega, essa confiança, na Índia, eles chamam de Shraddha, que é a mesma expressão para a fé... Shraddha! É necessário ter fé, a rendição a esse Poder maior, que está além dessa "pessoa", que você acreditar ser, e isso significa desidentificar-se do ego, destes pensamentos pessoais. Essa desidentificação, essa plena confiança Naquilo que move tudo, faz tudo, realiza tudo – que não é você – chama-se, na Índia, de Shraddha, a fé no Divino.
É curioso, porque a Bíblia também diz algo assim. Ela diz: "Sem fé é impossível agradar a Deus! Aqueles que se aproximam de Deus devem confiar que Ele existe e que Ele é galardoador daqueles que O procuram, daqueles se aproximam Dele". Se você não pode confiar nisto, você fica em apuros, porque está nessa autoconfiança, nessa procura pessoal para resolver tudo, os assuntos que não são os "seus" assuntos, mas sim os assuntos de Deus. Deus é Aquele que cuida de tudo... Ele é a única Realidade presente; não é esse "você" que você acreditar ser. Esse "você" é o problema, como esse "mim", esse "eu", esses pensamentos que passam dentro da sua cabeça, o tempo todo.
Eu quero convidá-lo a voltar para aqueles primeiros segundos em que você acorda pela manhã e não tem pensamentos pessoais. Não para um, dois, três segundos, em que, logo, os pensamentos surgem e, com eles, as limitações, os problemas que você cria para si mesmo, naquele dia. Assim, você não expressa mais suas ideias, suas questões, seus desejos e medos. "Sua vida" não é mais sua, pois você não vive mais para si mesmo. Você está vivendo para Deus, para a Verdade! Seu tempo, agora, é de Deus; seus relacionamentos, agora, são totalmente de Deus e seu dinheiro também. Esse trabalho, aí, não é mais o seu trabalho! Você não é mais o autor disso!
Participante: O que o Senhor falou sobre "não se expressar"? Não entendi direito!
Mestre: Sua autoexpressão é sempre egoica! Para o ego, autoexpressão é o poder de tomar decisões e resolver. O ego está sempre procurando isso, o controle, a ilusão de ser o autor, aquele que decide, que faz, que realiza, que determina como as coisas devem ser.
E aí, pessoal? Algo mais? Alguma pergunta ou você vai desistir? Você, de fato, vai esquecer esse "você", que você acredita ser?
Ok, Pessoal! Vamos ficar por aqui! Namastê!
*Transcrito de uma fala ocorrida num encontro aberto online.
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sábado, 14 de janeiro de 2017

A real religião

Julgar as obras de Deus é um grande pecado. Esta formiga é diferente daquela. Mas isso é um problema de Deus, não seu. Não julgue, não compare, não critique. Sua avaliação é muito estúpida. Deixe as coisas lá, livre-se da dependência dela. Então, você é absolutamente Livre.
Sem mente, sem julgamentos, sem conflitos, sem problemas, sem arrependimentos, tudo está bem, no lugar. Esse ou aquele pensamento é só um pensamento. Se você não se envolve com ele, não há problema.
O que eu descobri é que é muito fácil, não requer nenhum esforço, ser livre. Tudo o que você precisa é não confiar em nenhum pensamento, parar de ter certezas acerca das coisas, das pessoas e dos lugares.
Você tem certezas? O que você conhece? Você conhece o interior das coisas?
Estou certo ou errado?
Vocês percebem? Não adianta vir ao templo, sentar por duas horas em meditação, fazer o puja, comer o prasad, rezar bastante, fazer o ritual do fogo, fazer tudo isso, se curvar aos pés do Guru e não estar atento ao que se passa aí dentro no dia-a-dia, todo dia, toda hora.
