quinta-feira, 2 de maio de 2024

Como lidar com pensamentos? O conflito da dualidade. Advaita: a Não Dualidade. O que é o pensamento?

A pergunta é: “Como lidar com os pensamentos?” Veja, estamos diante de uma pergunta muito importante. Nós não podemos subestimar uma pergunta como essa. E por que não? Porque na nossa vida, se você olhar de perto, você vai ver que o pensamento está em tudo.

Nós vivemos no pensamento, vivemos pelo pensamento. É ele que dirige nossa fala, é ele que dirige nossas ações, é ele que dirige todo comportamento nas relações, é ele que dirige boa parte do nosso sentir. Então, o nosso pensar, e isso envolve esse modelo de pensamento – pelo menos o pensamento como nós temos acesso, como nós conhecemos –, está direcionando nossas vidas.

Então nossas ações precisam ser compreendidas. Não compreendemos o que são nossas ações. Os nossos sentimentos precisam ser compreendidos. Nossas emoções, o nosso modo de sentir, de falar com ele ou ela, de nos relacionarmos, tudo isso envolve pensamentos. Nós queremos descobrir com você aqui o que significa esse pensar.

Como lidar com os pensamentos representa o que é o pensar, o que é o sentir, e que é o viver. Se isso não fica claro para você, o sofrimento está presente, a desordem está presente, a confusão está presente, a desorientação está presente, as ações conflituosas estão presentes. E tudo isso está presente porque psicologicamente há sofrimento, há desordem, há confusão, existe a ausência da Inteligência; e tudo isso em razão da não compreensão de como a mente funciona, de como o pensamento funciona. Ou seja, nós não sabemos lidar com o pensamento.

Não sabemos lidar com o pensamento porque não compreendemos que há em nós o sentido de “alguém” presente no pensamento. Esse “alguém” é a ideia que fazemos de um pensador, de um fazedor, de um realizador de coisas, de “alguém” presente sentindo, de “alguém” presente emocionado, de “alguém” presente na relação.

A não compreensão do que é o pensamento é a não compreensão do movimento do “eu”, que é pensamento. Então, vamos aqui fazer logo uma outra pergunta para investigar essa primeira. Além da “O que é o pensar?”, que envolve esse lidar com o pensamento, nós temos que fazer a própria pergunta sobre o que é o pensamento.

Primeiro temos que compreender o que é o pensamento para compreensão do que é o pensador. Por que isso é fundamental? Porque sem isso nós estamos alienados da Verdade deste Ser. Nós usamos muito a expressão “eu” e temos só a imaginação de um Ser. Observe como é curioso, nós usamos a expressão “eu”, o pronome eu, e temos a imaginação de Ser. A Verdade é outra. A única Realidade é Ser, e esse “eu” é que é a imaginação.

A Realidade presente na relação com o outro é a relação de Ser, não existe esse “eu” presente na relação. Esse “eu” é a imaginação. A não compreensão de que esse “eu” é a imaginação é a confusão de uma identidade que é o pensador pensando seus pensamentos, tendo seus sentimentos, suas emoções, suas sensações e suas relações.

A Verdade d’Aquilo que nós somos é a Realidade d’Aquilo que é Deus. A Realidade de Deus é a Realidade de Ser. Essa é a Realidade de cada um de nós, mas a imaginação do “eu” é a imaginação do pensador, do experimentador, do observador, daquele que sente e daquele que faz, e a nossa vida está situada exatamente nesse nível, porque não há o Despertar da Verdade.

Se a Verdade Desperta, se a Verdade Floresce, temos a ciência da Real Consciência, da verdadeira Consciência, que é Ser. Então, notem o que estamos colocando: nós temos uma consciência comum a todos, é a consciência da mente, é a consciência na mente, é a consciência do “eu”. Essa é a consciência egoica, é a consciência da “pessoa”.

Observe todo o estado caótico, psicológico em que nós nos encontramos. Isto está presente porque não estamos vivendo a Verdade de Ser e, sim, a ilusão do pensador, a ilusão do experimentador, a ilusão desse “mim”. É aqui que está esse estado caótico desse movimento de pensamento descontrolado, inquieto, desordenado. É por isso que fazemos a pergunta “Como lidar com o pensamento?”, porque já percebemos que o pensamento cria muita confusão, cria muita desordem. E isso é simples: é porque ele é a base que orienta a vida desse centro que é o “eu”, o ego.

Esse centro, que é o “eu”, se vê separado do outro, se vê separado da Vida, se vê separado como sendo o autor das ações, se vê separado da fala como sendo aquele que está falando, separado do ouvir sendo aquele que está ouvindo. Tudo isso consiste de uma ilusão, a ilusão do pensador presente. Mas o que é esse pensador? Esse pensador é o próprio pensamento. Você quer controlar o pensamento, mas você é o pensador.

Então, o próprio pensamento se separa como sendo o pensador para gerenciar, para alterar, mudar, controlar o pensamento. Não sabemos lidar com o pensamento porque não sabemos lidar com esse centro que é o “eu”. Não estamos cientes de que esse “eu” que quer lidar com o pensamento é o próprio pensamento, é ele que se separa como sendo o pensador.

Não sabemos lidar com nossas emoções, não percebemos que essas emoções é algo que acontece nesse corpo-mente, mas não tem um centro para essas emoções. Esse centro é o próprio pensamento que cria um centro ilusório, que é o “eu”, que quer lidar com as emoções.

É assim que nós temos funcionado. E por que funcionamos dessa forma? Porque nós não conhecemos a Verdade sobre nós mesmos, não estudamos o movimento do “eu”, que é o pensador, que é aquele que se separa e diz estar sentindo, e diz que está emocionado, e diz que está pensando, e diz que está fazendo as coisas.

Eu sei que isso pode parecer estranho para você a princípio, mas se você olhar de perto, investigar, você vai perceber essa dualidade, esse “eu” sendo o pensador, se separando do pensamento que tem, esse “eu” sendo aquele que sente, se separando do sentimento que sente. Essa separação é que sustenta o conflito do qual queremos nos livrar pelo controle.

Então, quando nós perguntamos como lidar com o pensamento é porque nós acreditamos que somos o responsável pelo pensamento, o senhor do pensamento e, portanto, o que pode controlar e gerenciar o pensamento. Qual é a verdade sobre isso? A verdade sobre isso é que nós somos apenas um movimento de reação de memória. Essa reação de memória é o próprio pensamento.

