segunda-feira, 23 de junho de 2014

Não é possível alcançar aquilo que estamos buscando!

Sejam bem-vindos, sobretudo aqueles que estão conosco pela primeira vez, que bom estarmos juntos!

O Paltalk não substitui os encontros presenciais, mas nós temos aqui no Paltalk uma ferramenta, mais uma ferramenta que também nos facilita aquilo que eu tenho chamado de "estar focado nisso", pois passamos alguns minutos juntos nesse encontro.

Aqueles que têm estado conosco nos encontros presenciais sabem o que estou dizendo, que esses encontros aqui no Paltalk, de fato, não substituem os encontros presenciais.

Para alguns de vocês, são os primeiros contatos com este trabalho, para outros que já estão dentro deste trabalho, é uma oportunidade para se aprofundarem nisso, assim estamos nos abrindo mais e mais para este trabalho interno.

Este trabalho se processa num nível completamente diferente do conhecido e não pode ser descrito, pois só pode ser descrito aquilo que está dentro do conhecido. A Graça realiza um trabalho completamente desconhecido, algo fora da mente. Vamos à fala então, do encontro dessa noite.

O que nós precisamos, a princípio, é compreender juntos que não é possível alcançar Aquilo que estamos buscando, não é possível alcançar essa Libertação. Seu maior impedimento é a crença da pessoa presente nessa procura, de alguém capaz de realizar Isso.

Uma das primeiras coisas que debatemos e enfatizamos, e que assusta você quando chega nesse encontro chamado Satsang, é o fato de desconsiderarmos completamente essa ideia, que é a crença central que todos nós temos, carregamos: esse conceito de aqui estarmos, de estarmos presente, como uma entidade separada.

Assim sendo, a primeira coisa que precisamos compreender é que se você acredita que você é uma pessoa, nessa vida, nessa existência, nesse lugar, aqui nessa sala, por exemplo, que pode alcançar esta Libertação, então é exatamente essa crença, essa imaginação, esse conceito, esse pensamento que está impedindo a visão de sua Real Natureza.

Libertação é a Consciência de sua Verdadeira Natureza, daquilo que já está aqui presente, completo, perfeito, aquilo que não pode ser alterado, que é sempre presente.

Mas esse pensamento de alguém dentro do corpo, com um mundo fora do corpo, essa posição dual, separatista, isso é algo muito emocionante para a mente.

A mente alimenta isso constantemente, esse sentido de maravilhamento; isso lhe possibilita imaginar um universo dentro de outro universo, o microcosmo dentro do macrocosmo, o menor dentro do maior, e isso é algo bastante excitante para mente.

Essa possibilidade de investigar infinitamente o mundo externo, o mundo do lado de fora – é claro que tem sempre alguém nessa investigação e alguns chamam isso de "expansão da consciência", uma consciência que se expande infinitamente, uma possibilidade infinita de aprender, crescer, evoluir –, quando você se aproxima desses encontros, isso lhe é tirado, essa doce e extraordinária crença lhe é tirada. Aqui nós dizemos que você não existe. Só há esta Única Presença, que não é você, você como esse sentido de pessoa, de individualidade, de separatividade. Assim, a primeira coisa que precisa cair, desaparecer, é essa ilusão, a ilusão de estar presente, sendo alguém.

Este é o final deste jogo, não há nada fora de si mesmo. Esse "si mesmo" é só uma crença, tudo está no lugar, não há do que se libertar, porque nada está do lado de fora para ser mudado, alterado. Aquilo que consideramos a dor do sofrimento, a dor da miséria, a dor do conflito, do medo, nada mais é do que um pensamento, um pensamento que se mantém como um crença, que se sustenta nesse sentido de uma identidade presente.

Quando dizemos, por exemplo, "estou sofrendo", é um pensamento. Pode ser um pensamento poderoso, o sentido de forte identidade daquele que sofre, então a mente se agarra a isso, e ela mantém isso, esse sentido de autoimportância, e assim o sentido de separação se mantém.

Isso é uma tremenda ilusão, o ego é uma ilusão, este "mim", esta "pessoa", é uma ilusão. Não adianta falarmos de libertação para a pessoa – a pessoa jamais será livre. Não adianta falar de libertação para "mim". Este "mim", este "eu", jamais será livre.

Enquanto existir esse sentido do "mim", do "eu", da "pessoa", enquanto permanecer a ideia de alguém presente, que diz "estou sofrendo, preciso me livrar desse meu sofrimento", essa é a ideia de alcançar algo, alcançar a liberação, mas se você quer a Verdade, precisa ficar com aquilo que é como é, como se mostra, como se apresenta. Ou seja, não há alguém nessa coisa, não há alguém na decisão, na escolha, nesse encontro de solução de continuidade da dor, de sofrimento, da miséria, do medo.