Religião não é isso. Religião real não são práticas externas, é ter o coração e a mente em Deus, todos os momentos, em todos os lugares. Minha mente, meu coração, meu corpo dedicados a Deus – isso é Religião. Viver sem conflitos, viver sem desejar nada, não se preocupar com nada. Você faz a sua parte, mas não vive preocupado; você é cuidadoso, sai do salão e o tranca para que os ladrões não o roubem, mas você não fica pensando sobre o salão depois; você faz a sua parte e confia em Deus. Para mim, isso é Religião: nascer em Deus, viver para Deus e morrer em Deus.
Você quer isso? Verdadeiramente? Então pare de criar confusões, pare de exigir, pare de se impor, pare de controlar, pare de julgar, pare de jogar pedras nos outros. Se você feri-los, vai ficar complicado. Tudo o que você faz, só complica. Deixe Deus fazer tudo, que Deus cuidará de tudo e você não terá problemas. Entendem isso? Quando você faz, tudo fica complicado; quando Deus faz, tudo fica leve. Mas vocês são teimosos...
Os dias passam, muitos de vocês ficam mais próximos, e vão percebendo que tudo é muito simples! Não é assim? Vivendo comigo no dia-a-dia, você vai percebendo que tudo é muito simples! Mas alguns não querem isso, a maioria não quer. Eles querem voltar para as suas vidas, porque eu não tenho nada para eles. Minha fala destrói suas ilusões...
*Transcrito de uma fala ocorrida em Setembro de 2016, no retiro em Tiruvannamalai, Índia.
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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Quando o sexo ocupa o lugar da totalidade

O sexo é um prazer como qualquer outro. Ele toma um valor muito grande quando, para esse ou para aquela, esse prazer representa uma verdadeira válvula de escape, ocupando o lugar dessa totalidade afetiva. E aqui totalidade afetiva é algo que só o Amor traz.
O ego transformou e tem transformado toda forma de prazer numa forma de preenchimento, para ocupar o lugar de outra coisa. Alguns são mais fixados em comer, outros são mais fixados em outros tipos de coisas, como: trabalhar, estudar ou sexo. Isso porque não há no ego essa coisa de ser íntegro, de ser completo, de ser total.
O sexo é uma energia muito sutil. Essa energia tem uma qualidade totalmente diferente, tem a qualidade da criação, a qualidade da manifestação da continuidade das espécies, da vida do planeta, mas isso termina ficando a serviço do ego quando é visto apenas como uma fonte de prazer para ocupar o lugar dessa afetividade total, dessa totalidade de Ser.
Então, nesse sentido, como uma fixação, é uma coisa bastante estúpida, algo a serviço da mente, algo a serviço do eu, uma bela prisão. Você precisa amar e esse amar só é possível quando há Amor, mas nesse Amor não tem “você” amando. Então, esse amar é o estar em contato com a vida sem ter qualquer forma de fixação e isso é Liberdade.
A mente egoica está sempre produzindo essa procura pelo preenchimento: no trabalho, na comida, no sexo ou na preguiça, que também é parte ainda desse ego, parte dessa falta de ser total. Esse ser total é Amor, é a única forma de amar. Quando isso não está presente, a mente substitui isso pela busca do prazer, no dormir, na preguiça, no comer, no sexo, em qualquer uma das coisas que ela conhece.
O fato é que se você continua assim para o resto dos seus dias, você jamais conhecerá o Amor, jamais conhecerá a Liberdade, a Felicidade. Porque isso sempre remete ao corpo, essas fixações estão sempre trazendo a mente para o corpo, sempre confirmando a ilusão de que você é uma entidade para experimentar – experimentar a preguiça, o trabalho, a comida, o sexo...
Você deve ter conhecido velhinhos e velhinhas que passaram a vida inteira nessas fixações e assim continuaram, ainda naquela idade. A mente delas só girava em torno dessas coisas. Isso significa estar localizado no tempo e no espaço como uma entidade presente no corpo, e você no corpo, como uma pessoa, está numa prisão.
Você não precisa de curso sobre sexualidade. Isso, no fundo, é o desejo da mente na busca de novas sensações, de novas experiências de prazer. Na realidade, a mente busca isso porque está em busca de comida, de nutrição, de alimentação, de novas sensações, de novas experiências, e isso só faz fortalecer ainda mais o experimentador.