Quando você escuta alguma coisa, quando você vê alguma coisa, quando entra em contato com uma experiência, é o corpo, a mente, o cérebro entrando em contato com esse som, com aquilo que está ali aparecendo ou com essa experiência. Não tem “alguém” sendo o “eu” nesse contato. O que temos é uma resposta do cérebro que, de imediato, reage, ou depois de algum tempo, de alguns segundos reage àquela experiência. A sensação ilusória de uma identidade reagindo é uma imaginação.

Quando um pensamento surge, porque um estímulo visual surgiu, então um pensamento surge, um estímulo auditivo surgiu, então um pensamento surge ou um sentimento surge, e quando isso aparece, já por uma condição de condicionamento cerebral, condicionamento humano, de cultura, existe a ilusão de “alguém” dentro dessa experiência – um pensamento, um sentimento, uma emoção –, enquanto que, na verdade, o que estamos tendo é uma reação do próprio cérebro, da própria máquina a esse instante, a esse momento presente em razão de um estímulo.

Não existe esse pensador, não existe esse que está sentindo, não existe esse que está emocionado. Há uma resposta de condicionamento cerebral e, também, de corpo e de mente, mas não existe esse “eu” presente. Isso pode ser constatado quando há Autoconhecimento.

Perceber a inexistência do “eu”, a inexistência do ego, a inexistência do centro, tomar ciência de que um pensamento é só um pensamento, uma emoção é só uma emoção, uma sensação é só uma sensação. Se isso é percebido, como não há separação, o conflito desaparece, o problema desaparece, o sofrimento desaparece.

Percebam a beleza disso! O pensamento está presente, carregado com uma ideia de um pensador por detrás dele. Se o pensamento é agradável, esse pensador quer sustentar esse pensamento; se é desagradável, esse pensador quer se livrar desse pensamento. Quando há esse movimento, nós temos a dualidade e, portanto, o conflito, o problema. Queremos lidar com o pensamento, mas quem é esse que vai lidar com o pensamento?

Então percebam claramente isso: o pensador é o pensamento, a emoção é aquele que está se separando como o elemento que é o “eu”, que se diz emocionado. Essa dualidade é um jogo. É o jogo do “mim”, do “eu”, do ego para se sustentar; ele cria esse movimento, ele sustenta esse movimento, ele tem a prática desse movimento. Aqui o convite é aprender a olhar para o pensamento sem colocar o pensador, olhar para o sentimento ou para a emoção.

Então como lidar com o pensamento? Tomando ciência de que não há nenhum pensador, é somente um pensamento. Todo o nosso treinamento cultural, de história humana foi sempre pelo esforço para lidar com o pensamento, ou a emoção, ou o sentimento, ou a ação. Então, estamos sempre sustentando a ideia do “eu”, do “mim”, do ego, para acolher, aceitar aquilo, para se agarrar àquela experiência ou para rejeitar aquela experiência.

Então, não sabemos lidar com o pensamento, porque temos o “eu”, o “mim” querendo fazer isso. Tomar ciência do pensamento, da emoção, da sensação, da experiência sem o pensador é a forma real de lidar com o que está aqui, neste instante, neste momento presente. Isso termina com o conflito, isso termina com o problema, porque isso termina com essa dualidade.

Esse modelo de separação, de dualidade é o que sustenta todo o problema do ser humano, todo o sofrimento para o ser humano, toda essa confusão para o ser humano e toda essa ilusão de poder controlar o pensamento, sendo ele o controlador.

Quando percebemos esse jogo de dualidade, ficamos livre da dualidade, isso é o fim para essa dualidade. Na Índia eles chamam de Advaita, a Não dualidade, a Não separação, esse Estado de Ser onde Você está vivendo a plenitude da Consciência, livre do “eu” E quando Isso está presente, não existem problemas com os pensamentos, porque não existe a ilusão do pensador, e se não há essa ilusão do pensador, esse pensamento psicológico desaparece.

Então podemos lidar com o pensamento no viver. Precisamos do pensamento em alguns níveis. Podemos lidar com o pensamento, precisamos do pensamento de uma certa forma. O seu endereço, o seu nome, a habilidade de lidar com o trabalho técnico, funcional, isso requer a presença do pensamento. Nesse nível ele se faz necessário, ele está presente, mas, agora, sem o centro, que é o “eu”, o ego, o “mim”.

Então nós ficamos livres desse modelo de pensamento psicológico, que é o pensamento que sustenta em nós a inveja, o medo, o ciúme, a ansiedade, a angústia, a depressão, o sentimento de tédio, de solidão, de conflito e de todos os problemas a partir desse centro, que é o “eu”, o ego, o pensador.

Março de 2024
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terça-feira, 30 de abril de 2024

Despertar Espiritual | Uma vida livre deste ego | Advaita: a Não Dualidade | Advaita

O que tenho notado é que as pessoas têm uma certa dificuldade de acompanhar um texto como esse. Isso ocorre porque nós já temos um padrão, uma fórmula, uma maneira específica de pensar a respeito dos assuntos, e esta maneira é com assertivas de palavras, com assertivas de crenças, com conclusões já preestabelecidas.

Observe, o assunto que tratamos aqui envolve o fim para toda a confusão, toda a desordem, todo o sofrimento humano. Estamos trabalhando com você a Realização do seu Ser, a Realização Divina, a Realização de Deus – alguns chamam isso de o Despertar da Consciência ou o Despertar Espiritual.

Aqui estamos tratando com você do fim para esse centro, que é o “eu”. Então, o que é esse “eu”? O que é esse centro? Quando você olha para uma roda, você sabe que ela tem um centro. Tem o centro da roda e têm os raios, a parte externa, a periferia. Então nós temos o centro e temos a periferia. Visualizando uma roda de bicicleta, você tem o centro, os raios e o aro.

O sentido de “alguém” presente aqui neste instante é exatamente a ideia desse centro. Em torno desse centro nós temos o raio, nós temos as experiências da vida e temos o aro, que é a própria vida. Então é assim que nós concebemos, idealizamos nossa vida humana, a partir de um centro.

Esse centro é o “eu”, é o ego, é a “pessoa”. Em torno dessa “pessoa” a vida está acontecendo – ao menos é assim que nós acreditamos. É assim que, portanto, estamos vivendo. Nós não podemos dizer que isso não é real. O que podemos dizer é que isso precisa ser investigado, porque a base da realidade disso, da verdade disso é que nisso consiste toda a confusão, todo o sofrimento, toda a desordem em nossas vidas. Então, isso é aquilo que se mostra, é aquilo que é nesse instante nossa vida – a vida dessa “pessoa”, a vida desse “mim”, a vida desse “eu”.