A mente projeta uma liberdade. Para a mente, a liberdade é a ausência do sofrimento, enquanto a Real Liberdade não é a ausência de coisa alguma, é apenas o fim da ilusão do sentido de separatividade, é apenas o fim da ilusão de alguém presente em alguma experiência. Quando isso termina, o experimentador termina, e a experiência não tem mais importância. O sofrimento adquire importância com a presença do sofredor, o medo adquire importância com a presença do medroso.

Estamos dizendo que só há Liberdade na ausência dessa suposta entidade. É a Liberdade para ser o que é, é a Liberdade de ser nada, ou a Liberdade de não ser nada – não há qualquer diferença, quando não há o sentido de um experimentador dentro dessa coisa.

Na verdade, nós estamos tentando acabar com o sofrimento, o sofrimento no mundo. Para nós, identificados com a mente, tudo está do lado de fora, o problema está do lado de fora, o problema é o outro, o problema está no mundo, e assim queremos acabar com a dor, com o sofrimento, com a miséria, com a fome. O que não percebemos é que há sempre presente aí uma ideia central, a ideia de "alguém" que pode fazer isso, e esse "alguém" está profundamente incomodado com isso – na verdade, esse "alguém" mantém isso tudo.

É sempre o sentido de alguém presente vendo um mundo do lado de fora, defeituoso, conflituoso, problemático, difícil. Se essa ilusão cai, se esse sentido de uma identidade presente aí cai, não há mais o dentro e o fora, não há mais nenhum mundo para ser alterado, mudado, transformado. O problema não é o mundo, o problema é o sentido de um "eu" na experiência de um mundo, experenciando o mundo, sendo o experimentador do mundo, ou seja, o problema somos nós mesmos, este "eu mesmo", este "si mesmo"...

Sem esse sentido de separatividade, sem o sentido do "eu", do ego, do "mim", da pessoa, a vida é o que é. O Ser é isso. Não é ser alguém experimentando algo, é só o experimentar sem alguém: isso é Ser, isto é Liberação, isto é Libertação, ou Despertar, ou Realização de Deus – o nome que você queira dar para isso. É o fim da busca, porque é o fim daquele que busca. Você não pode realizar isso, mas pode se render, se entregar, desistir, parar de se movimentar, então a Graça pode realizar isso. Eu chamo isso de "estar focado", que é estar nessa entrega à Graça, à Presença, ao Ser.

Quando meu Guru me encontrou, ficou muito claro isso aqui: não precisava mais buscar alguma coisa do lado de fora, não precisava mais continuar procurando Deus. Eu fui criado numa família onde todos buscavam a Deus, queriam ter um encontro com Deus, me ensinaram isso. A crença comum ali era de que Deus podia ser encontrado, e quando Ramana apareceu, apareceu dizendo no silêncio: "Eu te encontrei".

Na realidade, é Deus que vem, é a Verdade que vem, é a Verdade que te encontra. É sempre a Verdade que faz o trabalho todo, você apenas relaxa, se entrega, se rende, de todo coração se entrega a essa Graça. No meu caso, eu me entreguei ao meu Mestre, com uma profunda confiança, e tudo começou a cair. Você não precisa do que você acredita que precisa, você só precisa do que de fato você precisa e não é você que sabe o que isso significa, somente Ele sabe, somente Deus sabe, somente essa Presença sabe. Esta Presença está além desse "você", com seus conceitos, teorias, crenças e desejos.

Participante: Quando se acaba essa sensação de separatividade e a ilusão cai, sente-se o quê?

Marcos Gualberto: Quem sabe? Quem fica para saber? Quem fica para responder? Eu diria que a única coisa que se sente é a Graça. Graça é a única coisa que a Graça sente. Sem o sentido de separação, sem o sentido de separatividade, só há Graça, não há alguém. Tudo é o que é. Tudo isso é Graça, sua Natureza Real é Amor, Paz, Liberdade, Felicidade. Não tem alguém sentindo isso, é o que fica; Amor é o que sempre esteve presente, é o que permanece; Paz é o que sempre esteve presente, é o que permanece; Liberdade é o que sempre este presente, permanece; Felicidade é o que sempre esteve presente, permanece.

Sem o sentido de separação, não há mais sofrimento, não há mais conflito, não há mais medo. O que fica é o que sempre esteve presente: Deus.

Vamos ficar por aqui?

Namastê!

*Transcrição de uma fala ocorrida em 23 de junho de 2014, num encontro aberto online. Para informações sobre os nossos encontros, clique aqui.

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