Você não precisa de curso sobre sexo, você precisa descobrir que não é o corpo. Aí o sexo assume o lugar que ele tem que assumir, o comer assume o lugar que ele tem que assumir, o trabalho assume o lugar que ele tem que assumir e o momento de descanso ou de preguiça também assume o lugar que ele tem que assumir.
A mente tem inventado todo esse tipo de coisa porque isso é muito atraente. A mente adora a busca de prazer. Isso é muito excitante para mente egoica. Sabem por que a mente gosta muito disso? Porque ela localiza você no tempo e no espaço como sendo uma entidade presente no corpo. A mente sempre dirá, sem falar nada: "Eu estou aqui, eu sou o corpo". A mente sempre vai dizer que você está aí, que você é o corpo. Ela precisa dizer isso porque a vida dela consiste em ser alguém experimentando as sensações, as percepções, os sentimentos, o prazer. O outro lado disso é a dor, o medo. O medo da morte está em cima disso. Quanto mais sexual você é, mais medo da morte você tem.
Ser sexual é ser o corpo... “Eu sou o corpo”. Quando você está pleno em seu Ser, em sua Natureza Real, você está em sexo, você está em orgasmo, você está em Completude, em Presença... Você está em tudo, com tudo, e está livre de tudo, porque você não é o corpo.
*Transcrito de uma fala ocorrida em Agosto de 2016, num encontro presencial, na cidade de Fortaleza/CE.
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A ilusão de uma existência separada

É sempre um momento importante este encontro com Aquilo que somos. ISSO é Aquilo que permanece. A única realidade é essa Pura Inteligência, que é a Absoluta Realidade. A Verdade, a Pura Inteligência, a Realidade, não pode ser explicada, é algo inefável. É necessário você compreender ISSO de uma forma direta, por você mesmo.
No Zen-budismo, eles chamam Isso de “O Vazio”. Na Índia, eles chamam de Moksha, a Liberação. Na linguagem cristã, eles chamam isso de “O Reino dos Céus”. O fato é que estamos diante de algo inefável, inexplicável, que transcende a mente e o mundo; transcende o corpo, mente e mundo. É algo que está além de tudo o que você conhece. Isso é bastante intrigante, porque nós sempre, na mente, trabalhamos pelo conhecido. Tudo o que a mente conhece, aprecia, anseia, anela, deseja, busca, está dentro do conhecido. Aqui estamos tratando de algo desconhecido, fora da mente, portanto, fora da experiência do pensamento, aquilo que se mantém e se manterá sempre desconhecido, algo inatingível. Você não pode atingir ou alcançar Isso; não pode “chegar lá”.
Essa Absoluta Realidade, Pura Inteligência, Liberação, ou esse Reino dos Céus, ou essa Verdade, tem que vir até você, pois você não pode ir até Ela. Há algo além de tudo que você conhece, algo além do pensamento, de todo e qualquer sentimento, de toda e qualquer experiência que você possa ter. Você tem uma experiência e ela pode ser a mais maravilhosa de todas as experiências, mas logo depois a única coisa que você pode fazer é lembrar-se dessa experiência. Se você pode lembrar-se é porque ela já não está mais aí, e, se não está mais aí, ela não tem nenhuma prova de permanência, ainda não é real. Não tem a prova de permanência e, ainda, tem "você" presente para, através de palavras, usando palavras, descrever essa memória. Então, isso não é essa Absoluta Realidade, nem essa Pura Inteligência, da qual estamos falando.
Aquilo que pode ser experimentado ainda não é Isso. Esse Vazio, Moksha, essa Liberação, está presente quando a “pessoa” não está presente – Isto é Liberação. Todas as formas de experiências, tudo aquilo que pode ser experimentado e alcançado através de alguma forma de prática, pode ser perdido e, se aparece, pode desaparecer também. Portanto, todas as formas de meditação, afirmações, decretos, yoga, exercícios de respiração, asanas, posturas, concentração, etc., estão dentro dessa limitação da experiência, se a mente e o corpo estão nesse processo. Eu repito: ISSO não pode fazer parte de uma experiência.