O que nós estamos vendo aqui juntos é a importância de termos uma aproximação para ver que isso que nós chamamos de “vida” ou “minha vida”, dentro desse desenho onde temos um centro em torno do qual a vida acontece, é algo que nós precisamos descartar, porque não tem qualquer verdade quando temos presente a Realidade Divina, quando temos presente a Realidade de Deus.

Então, veja: estamos lidando com o que é, com aquilo que se mostra sendo, com aquilo que parece ser. Isto é a verdade desse “eu”, onde temos essa particular vida. Mas existirá alguma outra coisa além disso? E é isso que estamos dizendo. Sim, certamente existe algo além disso, que é a verdadeira Vida Divina, que é a verdadeira Vida de Deus, não é a vida particular desse “eu”, desse centro, desse ego.

Então, como podemos ter uma aproximação disso? Aprendendo a olhar. Eu tenho dito que há uma diferença entre ver e olhar. Quando você vê algo, você sabe aquilo que está ali a partir de um conhecimento que você tem, que você traz. Quando você olha para uma pessoa, você sabe quem ela é. Esse saber quem ela é, esse conhecimento que você tem quando vê algo ou quando vê alguém se fundamenta em experiências passadas que você teve com ele ou com ela. Então, quando você está diante dele ou dela, você a vê. Uma coisa é ver, outra coisa é estar diante desse olhar.

Aqui nós precisamos descobrir uma vida onde haja um espaço completamente livre desse centro e dessa periferia. Então a Vida Divina, a Vida do seu Ser, a Vida de Deus, a vida possível para você é a Vida onde não existe mais esse centro e, portanto, não existe mais essa periferia. Como podemos nos aproximar desta Vida? Aprendendo a olhar.

Esse olhar é possível quando não existe esse centro que olha, que observa, que percebe. Quando não existe esse centro, não temos mais esse ver. Percebam a beleza disso. É possível reconhecer o rosto da pessoa, mas, ao mesmo tempo, não termos dela um conhecimento, uma experiência, uma memória que se assenta no passado, porque não temos esse centro.

Percebam a diferença. Olhar é completamente diferente de ver. Você está nesse “olhar”, nesse viver, nesse contato com o “outro” sem a separação, porque esse centro, que é o “eu”, o observador, aquele que traz do passado todas as experiências das quais viveu com ele ou ela, não está mais presente.

Aqui eu me refiro a essas experiências psicológicas. Você teve momentos agradáveis e desagradáveis, momentos que você teve prazer e, também, sofrimento com aquela pessoa, e isto deu uma formação para você. Essa formação é a formação desse centro; esse centro é o ego, é o “eu”.

Será possível uma vida livre desse centro, desse ego, uma vida completamente livre dessa relação com o “outro” com base em todas as experiências passadas? Nossas relações com as pessoas são relações de amor e ódio, de gostar e não gostar, de prazer e dor, confortáveis e desconfortáveis. Isso ocorre em razão desse ego, desse centro.

Enquanto houver esse centro, haverá essa periferia, haverá esse modo de aproximação onde aquilo que está se mostrando ali, que está sendo visto, em razão deste centro, está sendo avaliado, julgado, aceito, rejeitado. Então nossas relações humanas são relações conflituosas, porque existe essa separação, e esta separação está presente porque não há esse espaço.

Estamos aqui com você aprofundando isso. Olhar sem a imagem que eu faço sobre quem você é. A imagem que tenho sobre quem você é é uma ideia, uma conclusão, algo que vem de todas as experiências passadas nessa relação com você. Assim, nós não estamos nunca diante do novo, do inusitado, do desconhecido.

Uma vida livre de contradição é uma vida livre de sofrimento. Isso está presente quando não há mais essa separação, essa divisão, quando não há mais esse centro, quando o espaço é um espaço livre do “eu”, do ego. Então, todo o espaço presente na relação é um espaço pleno de um perfume novo, que é o perfume do Amor, da Compreensão, da Inteligência.

A questão aqui é: como podemos nos aproximar disso? Como se torna possível uma aproximação disso nesta vida? Descobrindo a Verdade sobre quem nós somos, quando nos tornamos cientes, quando nos tornamos conscientes de todo esse movimento, que é o movimento do “eu”, do ego, o que dá formação a esse centro e como desmontar essa mecânica.

“Se você me elogia, eu gosto de você”, “se você me aplaude, eu gosto de você”, “se você me reconhece, eu gosto de você”, mas “se você me critica, condena minha fala, rejeita minhas ideias, é contra as minhas opiniões, eu não gosto de você”. A mecânica desse centro, que é o “eu”, o ego, é estruturada exatamente assim. A formação desse centro, desse ego, é essa formação.

Estamos sempre guardando imagens das pessoas com quem nos relacionamos, portanto, estamos vivendo sempre, invariavelmente, no passado. Ao entrar em contato com você, eu vejo você, eu enxergo você a partir desse fundo, desse gostar e não gostar. Então nós temos esse mecanismo de formação de imagens nas relações. Essas imagens dão forma a esse centro.

Esse contato com você não é um contato livre do centro, é um contato preso a esse padrão de imagens. Então, a mente está presa na dualidade. Se a mente está presa na dualidade, o cérebro está preso nesse padrão de dualidade, ele está preso ao conflito, ele está preso a essas distorções que o pensamento produz. O que é esse pensamento? A memória.

Assim, quando digo que “eu amo você”, o que estou dizendo é que nesse momento me sinto confortável com a sua presença porque você acalenta, conforta, anima, aplaude, reconhece, aceita o meu ego, e vice-versa, então “você me ama e eu te amo”.

Observe, não existe nenhum espaço entre esse centro e essa periferia, esse “eu” e esse não “eu”. Não há espaço. Não esse espaço que é o Perfume da Graça, o Perfume do Amor, o Perfume da Inteligência. Há só esse espaço da contradição, da desconfiança, do medo, da desordem. Então nós temos aqui muito claramente porque o ser humano, porque nós em nossas relações não estamos em paz.

As pessoas perguntam: “Como encontrar a paz interior?” Não é possível haver paz enquanto esse espaço for o espaço da dualidade, da separatividade, desse “eu” e não “eu”. Então estamos propondo aqui para você rompermos com tudo isso para uma vida livre do ego e, portanto, onde há um espaço, mas sem o centro, há um espaço sem esse “eu” e o não “eu”.

A vida, repare, é de relação. Não podemos ter uma vida sem relações. Então o outro está presente, mas psicologicamente, internamente, dentro de nós mesmos nós não temos a imagem, porque não temos esse centro. Então o seu contato com a vida, o seu contato com as situações, o seu contato com os acontecimentos, o seu contato com o “outro”, o seu contato com você mesmo está acontecendo sem esse “mim”. Então, é apenas um olhar.

Tomar ciência desse corpo-mente sem uma identidade egoica, pessoal presente dentro dele, esse é o Real contato consigo mesmo, onde não existe esse “mim”. Tomar ciência de um pensamento surgindo, de uma emoção, de uma sensação, de uma percepção sem colocar esse “centro” tendo esse pensamento, sentimento, emoção, percepção, tendo isso como algo separado, vendo esse “eu” como a identidade que pode controlar, monitorar, gostar, não gostar dessa sensação, desse pensamento.

Notem, isso é o fim dessa dualidade, é o fim desse sentido de separação, é o fim dessa dualidade egoica, desse sentido de dualidade. Na Índia isso é reconhecido como Advaita, a Não separação, o fim do ego aqui e agora. Uma vida livre desse centro é uma vida livre do experimentador que forma imagens, que adquire imagens e que vive nesta base.

Março de 2024
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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Amor, Autoconhecimento e Real Meditação | Confusão, desordem, sofrimento | Ego é conflito

Vídeo no trello: Ter (09/04) Amor autoconhecimento e real meditação, confusão desordem sofrimento, ego é conflito

Texto revisado:

A pergunta é: “Onde está o amor?” Observe que nossas perguntas sempre pressupõem a presença, necessariamente, do tempo para se alcançar algo, para se obter algo, para chegar em algum lugar. A ideia central é a presença da necessidade imperiosa do tempo.

Outra pergunta é: “Como encontrar o verdadeiro amor?” Para nós é algo para ser alcançado, porque, olhando de perto, nossas vidas são cansativas, aborrecidas, tediosas, carregadas de contradições, de decepções. Então a questão do amor, por exemplo, é uma coisa que é vista desta forma.

Ao passarmos por experiências na relação afetiva, sentimental, emocional com pessoas, a crença comum é que estamos diante de experiências que podem nos facultar, nos dar, tornar disponível para nós a presença do amor, porque para nós o amor é encontrado ou encontrável dentro de relações com pessoas.

Qual será a verdade do Amor? O que é Real Amor? O que é o encontro com o verdadeiro Amor? Será um encontro com uma relação que traga para “mim” uma satisfação e um preenchimento que seja completo, algo do tipo eterno? Repare que muitas histórias terminam exatamente assim: “... e viveram felizes para sempre”.

Quando temos uma aproximação com alguém, acreditamos que esse “alguém” pode nos dar o que buscamos. Vamos investigar isso aqui juntos com você. Será que “alguém” pode nos dar o que nós buscamos? Será que esta outra pessoa também não está procurando o que nós também estamos procurando? Nós esperamos que ela possa nos dar, mas ela também espera que nós possamos dar a ela. Então o que ocorre nesse encontro, quando duas pessoas carentes se encontram?

A verdade das nossas vidas centradas no “eu”, no ego é que são vidas de carência. No “eu”, no ego, estamos carentes da Paz, da Liberdade, da Felicidade, da Completude e do Amor. Nesse sentido do “eu”, do ego não sabemos o que é Paz, Liberdade, Felicidade e Amor. Tudo o que temos feito é projetar uma ideia do que isso representa, e nos colocarmos em busca disso, à procura disso, e fazermos perguntas desse tipo: “Onde encontrar o amor? Como encontrar o amor verdadeiro?”

No pensamento nós temos uma “pessoa” para um dia ser encontrada, e podemos, sim, ter um contato com “alguém” especial. Especial para quem? Para “mim”, porque ela me preenche, porque ela me satisfaz, porque ela me dá algo – mas nunca a Completude de Ser. A verdade é que ninguém pode lhe dar essa Completude de Ser, isso porque, basicamente, o seu “eu”, o seu ego é, por estrutura e natureza, insuficiência, conflito, contradição e sofrimento.

Assim, nós queremos algo que possa nos completar, mas nós somos o elemento da incompletude, da desordem, da ausência do amor. Assim, a verdadeira resposta para esse encontro com o Amor – com o verdadeiro Amor – está aqui, em nós mesmos.

Tomar ciência desse “eu”, se tornar cônscio do próprio movimento do ego, perceber como ele se movimenta construindo para si mesmo um mundo de confusão, desordem, sofrimento, insatisfação e carência. Uma vez que você se torne ciente de que você é o problema, que o sentido do “eu”, do ego é a incompletude, então se torna possível um trabalho em si mesmo, e esse trabalho é o trabalho do esvaziamento desse “eu”.

Então temos que tocar aqui com você na importância da morte. Não dessa morte física que todos nós conhecemos, estamos falando de um contato com essa morte no sentido psicológico. Morrer para suas satisfações, para suas realizações, para os seus prazeres; morrer para essa busca de preenchimento externo em objetos, em ideias, ideologias, crenças e, principalmente, nessa realização e preenchimento externo em pessoas.

Nesse sentido, temos que nos aproximar dessa questão de deixar, psicologicamente, que essa morte ocorra, a morte da ilusão dessa projeção, dessa idealização. Percebam isso! O contato com a Verdade do Amor é que o Amor está presente agora, aqui.

Nós não temos a ausência do Amor, nós temos a inconsciência da Verdade do Amor, porque estamos nessa consciência do “eu”, do ego. A consciência do “eu”, do ego, essa consciência egoica, essa, assim chamada, “consciência humana”, envolvida em seus projetos, em suas ideias, em suas crenças, em seus sonhos, em suas imaginações, isso é inconsciência. O que nós temos chamado de consciência é, na verdade, inconsciência.

Toda consciência que o ser humano tem é a inconsciência. Assim, essa consciência do “eu”, essa consciência da “pessoa” é inconsciência. Nós não estamos cônscios, cientes de nós mesmos. Tomar ciência dessa inconsciência que é o “eu” é possível quando existe esse contato com o fim do “eu”, dessa condição psicológica de ser “alguém”. Então se torna possível o contato com a Verdade do Amor agora e aqui.

Uma vez que haja essa Liberdade de Ser, que é Amor, na Vida, neste instante, neste encontro será a presença do Amor. Então não existe essa ausência do Amor, o que existe é essa inconsciência da Verdade do Amor. Toda essa projeção de futuro é o que nós temos feito. No ego estamos projetando esse alcançar, esse obter, esse realizar, e nesse ínterim continuamos sem o Amor, sem a Felicidade, sem a Liberdade.

O contato com a Verdade do Amor é o contato com uma relação onde o Amor agora está presente. Não se trata da busca do Amor lá, se trata da constatação do Amor aqui. Em que momento este Amor se Revela? No momento em que você começa a olhar para aquilo que não é agora, aqui, o Amor. Veja, não podemos identificar o que é o Amor, porque quem estaria fazendo isso? O ego. Quais seriam os critérios que o ego teria para identificar a presença do Amor ou a ausência do Amor? O pensamento.