A ideia é a ideia deste “eu”, o “eu que pensa”, o “eu que sente”, desse “eu que experimenta”. Não existe nenhum ”eu”. Você está simplesmente hipnotizado, acreditando ser “alguém”. Esse “eu” é a ideia de ser “alguém”, mas não há nenhum “eu”. Primeiro, interrogue: para quem esses pensamentos aparecem? São somente pensamentos. Para quem essas sensações estão ocorrendo? São somente sensações. Para quem esses sentimentos estão acontecendo? São somente sentimentos.
Se você permanecer firme, um dia ficará claro que nunca houve “alguém”, uma “pessoa”, aí... Você compreenderá, constatará, realizará que tudo é esta única Pura Inteligência, Absoluta Realidade. Tudo é essa única Realidade, é essa Pura Inteligência. Essa é a sua Natureza Real, a sua Natureza Verdadeira. Essa sua Natureza Verdadeira, Real, é Consciência, Ser, Beatitude, Felicidade, e isso está além das palavras, dos pensamentos, das experiências, dos sentimentos e das sensações. ISSO vem e assume o lugar que é Dele, e esse “sentido de alguém” entra em colapso, desaparece completamente. As palavras autorrealização, despertar, iluminação, são apenas palavras. ISSO significa, basicamente, não estar mais nesse "sonho", nessa hipnose, nessa ilusão comum, que é a ilusão de ter uma existência separada, de estar vivendo uma existência separada.
Você assiste às notícias na televisão e vê as coisas preocupantes que andam acontecendo ao redor do mundo, as coisas terríveis, amedrontadoras, assustadoras, o tremendo estardalhaço que fazemos em torno disso, e ficamos terrivelmente assustados. Vemos a crise política no país, a crise econômica... A palavra crise tomou conta de tudo, há crise em toda parte. Nós ficamos terrivelmente assustados, tentando encontrar, procurando, um lugar nesse mundo tão conflituoso e aflitivo, tão terrível e apavorante, onde possamos ter um pouco de tranquilidade, de paz, porque estamos com muito medo. De repente você "acorda" e compreende que isso está apenas parecendo ser assim para a mente que está assustada e está em seu "sonho"... E o seu "sonho" é o seu "pesadelo". De repente você "acorda" e, quando acorda, descobre que isso é só um "sonho", não está mais ali. Todo esse medo está presente quando a ilusão da separatividade, da separação, e a ideia de “ser alguém” estão presentes, porque, quando isso, essa ilusão, não está presente, tudo é Graça, é Amor, é Liberdade, é Consciência... Tudo está acontecendo ou parecendo acontecer nesta base, que é a base da Suprema Realidade, da Suprema Verdade, da Pura Inteligência, da Absoluta Realidade.
A mente conhece o "seu mundo", que está dentro do "seu sonho". Nesse "seu sonho" do "seu mundo", o bem e o mal, o sofrimento e o prazer, a alegria e a dor, o nascimento e a morte, a tristeza e a alegria, estão dentro dessa mente, como ela se vê, porque ela assim projeta. Isso tudo está dentro dela, dentro dessa experiência. A Realidade Absoluta, essa Inteligência, que é a Consciência, essa Presença que não faz parte desse "sonho", é o Divino, Deus em você, é a Verdade em você, e Isso está presente quando essa ilusão não está. Percebem isso? É puro condicionamento. Você está condicionado a ver através do pensamento. Confunde-se com a mente e vê o mundo através dela, mas a mente não é inteligente, ou não há inteligência na mente, não essa Inteligência Absoluta.
Essa Inteligência Absoluta é Consciência, é a sua Natureza Divina, que é não dual. Quando eu digo não dual, é que essa sua Natureza Divina não conhece separação... Não conhece o sonho e o sonhador, o pensamento e o pensador, o experimentador e a experiência, o sentimento e aquele que sente... Está além disso, completamente fora disso. Ela está nesse Silêncio, nessa Consciência, nesta Presença, nesta Real Alegria de Ser, nesta Beatitude.