Esse “eu”, esse ego vive no pensamento, vive pelo pensamento. E pensamento, que é conhecimento, é só experiência passada. Experiência passada, que é conhecimento, que é pensamento, só identifica aquilo que ela reconhece, e o que ela reconhece ainda é parte dela mesma, é parte do reconhecível, é parte do tempo, ainda é parte do pensamento. O Amor não é algo que está no pensamento, não é algo que está no tempo, não é algo reconhecível portanto, porque é algo que está fora do descritível, do nominável.

O Amor não carrega pensamento com ele. Observem o que estamos dizendo para você. Eu sei que isso é a quebra de um modelo de pensamento tão comum a todos nós, mas completamente falso, de que você pode pensar na “pessoa amada”. O que você pode ter da “pessoa amada” é uma imagem, é uma lembrança, é uma recordação, mas esta “pessoa amada” é só uma imagem, é só uma lembrança, é só uma recordação. Não há Amor nisso. Repare como é falso tudo isso.

Há milênios o ser humano vem acreditando que o amor é possível na companhia do pensamento, e aqui estamos vendo que pensamento é passado, é memória, é imagem. Isso não tem nada a ver com o Amor. O Amor não requer lembrança, recordação, não tem nada a ver com imagem. O desejo tem a ver com a imagem, prazer tem a ver com a imagem, e isso é recordação, isso é lembrança, isso é memória, no entanto, o Amor não é isso.

O Amor é Algo desconhecido, é Algo que está presente agora, mas que não carrega o passado. Observe, você tem neste instante a presença do Amor com ele, com ela, com uma dada situação; lá está a presença do Amor.

No contato com a natureza, no contato com um pequeno animalzinho de estimação, no contato com uma pessoa, no contato consigo mesma, consigo mesmo, quando o pensamento não está é possível um momento de Silêncio, de Alegria, de Presença indescritível, que podemos chamar de Amor, mas isso não deixa “memória”, não deixa registro.

O registro que se tira dessa experiência é zero. O que temos depois desse momento ocorrido é apenas uma projeção do pensamento imaginando aquilo que ocorreu, mas essa projeção é só uma imaginação, é só uma formação de imagem. Não há Amor no pensamento. O Amor é agora e aqui, quando o “eu”, o ego não está.

Podemos ter uma vida em Amor na relação com o outro. Isso significa que você está livre do passado. Então, esse é o contato com a Verdade, também, da morte. Então, a Verdade da Revelação do Amor é a Verdade da relação da morte. Qual é a Verdade da Revelação da morte, dessa psicológica morte do “eu”? É a Verdade da Revelação do Amor.

Quando o “eu” está presente, não há amor. Quando o “eu” não está presente, o Amor está. Quando o passado não está presente, que é o “eu”, que é o ego, não há memória, não há lembrança, o Amor está. Então, onde encontrar o Amor? Aqui, quando o “eu” não está. Qual é a Verdade do Amor? É a presença da Realidade do seu Ser, desta Realidade de Divina.

Seu Ser é a Verdade de Deus, isso é Amor, então você está em contato com ele, com ela em Amor. A cada momento o Amor está presente nesse contato, porque não há mais esse “eu”. Veja, você não está carregando o passado, você não carrega imagem dele ou dela, de momentos felizes e agradáveis. Você está neste instante em um momento feliz e agradável em Amor, sem o “eu”, sem o passado. Compreendam a beleza disso. Isso está presente e é algo possível em uma vida livre do ego.

Então, todo o nosso trabalho aqui consiste em descobrirmos essa Vida, essa qualidade de Vida onde o “eu”, o ego não está, onde existe essa Completude de Ser, que é Amor. Então, quando há Amor, Ele está presente em nossas relações como um perfume. Esse perfume é o perfume da ciência de Ser Verdadeira Consciência, que é Meditação.

Então como se torna possível a Presença do Amor? Autoconhecimento e a Revelação da Real Meditação de uma forma vivencial. Aqui trabalhamos muito isso com você, sinalizando o que é a Verdade do Autoconhecimento e da Real Meditação de uma forma vivencial, de uma forma prática.

Quando há este perfume da Verdade da Meditação, que é possível quando há Autoconhecimento – e agora acabamos de perceber: o Autoconhecimento é possível quando há o descarte dessa ilusória identidade que é o “eu”, o ego, que representa a morte do passado, a morte do conhecido, a morte do experimentador com suas experiências, com suas memórias, lembranças e imagens –, então temos a Presença da Verdade de Deus, que é a Verdade do Amor.

Março de 2024
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terça-feira, 23 de abril de 2024

A Real Consciência e Kundalini | Como despertar a Kundalini? | O que é o Despertar da Kundalini?

As pessoas perguntam o que é Kundalini, o que é o Despertar da Kundalini. Veja, é importante que nos aproximemos disso de uma forma um tanto diferente do que, em geral, nós temos feito. As pessoas estão à procura desse assunto e a ideia delas é que nesse contato com essa coisa tão conhecida chamada Kundalini, irão adquirir algo especial.

Portanto, a ideia central nessa procura desse assunto é porque o ser humano está em busca de uma experiência. A verdade é que as nossas vidas são muito rotineiras, muito habituais e nós estamos em busca de algo que possa preencher, tomar o lugar dessa condição em que nós nos encontramos.

A procura de uma experiência mais profunda para as suas vidas faz com que elas se envolvam nessa procura pela busca de uma espiritualidade ou de uma espiritualização para elas mesmas, e parte dessa procura está dentro também, incluindo outras coisas, essa busca de saber e experimentar essa coisa chamada Kundalini.

Mas o que é Kundalini? Será isso? Kundalini é uma outra palavra para Presença, Consciência. Kundalini significa uma energia disponível em cada um de nós, fora dessa, assim chamada, “consciência” que nós conhecemos. Então a presença dessa Energia, que é a Energia Divina, quando Ela floresce, quando Ela desponta, quando Ela Desperta, nós temos a presença da Verdade da Real Consciência em nós, que é Kundalini.

Assim, Kundalini é sinônimo de Presença, é sinônimo de Consciência, é sinônimo de Energia, de Inteligência, de Liberdade, de Ser. Portanto, isso é Kundalini. Então Kundalini é a Presença do seu Ser, desta própria Real Consciência em nós. Quando Ela se expressa, aquilo que está presente é uma Energia, que é a Energia Divina, que é a Energia de Deus.