*Transcrito de uma fala ocorrida em 31 de outubro de 2016, num encontro aberto online.
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domingo, 1 de janeiro de 2017

A chave para a Realização Divina

Não importa o modo como nos aproximamos dessa fala, o objetivo é sempre o mesmo: constatarmos essa Realidade. O Real significado desse pronome que todos nós sempre usamos, o pronome “eu”, qual é o real significado disso? Esse é o primeiro pronome que nós aprendemos quando criança, mas apesar de ser o primeiro que nós aprendemos, nós de fato não aprendemos qual é o real significado dele. Qual é o significado desse pronome “eu”? Quando você se refere a si mesmo, você diz “eu” ou “mim”, “eu mesmo” ou “isso é para mim”. Mas, qual é o significado desse pronome? Qual é o significado desse “eu”? Qual é o significado desse “mim”?
Não importa como estejamos abordando esse assunto nesses encontros. O assunto principal aqui é esse “eu”, esse “mim”. Quando criança, começamos a usar esse “eu”, esse “mim”; depois desse primeiro pronome, os outros aparecem. Nós passamos a vida toda usando, sem compreender o real significado desse “mim”, desse “eu”. Você nunca, ou quase nunca, tem um interesse real em compreender o significado desse “eu”, desse “mim”. Quando por exemplo um pensamento acontece aí, dificilmente você se pergunta: Para quem é esse pensamento? Para quem ele está acontecendo? Quando um sentimento acontece aí, você dificilmente se pergunta: o que representa esse sentimento em “mim”, neste “eu”? O que é esse sentimento para “mim”? O que é esse sentimento para “eu mesmo”? Qual é o significado disso?
Nós nos importamos com os pensamentos ou com os sentimentos, nos identificamos com eles, mas nunca nos perguntamos o que é esse “mim”, o que é esse “eu”? Para quem esses pensamentos ou esses sentimentos ocorrem? E aqui está a chave dessa liberação, dessa realização de Deus, dessa Realização Divina. Percebam “essa coisa” claramente! Então quando o sentimento aparece, você não se interroga; quando o pensamento aparece, você não se interroga, não faz a si mesmo essa pergunta.
Eu quero lhe recomendar a trabalhar isso. O trabalho de Ramana Maharshi era esse. Esse é o seu legado, isso é o que Ele deixou.
Quando os pensamentos vierem a você, simplesmente pergunte a si mesmo: “para quem são esses pensamentos? Quem é esse a quem esses pensamentos estão sendo dirigidos ou estão acontecendo?” Ou você faz isso, ou você formula a pergunta de uma outra forma, com o mesmo resultado: “De onde vêm esses pensamentos? Qual é a origem? De onde estão surgindo esses pensamentos, esses sentimentos?” Então, você tem a oportunidade de seguir um rastro, uma pista. É como uma pista que um detetive segue: uma pista leva a outra, que leva a outra… e ele vai tendo sinais para encontrar a origem do crime, a base desse crime, onde ele termina chegando ao criminoso. Ele começa a ligar as peças, as pistas. Você também seguirá uma pista. A pista é: “Para quem isso ocorre? Para mim! Esse pensamento/sentimento ocorre para mim. E o que é esse “eu” para quem esses pensamentos/sentimentos estão acontecendo?” Então você volta à Fonte, você encontra a origem dos pensamentos, a origem dos sentimentos! A origem só pode ser Aqui, nessa coisa que nós denominamos, colocamos um pronome para definir… “essa coisa chamada eu”.
O seu interesse não é mais no pensamento. Nenhum deles tem importância, todos eles têm a mesma qualidade... pensamentos bons, pensamentos ruins, aparentemente verdadeiros ou falsos, são somente pensamentos. O seu interesse agora está no “lugar” onde isso acontece, está na Fonte! Então, se você observa a partir da Fonte, o pensamento perde a importância, o sentimento perde a importância. Esse é o começo da investigação. Aqui, simultaneamente, você pega todas as pistas, todos os sinais. Onde o crime acontece e quem é o criminoso, quem é o culpado. Então você encontra a Fonte! Você seguiu toda essa linha: Quem sou eu? O que é essa Fonte? De onde isso vem?