Kundalini não tem nada a ver com uma experiência. Primeiro temos que compreender o que é uma experiência. Uma experiência é algo pelo qual você passa e depois se recorda, depois se lembra. Então, quando você tem a lembrança de algo pelo qual você passou, isso é uma experiência. Mas é algo que já ficou no passado.

As pessoas perguntam: “Minha Kundalini despertou, o que eu faço agora?” Então olha a noção equivocada que nós temos a respeito dessa questão da Kundalini. As pessoas acreditam ter uma Kundalini. Como pessoas, nós temos a ideia de que podemos passar por experiências, e uma dessas experiências é a presença dessa “minha Kundalini”, então falamos: “minha Kundalini despertou”.

A Verdade da Consciência, que é esta Real Consciência da qual tratamos aqui com você, que é Real Kundalini, não é pessoal, não é uma experiência para uma pessoa. É exatamente a presença da Verdade da Consciência a ausência desse “eu”, desse ego, dessa pessoa.

Quando esta Energia floresce, temos a presença da Graça, a presença do Amor, a presença da Liberdade, e isso não é pessoal, isso não é particular, isso não é para “alguém”. Vamos compreender melhor isso aqui. Esse corpo-mente precisa passar por uma mudança, por uma transformação, porque nós estamos vivendo uma vida dentro de um modelo de condicionamento psicológico, de condicionamento de sentimento, de emoção, de pensamento.

A vida no “eu”, no ego, é uma vida programada dentro de um modelo de ações reativas, pensamentos reativos, sentimentos reativos, e tudo isso em razão de experiências passadas. Então, ao passarmos por experiências, nós adquirimos essas experiências, nós as conservamos, e elas se expressam a partir desse centro particular, pessoal, individual, que é o “eu”, o ego.

A expressão desse condicionamento é algo que vem do passado, assim, a condição da pessoa é a condição de uma identidade que está presa ao tempo. Esse tempo é o passado se apresentando nesse momento e caminhando para o futuro. A pessoa, o sentido de “alguém” presente é um condicionamento psicológico.

Aquilo que nós chamamos de mente humana, de mente egoica, é essa consciência do “eu”. O contato com a Verdade do seu Ser, com sua Realidade Divina é o Despertar dessa Energia de pura Presença, que é a Kundalini. Então, quando Isso chega, Algo novo está presente. Esse Algo não é reconhecível ou identificável pelo pensamento.

Observe que todo pensamento em você é algo que vem do passado. O pensamento é aquilo em nós que identifica qualquer experiência acrescentando algo a mais naquilo que acontece aqui, nessa experiência, e transformando essa experiência em algo que é parte dele também.

Tudo que o pensamento faz é reconhecer a experiência e torná-la parte dele mesmo. A condição de modelo de pensamento é sempre de reconhecimento. E aqui, quando tratamos da Vida nesse momento, livre desse centro que é o “eu”, o ego, não há reconhecimento, portanto, não há pensamento.

Então a Verdade da Kundalini, a Verdade da Consciência, a Verdade do seu Ser é a Vida aqui e agora, sem o sentido de uma pessoa presente, que está vindo do passado, que está indo para o futuro. Então Kundalini é a resposta, como sendo esta Real Consciência, para essa questão, que é a questão do ego. A Verdade disso é o fim para o ego.

Assim, qualquer coisa que as pessoas estejam dizendo a respeito dessa, assim conhecida, Kundalini é algo ainda dentro de uma imaginação, dentro de uma ilusão, porque Kundalini não é reconhecível, não é algo que se conhece. Como o seu próprio Ser, como sua própria Presença Divina não é identificável pelo pensamento. Assim, a Realidade d’Aquilo que é Você é o Desconhecido, porque essa é a Realidade de Deus.

Notem como é simples isso. Esse momento agora não é reconhecível, ele está fora da identificação do pensamento, ele está fora do reconhecimento do pensamento, ele está fora do que o pensamento pode explicar, deduzir, concluir, nomear, esse é um instante novo. A Vida sempre é nova, a Vida é isso que está aqui, neste instante, agora.

O que o ego tem feito diante desse momento presente é dar uma interpretação, uma avaliação, fazer comparações, fazer julgamentos a partir do passado, a partir de suas experiências pregressas. Então, na verdade, o sentido do “eu”, do ego, que é a pessoa presente, é uma fraude, é uma ilusão. É isso que explica todo o conflito que temos com a vida como ela é. Temos a vida como ela é neste instante e temos o pensamento como ele pretende ser, como ele idealiza ser, como ele busca ser, como ele acredita ser este momento, este instante, então há conflito.

Então, todo sofrimento em nossas vidas está presente porque não estamos vivendo a Verdade d’Aquilo que somos, que é esta Verdade que não está no tempo, que não está no conhecido, que não vem do passado. Esse contato com a Verdade Divina, esse contato com a Verdade de Deus é o fim do “eu”, é o fim do ego, é o fim do passado.

Assim, a pergunta é: “Como despertar a Kundalini?” Reparem o equívoco dessa pergunta, porque ela já se baseia num princípio equivocado de que Kundalini é algo que podemos lidar com isso, que podemos tornar isso possível, viável e, portanto, podemos controlar, de que há um caminho, há uma forma, há uma fórmula, há uma técnica para esse Despertar. Isso é completamente falso, porque o Despertar da Kundalini é a Revelação da ausência do “eu”, da ausência do ego e, portanto, da ausência de qualquer técnica, fórmula.

Uma técnica, uma fórmula, isso é algo que vem do conhecido, é algo que vem do passado, é um caminho, é um modelo para se chegar a alguma coisa; essa “alguma coisa” é a Kundalini. Então é como se Kundalini estivesse no futuro e através de uma técnica, que é um conhecimento que adquirimos – e se adquirimos é algo que vem do passado –, pudéssemos encontrar a Kundalini, ter uma experiência.

Agora, notem: não é uma experiência. Uma experiência é aquilo pelo qual você passa e é registrado. Kundalini é aquilo que é Consciência agora, aqui, e isso se Revela quando o “eu”, o ego, que é o passado, não está mais presente.

Então a forma Real de uma aproximação do Despertar da Kundalini é ter a compreensão do movimento em nós do passado. Trazer Atenção para esse momento, se tornar ciente do movimento do “eu”, do ego, que é o passado, que é todo esse movimento do conhecido em nós, é Autoconhecimento. Assim, a forma da aproximação da Verdade da Revelação do seu Ser está no descarte desse ego, que é o passado. Isso requer a presença do Autoconhecimento.