A tristeza está aqui. Não importa o que pode ser dito sobre a tristeza, mas “para quem a tristeza está acontecendo? “onde a tristeza está acontecendo?”; não a história da tristeza, a história da tristeza é um volume muito grande de pensamentos. Você tem um sentimento… Você valoriza a história de um sentimento, seja um sentimento agradável, bom, feliz, ou um sentimento ruim, desagradável, infeliz. Há uma quantidade enorme de pensamentos para dar uma história para o sentimento, e eu estou lhe dizendo: abandone a história, não se importe com a história, porque quando você se importa com a história, você se afasta da Fonte! A Fonte é uma só, os sentimentos são diversos, eles são bons, ruins, positivos, negativos, tristes, alegres... A Fonte é uma só, mas os sentimentos são diferentes. A Fonte é uma só, mas os pensamentos sobre esses sentimentos são diferentes, ou os pensamentos sobre qualquer coisa são todos diferentes. Mas Fonte é uma só, então você retorna à Fonte.
Cada pensamento, cada sentimento, cada emoção, cada sensação está “linkada”, tem um link com a Fonte, mas não é a Fonte! Aparece na Fonte! Você aqui está interessado em descobrir ou voltar à Fonte. Descobrir isso é algo espantoso, extraordinário, estupendo, maravilhoso! Então, quando você volta à Fonte descobre que esse “eu” não existe! Quando você encontra o lugar do crime e encontra o criminoso, descobre que ambos desaparecem! Tanto o lugar do crime, quanto o criminoso. Tanto a história do crime que são os pensamentos, quanto o lugar do crime que é a ideia de uma entidade presente aqui e o criminoso que é esse sentido do “eu”, do “mim”. Tudo desaparece, tudo se dissolve nesta constatação. Então tudo termina! Os pensamentos terminam, a prisão ao sentimento termina, porque o prisioneiro terminou. Então a história do sentimento termina, a prisão do sentimento termina, e esse “eu” termina. Então você descobre que você não existe. Nunca existiu! Nunca teve alguém aí! Era só o sentimento, era só o pensamento, era só a sensação. Isso tinha uma valorização na ilusão de uma entidade presente. Isso já não é mais importante. Quando isso já não é mais importante o pensamento perde a importância, o sentimento perde a importância, a emoção ou a sensação... Você constata a sua Real Natureza, que é de absoluta Liberdade!
Eu não sei se vocês já ouviram algo tão claro, de uma forma tão direta! A ilusão do sentido de “alguém” é a ilusão de um espaço onde esse alguém se move, onde a sua história acontece, onde esse alguém tem um nome... Esse alguém é o “eu”, é o mim”. E tudo isso é uma tremenda ilusão, uma grande ilusão! Esse é todo o seu problema, todo o seu sofrimento. Eu fiz aqui uma síntese de toda miséria humana, nessas poucas palavras. Isso tudo que eu acabei de colocar para você é maya, a ilusão, a grade ilusão.
Você se confunde com o sentimento, acredita ser uma entidade que está nesse sentimento. Você acredita estar amando, por exemplo. Você acredita estar odiando, mas, na verdade, se você observar esse sentimento, vai descobrir que ele tem uma história, ele tem um lugar acontecendo, e que tem “alguém nisso”, que é esse “mim”, que é esse “eu”. Então, essas três coisas aparecem juntas: a história, o lugar e a suposta entidade presente nessa experiência. Essas três coisas configuram a ilusão de uma entidade presente nessa experiência, essa experiência de amar ou de odiar, ou gostar ou de não gostar – o que na verdade dá no mesmo, porque quando se fala de amar a partir do “eu”, a partir de um experimentador, isso também é mais uma experiência egoica! O amor não é pessoal. O Amor é Consciência. O Amor é a Presença. O Amor é a Verdade do Ser! E isso não é de uma pessoa para uma pessoa ou de uma pessoa para um objeto. Isso não tem uma história.
Eu sei que isso é desanimador, porque você ama certas coisas e não ama outras. Você ama certas pessoas e não ama outras. Ou seja, o seu amor esta atrelado a pensamentos, que são imagens, imagens de prazer. Se essas mesmas pessoas o maltratarem, logo você vai descobrir que esse amor vai mudar, que esse amor vai ter uma alteração, pode até acabar. As pessoas que você ama são uma projeção dessa ilusão, dessa “pessoa” que você acredita ser, no desejo de se preencher no prazer, nessa relação com mais um objeto animado, chamado “pessoa”. Porque você também tem um amor por coisas inanimadas, mas elas não te dão tanto prazer. Você também ama a sua casa, ama a sua sala, ama o seu sofá, mas você ama um pouco mais o seu cachorro, um pouco mais a sua namorada. Porque esses objetos animados lhe dão um pouco mais de prazer. Mas qualquer objeto animado que lhe dá um pouco mais de prazer, se começar a lhe provocar dor, você vai descobrir que não é amor o que você sente por eles, por elas; é só prazer, satisfação, preenchimento.
Quando seu objeto de prazer – que você chama de “alguém que você ama” – se afasta (ou porque o traiu, ou porque fugiu de você, ou porque morreu), aquele sentimento de amor desaparece e a dor assume... a dor da falta, da perda, da carência, da falta do outro. Isso é desejo, isso é prazer, isso não é amor! Eu sei que deve ser horrível ouvir isso. Que você não ama quem acredita amar, ou que esse “amar alguém” só pode ser algo no ego. O amor não é um verbo. Não pode haver “alguém” no Amor. O Amor não tem “alguém”. Nem aqui, nem aí. Nem do lado de cá, nem do outro lado.
Estão muito sérios! Me parecem preocupados ou decepcionados… afinal o que está havendo? Talvez no caso de vocês seja diferente… (risos)
Se querem descobrir a Realidade do Amor, precisam descobrir a Natureza do Ser, a Natureza da Consciência; precisam voltar à Fonte, precisam ir além do experimentador, que é a ilusão dessa pessoa presente na experiência do amar, ou de qualquer sentimento, ou de qualquer sensação ou de qualquer emoção.
Apenas a Consciência, a Presença, a sua Real Natureza, sabe o que é o Amor! E esse Amor está na ausência do sentido desse “eu” ilusório, desse “eu” buscando algo, ou tentando se livrar de algo, ou tentando substituir algo por outro algo, ou alguém por outro alguém. É necessário descobrir aquilo que você É! Sua Verdadeira Natureza!
A sua pergunta é: Então o amor é o vazio, o nada?
Não! O Amor é a totalidade da Consciência! E a Consciência em sua totalidade inclui tudo! Não é dizer que “a consciência ama tudo”, é dizer que a Consciência é essa Realidade presente em tudo, e isso é Amor! Quando a Consciência se expressa com essa Totalidade, isso é Beleza! Na Realização, que é essa constatação de sua Verdadeira natureza que é Consciência, tudo é Amor, tudo é Alegria, tudo é Ananda. A palavra Ananda é uma palavra indiana, para Felicidade. Quando essa totalidade da Consciência presente se expressa, se expressa como Amor, como Felicidade, como pura Alegria! Então aquilo que podemos chamar de Totalidade, é a ausência de separação, a ausência de distinções. Nesse sentido, aqui estão todas as aparições, tanto o som, quanto o silêncio; tanto o todo, quanto o vazio! Esse momento por exemplo, agora, aqui, em sua Real Natureza, você é Consciência, você é Amor, você é o Todo! Você é o Vazio, você é Tudo e você é Nada!
*Transcrito de uma fala ocorrida em 24 de Outubro de 2016, num encontro aberto online.
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