Observar o movimento do “eu”, o movimento do ego, esse modelo que vem do passado, que neste instante presente está em conflito com a Vida se revelando, àquilo que aqui está, tomar ciência desse sentido do “eu e a Vida”, que é separação, tomar ciência dessa dualidade, desse “eu”, que é o “mim”, o ego, e o não “eu”, que é a Vida, com o que quer que ela esteja se mostrando aqui, se apresentando aqui, tomar ciência disso é Autoconhecimento. Esta é a forma de nos aproximarmos dessa Atenção. Essa Atenção sobre o movimento do “eu”, que é Autoconhecimento, é o descarte dessa condição do passado.

Assim nos deparamos com a morte desse sentido de identidade egoica. Essa é uma questão fundamental para investigarmos também, a importância da morte desse contato psicológico, com o fim do sentido do “eu”, do ego, desse “mim”. Então neste momento, Algo novo surge nessa Atenção. Então temos essa Energia se tornando disponível.

Primeiro estávamos desperdiçando toda essa Energia nesse centro falso, nesse ego, nesse movimento de pensamento, sentimento, emoção, modo de perceber com base no passado, sempre neste instante com a Vida se mostrando; estávamos sempre lidando com o momento presente com base no centro falso, nesse ego. No entanto, agora temos essa Energia disponível de Atenção sobre esse movimento, que é o movimento do ego. Esta Energia disponível é a Energia da Consciência Real, que é a Energia da Kundalini. Então neste momento temos o instante da Meditação, porque há Autoconhecimento.

Essa Energia se torna disponível para uma mudança psicofísica nesse cérebro, nesse mecanismo, nesse organismo, então nesse corpo-mente ocorre uma mudança. O Despertar da Kundalini é quando essa Energia toma esse corpo e essa mente, realizando uma mudança no corpo, no cérebro, nas células cerebrais. Então Aquilo que está presente agora é Algo desconhecido, é Algo inominável, é a Beleza da Meditação.

Nós podemos passar por tudo na vida, adquirir qualquer coisa na vida, realizar qualquer coisa na vida, mas sem a Realização da Beleza de Ser – que é essa Real Consciência, que é esse Florescer do seu Estado Natural, que também é chamado de Kundalini –, sem a Realização de Deus continuamos na mesma e velha condição de uma egoidentidade, dentro de uma ilusão e, portanto, vivendo uma vida em contradição, em sofrimento, carregada de medo, de toda forma de confusão e desordem psicológica, porque nos falta o fim para esse condicionamento, para esse condicionamento egoico, para esse condicionamento psicológico.

Então a Beleza desse contato com a Verdade Divina é o Florescer do Amor. Assim, a presença da Verdade do seu Ser é a presença do Amor. Onde encontrar o Amor? Aqui, neste instante. Aqui está a presença do Amor quando a Verdade do seu Ser, que é a Consciência, Floresce.

Março de 2024
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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Condicionamento psicológico | O que é o pensamento? | Vida livre da consciência egoica

Eu quero trabalhar com você a questão da ideia central em nós da individualidade. Nós carregamos a ideia dessa consciência individual. Então eu gostaria de colocar para vocês aqui a ciência desta Verdade, a Verdade da ilusão a respeito dessa individual consciência.

Nós temos predileções, temos escolhas, temos gostos e desgostos de ordem individual, de ordem particular, de ordem pessoal, assim como temos também pensamentos bastantes pessoais, particulares, e nós confundimos isso com o sentido de uma individualidade presente. Assim, nós temos uma ilusão: a ilusão dessa consciência individual. Nós não investigamos a natureza da consciência em nós, não investigamos a natureza desse modo de pensar, de sentir e agir na vida, e assim nós acreditamos nessa individual consciência.

Então, qual será a verdade: a consciência coletiva ou a consciência individual? Essa consciência individual é apenas uma ideia, um conceito, uma crença que temos, porque o que prevalece é essa consciência coletiva. Então, essas particulares escolhas nascem de um condicionamento.

Essa, assim chamada, “consciência em nós” é a consciência do “eu”, é a consciência particular de uma identidade que se vê presente dentro da experiência, na vida, fazendo escolhas. Mas isso não determina nenhuma individualidade presente, e sim, a ilusão de uma individualidade. Essa é a consciência do “eu”, essa é a consciência egoica.

Então eu gostaria de explorar isso aqui com você. Seria bastante interessante se nós pudéssemos juntos acompanhar isso que estamos trabalhando aqui. Observe o seu modo de sentir e de pensar e você irá descobrir. O nosso modo particular de sentir e pensar, na verdade, é de um fundo de história humana, de condicionamento humano, de ideia de humanidade.

Nós temos, em razão de nossa criação, “escolhas”, ideias sobre as coisas, conceitos, opiniões, julgamentos e avaliações. A verdade sobre a nossa “vida” nessa condição de identidade do “eu” é que você tem um nome próprio, você tem uma casa própria, você tem um carro próprio, você tem uma família própria, e isso nos dá a sensação ilusória da presença de uma individualidade.

O que temos aqui são particulares coisas para uma particular pessoa, mas nunca investigamos a verdade desta “pessoa”. Nunca nos aproximamos para descobrir qual é o significado dela, o que é essa pessoa, o que ela representa, o que ela, de verdade, é, qual é a verdade de ser alguém. Então o nosso movimento na vida é sempre o movimento particular desta pessoa.

Observe dentro de você todo esse movimento de pensamento e você irá observar que são pensamentos que ocorrem em você, e que ocorrem em todos. Com exceção desses particulares pensamentos ligados a objetos particulares, o nosso modo de pensar é o modo de pensar coletivo. Nossas crenças são as crenças que nós recebemos da nossa cultura, da nossa sociedade, do nosso mundo, da nossa história de família.

Assim, esses pensamentos, sejam eles religiosos, políticos ou sociais, são pensamentos, sim, coletivos. Não existe um modo específico de pensar que seja livre. Nenhum pensamento em nós é livre, e não é livre simplesmente porque todo pensamento tem uma origem; e nós vamos investigar com você isso aqui o que é em nós esse movimento do pensar, então teremos uma dica do que a pessoa representa.

O que é esse modo de pensar em nós? Todo o pensamento em você é algo que vem da memória, assim sendo, é algo que vem do passado, e ele é algo que se repete da mesmíssima forma para todos. Não há qualquer pensamento que seja, de verdade, livre, porque todo pensamento é memória, é algo que vem do passado.

Assim, o pensamento é só uma recordação de uma experiência que se foi, de uma experiência que passou. Então, o que é o pensamento, para descobrir o que é esse pensar em nós? Pensamentos são lembranças. Ao passar por experiências, você guardou essas experiências dentro de si mesmo como lembranças.

Essas lembranças se apresentam nesse momento como pensamentos. Esses pensamentos não são livres, porque nascem dessa memória, dessa experiência passada. Ou seja, o pensamento já nasce agora, aqui, como algo que vem do passado, portanto, algo que não tem vida nesse momento. Assim, não é livre.

A vida que o pensamento recebe nesse momento é a vida da ilusão do pensador, desse experimentador – não é a Real Vida. Repare que nossas ações nascem do pensamento, então elas são respostas neste momento, dadas a este momento pelo passado, ou seja, não são respostas livres, porque nascem de uma experiência que já foi.

Observe sua relação com as pessoas: não há liberdade nessa relação, porque sua relação com ele ou ela é uma relação que se assenta na memória, na lembrança, no passado, no pensamento, recebe vida em razão da ilusão da presença desse pensador. Então, é isso que nós chamamos de pensar.

Nossas relações são relações que se baseiam em quadros, em lembranças, em imagens. Não há liberdade nesse momento na relação, porque o pensamento não é livre. Essas pessoas do seu relacionamento estão em contato com você neste momento tendo de você uma resposta que vem do passado, e vice-versa.

Assim, nossas relações são relações sem liberdade; elas não estão ocorrendo com a Liberdade porque estão ocorrendo dentro da prisão do modelo já do pensamento. É o pensamento que nos diz quem a outra pessoa é. O que é esse pensamento? Um conceito que vem do passado. Nós não sabemos quem é a outra pessoa.

Reparem como é fascinante descobrir isso, observar isso, perceber isso em si mesmo, nesse contato com o outro. Nós convivemos com alguém já há dez anos, há vinte anos. Aquele “alguém” nunca é o mesmo, estamos sempre com uma nova lembrança, um novo quadro, uma nova imagem daquela pessoa quando a encontramos. Mas essa nova imagem, esse novo quadro, essa nova lembrança é algo que vem do passado. Assim, esse nosso contato nunca é um contato novo, é um contato com o passado.

Nós temos a ilusão de que sabemos quem o outro é, e ele tem a ilusão de que também nos conhece. Nós temos dele, sim, o nome, que também é uma memória, o formato do rosto, que também é uma memória, um modelo de comportamento que conhecemos nele ou nela, mas isso tudo vem da memória. Assim são nossas relações.

Então, nossas relações se assentam no passado. Na verdade, toda a nossa vida se assenta no passado, e esse passado é o passado coletivo, é o formato como a consciência coletiva funciona, como essa, assim chamada, “consciência humana” funciona.

Haverá uma qualidade de vida possível nesse momento que esteja livre desse modelo de pensamento? Porque esse modelo de pensamento é a forma de condicionamento, de programação, de formato de pensar que nós conhecemos. Então essa é a condição de pensamento psicológico, de condicionamento psicológico, de movimento cerebral em nós condicionado, de comportamento em nossas relações. Nossas relações com as pessoas são assim; mas observe, nossa relação com nós mesmos é assim.

O que você tem sobre você é um conjunto de imagens, lembranças, quadros. A história da pessoa é isso. Então, o que é a pessoa? É esse conjunto de lembranças que ela tem dela mesmo. Então, nossa relação com o mundo é uma relação de projeção de pensamentos, de conclusões, crenças, opiniões, ideias, posicionamentos. Incluído nisso, nós temos nossas crenças religiosas, espirituais, filosóficas e políticas. Será possível uma vida nesse instante livre desse modelo de consciência humana, de consciência egoica e, portanto, de consciência coletiva, de repetição do passado?

A inveja, o ciúme, o medo, a raiva, toda essa interna confusão que produz em nós sofrimento, aflições, contradições, observe que tudo isso é algo que vem desse movimento, que é o movimento dessa consciência coletiva. Esse é o modelo já programado de cultura, de sociedade e de mundo presente em nós.

Será possível um esvaziamento desse modelo de consciência coletiva para a constatação da Real Presença de Ser Verdadeira Consciência? Então, esta Verdadeira Consciência não é particular, não é pessoal, não é humana, não é coletiva, é a Consciência da Realidade, da Realidade deste Ser que somos.

Esse trabalho aqui nosso consiste na descoberta da constatação da ilusão que trazemos. A ciência dessa ilusão pela auto-observação, tomar ciência do movimento do pensamento em nós, perceber como esse pensamento funciona, como esse jogo de imagens que vêm do passado estão acontecendo, estão funcionando em nossas relações, tomar ciência desse jogo, tomar ciência desse movimento de inconsciência presente em nós, perceber isso, ter a clareza disso é algo Real dentro de uma visão de aproximação do Autoconhecimento.

Olhar para esse movimento de pensamento, sentimento, sensações, percepções, o modo como vejo esse ou aquele, como me relaciono com ele ou ela, como me relaciono comigo mesmo, com esse senso desse “eu”, tomar ciência disso e perceber que estamos diante de um jogo de imagens, de formulações mentais, isso é ter uma aproximação do Autoconhecimento. Percebam, há uma forma de nos aproximarmos disso, e a forma única desta aproximação é trazendo Atenção para esse instante.

Trazer Atenção para este momento é tomar ciência de como nós funcionamos. Perceber que todo esse movimento é o movimento já de repetição, de condicionamento, de movimento do passado, de pensamento onde nele não há esta Liberdade. Olhar para isso, apenas olhar, tomar ciência disso. Não é fazer algo com o que você vê nesse instante, mas apenas se tornar ciente, cônscio de si mesmo aqui, neste momento, na relação com o outro, na relação consigo mesmo, na relação com a vida.

Esse estudar a nós mesmos é aquilo que temos de mais importante na vida. Então temos uma aproximação do nosso Ser, da Revelação d’Aquilo em nós que é indizível, indescritível, que está além daquilo que o pensamento, que o movimento, que é esse movimento de pensamento, jamais pode ter qualquer aproximação disso, uma vez que todo esse pensamento é só memória, e memória é algo que já foi. Estamos diante de algo novo nesse contato com a Realidade d’Aquilo que somos.

Então a vida se revela como um experimentar deste momento, sem esse passado. A vida se mostra neste momento como algo único que está sendo, neste momento, a própria Vida se revelando, sem esse “centro” ilusório que é o “eu”, o ego, que é essa ilusória consciência individual, e que também é o fim para essa consciência coletiva.

É a Consciência deste Ser, desta Liberdade, d’Aquilo que é inominável, indescritível, que é a Verdade deste Ser que somos. A aproximação da Meditação, da arte de Ser é a arte desta Consciência Real de Ser. Então temos aqui algo importantíssimo, que é a aproximação da Verdade da Meditação juntamente com o Autoconhecimento.

Março de 2024
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